Depois de tanto insistir, Arthur foi junto com Kendra para o velório de Morgana. Quando chegaram na grande capela, encontraram-se com os vampiros, lobisomens e afins. O local estava lotado, isso por Morgana ser uma pessoa muito respeitada e amada. Assim que notaram Kendra, logo começaram a reprimi-la.
— Por que ela está aqui? Morgana se foi, ela não precisa mais estar nos mesmos lugares que nós!
— É desrespeitoso que uma mestiça perambule entre nós de raça pura!
" Apenas calem a boca! " — A voz de Kendra ecoava em sua própria mente. "A única coisa que vocês sabem fazer é abrir suas bocas para falarem merda! "
Art passava despercebido por eles, quase como se não existisse. Ele vestia uma blusa social preta e uma calça jeans escura, enquanto Kendra usava uma calça preta, um pouco mais justa do que as de seu habitual e um casaco xadrez por cima de uma blusa preta. Adentrando-se na capela, o padre conversava com um vampiro, era notório o medo em seu olhar. No meio do altar, um grande caixão branco guardava o corpo de Morgana, junto com dezenas de rosas tão vermelhas quanto uma gota de sangue. Os vampiros que estavam próximos a eles, se afastaram ao reconhecer a mestiça.
Ela caminhou até o caixão, olhando o rosto de Morgana. Kendra queria ao máximo, acreditar que ela estava apenas dormindo e que iria se levantar rindo e dizendo " É apenas uma brincadeira, haha! ". Mas ela não o fez, permanecia com os olhos fechados, em seu descanso profundo.
— Morgana... — A voz de Kendra estava tremula, com sua mão ela alisava os cabelos brancos da mulher. — Você prometeu não me deixar... Sempre disse que era feio dizer uma coisa e não cumprir. Então... por que você simplesmente não levanta?
Os olhos da garota estavam inundados, ela os limpou rapidamente. Kendra prometeu a si mesma, a anos atrás, que nunca mais choraria então simplesmente deixava toda aquela mágoa e raiva dentro de si, a corrompendo por inteiro.
— Kendra... — Arthur segurou seu braço, delicadamente.
— Ela mentiu, Arthur.... Mentiu para mim... mentiu como todos os outros... Eu... Eu...
Arthur a abraçou com força, escondendo o rosto nos cabelos de Kendra.
— Eu só quero... que ela esteja aqui comigo... Não vou conseguir viver sem ela...
— Kendra... — Arthur não sabia muito bem o que dizer. — Eu vou estar aqui, com você. Não vou substitui-la, não que seja possível, mas eu vou estar com você...
Eles se separaram, o garoto acariciou levemente o rosto da mestiça, que se virou novamente para a avó. Abaixando-se, ela deu um beijo na testa gelada de Morgana, despedindo-se dela.
— Obrigada vovó.... Obrigada por me amar mesmo eu sendo... eu.
Kendra começou a se afastar, Arthur, acenou a cabeça, em sinal de reverencia para Morgana.
— Eu tomarei conta dela. Pode descansar tranquila.
Dizendo isso, ele se afastou e foi para o lado de fora com Kendra. Depois de alguns minutos, Phillip finalmente apareceu. Ele parecia mais abatido que o normal, mas ninguém parecia notar. Ignorando a presença da filha, ele entrou para dentro da igreja, sendo acompanhado por todos os outros. Kendra notou, entre os convidados, Roddy e Eddie vestindo ternos bem arrumados, Benjamim também estava com eles e foi até a irmã, assim que a viu.
— Ainda bem que veio, Kendra... Fico feliz em vê-la, embora não seja uma das melhores ocasiões.
— Parece que você está suportando bem.
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Caminhos Cruzados
FantasyTudo o que Kendra queria era ter uma vida normal, mas o destino pode, muitas vezes, brincar conosco. Filha de um grande vampiro e de uma jovem humana, ela nasce sendo uma mestiça. Considerada pelos outros vampiros como impura. Kendra teve uma vida d...