Kendra mal havia chegado próxima a cidade e já estava completamente alterada. Ela voava desengonçadamente, o que fazia com que ficasse batendo em árvores e postes, e sussurrava consigo mesma.
— Eu preciso… de um plano! Vou matar aquele vampiro! — Ela dizia rindo, enquanto dava mais um gole na bebida. — Mas a Morgana… vai ficar triste…
Quando chegou na cidade, ela se direcionou para o lado oposto ao que deveria ir. Indo na direção de um apartamento em um pequeno prédio.
Kendra foi na direção de uma pequena sacada e se jogou nela, batendo no vidro da porta que dava entrada a ela. No quarto, um garoto sonolento levantava confuso indo até sua sala, com seu filhote o seguindo. Arthur abriu as cortinas, se assustando quando encontrou a mestiça jogada em sua sacada.
— Ooi Art! — Kendra dizia puxando as vogais — Eu não lembro onde é a minha casa, hehe.
— O quê? — Ele abriu a porta. — Kendra você tá bêbada?!
— Eu posso ter bebido… um pouquinho só. Juro que foi pouco! Olha aqui a garrafa!
Ela levantou a garrafa pra cima, faltava apenas alguns goles para ela se esvaziar.
— Caramba… — Arthur coçou a cabeça. — Vem pra dentro, vem Kendra…
O garoto tentava puxar Kendra para dentro, mas suas asas bloqueavam a passagem e não a deixavam entrar.
— Eu preciso que você encolha suas asas, por favor.
— Só se você me chamar de princesa! Ninguém nunca me chamou disso, parece ser legal.
— Tá bom, será que a princesa pode encolher as asas? — Arthur disse rindo.
— Ai! Não me chama mais assim! Fica muito boiola!
Arthur riu enquanto Kendra escondia suas asas. A mestiça era totalmente ao contrário quando estava bêbada.
— Arthur, eu não devia ter voltado pra lá. — Ela dizia com um olhar chateado no rosto. — Mas pelo menos, eu estraguei uma bolsa feiosa da Angeline! Haha! Bem feito, sua maldita!
Kendra se sentou direito no chão e começou a acariciar e agarrar Batata, o filhote que antes, se mantinha afastado com medo. Arthur fechou a porta, se sentando ao lado da garota em seguida.
— O que aconteceu lá?
— O de sempre, humilhação e essas coisas.
— Não devia ter dito pra você ir.
— Ah, não se culpe. Mais cedo ou mais tarde essas merdas iam acontecer comigo...
Kendra sentiu um forte enjôo, como um soco em seu estômago e colocou tudo pra fora. O vomito se espalhou pelo chão e sujou sua calça. Só não acertou o cachorro porque ele havia visto um de seus brinquedos e foi atrás dele.
— Ah, droga… Kendra, vai tomar um banho enquanto eu limpo isso daqui…
— Desculpa, Art…
— Não, não. Tá de boa, Kendra. Você não tá legal agora, eu já passei por isso, fica tranquila.
Kendra se direcionou ao banheiro com sua mochila nas costas e foi tomar banho enquanto Arthur pegava um balde e um pano para limpar a sujeira.
Alguns minutos depois, Kendra saiu do banheiro vestindo um pijama baby doll preto, bem larguinho, que estava em sua mochila. Ela andou até o quarto e deitou na cama de Arthur, olhando para o teto. Depois de limpar o vômito, o garoto se juntou a ela.
— Que legal, temos nossa própria festa do pijama! — Ela pegou a coberta e cobriu os dois. — Você já fez alguma?
— Já participei de várias com a Misha e com o Kenan. A gente assistia um filme ou fazia alguma receita ou até contávamos histórias um pro outro.
— Parece ser divertido. Me conta uma história?
— Quer mesmo que eu conte?
— Aham, uma bem legal.
Arthur deu uma risada, era divertido ver Kendra sorrindo e brincando, coisas que ela não fazia nunca. Ela parecia uma criancinha feliz.
— Tá bom, vou contar a história do patinho feio.
Perto de um lago, havia uma patinha que estava chocando seus ovos. Ela estava muito feliz por poder ser uma mamãe.
Logo os filhotinhos começaram a nascer, mas apenas um ovo não se partiu. O maior deles. Depois de um tempinho, esse ovo chocou e um pato muito diferente dos outros nasceu.Kendra ouvia a história com muita atenção, gostando de ouvir a voz de Arthur.
— Por ser diferente, todos criticavam o pequeno patinho, por isso o chamavam de patinho feio.
— Isso é muito tristinho.
— É verdade, ninguém merece isso. Vou continuar, ok?
A garota apenas acenou com a cabeça.
— Depois de tanto ser criticado, o patinho viu que aquele não era seu lugar. Então ele deu adeus a sua mamãe e foi embora.
Então, patinho encontrou um grande lago com aves muito bonitas. Quando ele foi em direção ao lago e viu o próprio reflexo na água, ele se assustou ao ver que era igual aquelas aves. O patinho na verdade era um belo cisne e ele ficou muito feliz com isso.— Eu gostei dessa história…
— Eu sei, Kendra. — Arthur apagou as luzes — Na verdade, você é como esse patinho. Você só não encontrou um lugar ideal.
— Não, eu achei sim.
— Achou?
— Sim e é isso que eu não entendo. — Ela se virou no lado oposto a Arthur. — Não entendo porque esse lugar tem que ser ao seu lado. Não sei, eu me sinto tão bem perto de você... Acho que eu tenho um pouco medo disso.
— Medo de quê?
— Medo de estragar a sua vida, assim como eu faço com todos a minha volta… — Ela sussurrou.
Kendra dormiu ao dizer isso. Arthur olhou para a direção onde a garota dormia tranquilamente, ele pegou seu celular e o acendeu para ver as horas. Já eram duas da manhã, tudo havia ficado silencioso.
— Durma bem, pequeno cisne.
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Oi gente. Então, eu decidi que vou atualizar os capítulos dessa história toda sexta, mas se não for sexta deve ser no sábado. Espero que tenham gostado do capítulo. 💖
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Caminhos Cruzados
FantasyTudo o que Kendra queria era ter uma vida normal, mas o destino pode, muitas vezes, brincar conosco. Filha de um grande vampiro e de uma jovem humana, ela nasce sendo uma mestiça. Considerada pelos outros vampiros como impura. Kendra teve uma vida d...