Capítulo 12

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Algumas semanas haviam se passado, Misha e Kenan estavam muito felizes sendo um novo casal, Arthur esteve mais ocupado no trabalho por ter sido promovido a administrador e Kendra havia ficado mais solitária, novamente.

Em uma escola conhecida da cidade, iria ser feito uma festa de arrecadação de fundos para que pudessem ter materiais melhores para os alunos. Misha, Kenan e Kendra haviam chegado e esperavam Arthur na porta.

— Puxa, o Art tá demorando demais. — Misha dizia enquanto comia um picolé.

— Ele disse que o Senhor Dmitry pediu para ele comprar umas coisas. Se ele demorar muito, a gente entra e espera ele lá dentro.

Kendra brincava, distraidamente, chutando uma pequena pedra até notar um rosto conhecido carregando algumas caixas. Ela pegou a pedra e com um peteleco, conseguiu acertar o braço do garoto.

— Hey! — Ele disse com raiva, mostrando seus pequenos caninos afiados. A mestiça caminhou até ele. — Bem que eu senti um cheiro de mestiço aqui.

— Falou o cara que tem cheiro de cachorro molhado.

Ele deu um chute na canela de Kendra. O garoto possuía uma pele morena, com longos cabelos lisos, presos em um coque desarrumado, ele era um pouco mais alto que a mestiça e seus olhos tinham um tom de amarelo esverdeado. Um lobisomem.

— Achei que você odiava estar entre humanos, Eddie. — Ela se apoiou nas caixas.

— Não é odiar, é se sentir esquisito. Mas eu já deixei isso de lado, pelo menos um pouco. Comecei a estudar junto com eles e tô me acostumando aos poucos.

— Puxa, que pena. Agora não posso te contar histórias sobre humanos que pegam os pés de lobisominhos pra fazer churrasco!

— Você continua a mesma idiota de antes.

— Não diga isso, eu...

Kendra cheirou o ar, ela conseguia sentir um cheiro de sangue. O garoto também conseguiu sentir, pois olhou para ela assustado.

— Será que atacaram alguém? — Eddie perguntou apavorado.

— Não sei, pode ser um assalto ou coisa parecida... Eu vou procurar.

— Não, Kendra!

Não adiantava gritar, Kendra já estava correndo em direção ao cheiro. Fazia algum tempo que ela não comia nada, o que a deixava mais fraca e fazia com que ela tropeçasse em qualquer coisa. Arthur, que estava atravessando a rua, viu a garota correndo e foi atrás dela, tentando a acompanhar.

Ela parou em um beco, haviam latas de lixo sujas apoiadas na parede. No chão, uma pequena poça vermelha estava visível no chão empoeirado. Kendra se abaixou e colocou a mão sobre o líquido. Estava quente, era sangue fresco. Quando se levantou, um pano úmido foi prensado contra seu rosto, ela tentava luta, mas estava fraca demais. Logo, ela acabou desmaiando nos braços de um homem. Ele a carregou até um carro estacionado no fim do beco, dentro dele haviam outros três homens.

Quando Arthur chegou, já não havia ninguém no local. Ele começou a procurar a garota até Eddie chegar correndo e parar atrás dele.

— Merda! — Ele perguntava farejando o ar. Eddie olhou para Arthur. — Eu disse para ela não ir!

— O que aconteceu?! — Art o perguntava, preocupado. — Onde a Kendra foi?

Eddie o ignorou, pegando seu celular do bolso e discando algum número.

— Preciso da sua ajuda. — Ele disse virando as costas para Arthur.

*** 

Kendra acordou em um quarto abafado e sujo, seus pulsos e pés estavam presos por correntes. Em sua frente, quatro jovens homens conversavam baixo, até reparar que ela havia acordado.

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