Alguns dias haviam se passado desde a morte de Morgana, Kendra tentava seguir sua rotina normalmente, mas algumas coisas começavam a atrapalhá-la. Quando Morgana partiu, os vampiros, que antes a atacavam indiretamente, começaram a ataca-la da forma mais direta possível. Alguns a empurravam quando a encontravam, outros a xingavam o mais alto possível e alguns tomavam medidas mais drásticas.
Uma vez, ela estava dormindo na sala quando a campainha começou a tocar. Em frente a porta, alguém havia colocado uma pequena caixinha rosa, com dois cupcakes decorados com um chantilly branco e alguns confeitos vermelho. Ao morder o doce, alguma coisa começou a cortar o interior de sua boca. Ao cuspir viu que, em meio aos pedaços de bolo, haviam vários cacos de vidro misturados com o próprio sangue.
Arthur e Kendra caminhavam pela praça. Enquanto ele falava animadamente sobre um filme que assistiu noite passada, alguma coisa, parecida com uma bola, foi arremessada na direção da mestiça, que pegou o objeto no ar com a mão. Kendra grunhiu quando sua pele foi cortada e seu sangue começou a sangrar. Presa a uma bola de baisebol, havia a lâmina prateada, manchada de vermelho.
— MEU DEUS, KENDRA!! — Ele segurou a mão da mestiça. — TEMOS QUE IR PRO HOSPITAL E... E...
Ela colocou o indicador em sua boca, fazendo com que se calasse.
— Cala a boca um pouquinho, Art. — Kendra apertava o próprio pulso. — Eu preciso tampar isso aqui, vamos pra casa...
Olhando ao redor, a garota localizou um dos criados da casa de Phillip. Dava para sentir a culpa em seus olhos, movimentando a boca em silêncio, ele dizia "desculpa". Kendra assentiu, se direcionando para a própria casa, antes que as pessoas em volta notassem. Ao chegarem, Arthur se apressou em limpar o ferimento e enrolar uma bandagem.
— O que tá acontecendo, Ken? Primeiro você aparece com a boca toda machucada e agora alguém tenta matar você! Me conte, por favor.
— Desde que Morgana morreu, os vampiros estão me atacando sem parar.
— E por que você não disse nada?
— Não quero ficar preocupando ninguém, Arthur. Uma hora eles vão se cansar.
— Claro que vão cansar! Quando finalmente conseguirem matar você!
Kendra apoiou a cabeça no ombro de Arthur, seus olhos estavam cheios de lágrimas, algumas até escapavam.
— Eu tô cansada disso. — Ela suspirou. — Eu não consigo dormir direito.
Arthur tentou olhar para ela, mas foi impedido. Kendra o abraçou, enterrando ainda mais seu rosto no casaco do moreno.
— Prometi a mim mesma, que não iria chorar nunca mais... Acho que eu aguentei o máximo que deu...
— Kendra…
Agora, a mestiça chorava verdadeiramente. Seu limite havia chegado, uma hora isso iria acontecer, mais cedo ou mais tarde e ela sabia disso. Era como se todas as barreiras que Kendra havia criado dentro de si, tivessem desabado. Todas ao mesmo tempo.
Arthur a apertava, mantendo-a mais próxima de si. Depois de um tempo, ela finalmente parou de chorar. Kendra havia dormido. Pegando-a no colo, Art a levou para o quarto e a colocou em sua cama. Com uma folha de papel, ele limpou o rosto molhado da garota e terminou de arrumar a bandagem em sua mão.
— Eu queria tanto poder te ajudar, Kendra... — Ele acariciou as bochechas dela. — Queria mesmo...
Se levantando, Arthur foi em direção a sala e encontrou-se com a gata, que Kendra havia colocado o nome de Juice, e começou a brincar com ela.
— Faz tempo que eu não te vejo, você anda passeando demais.
— Meow.
— Não comece a andar tão longe de casa, senão pode se perder...
Três batidas na porta interromperam a 'conversa' entre Art e a gata. Ele caminhou rapidamente e levou um susto ao ver Phillip parado em sua frente. O vampiro o olhou como se fosse a coisa mais insignificante que tivesse visto.
— Onde está a Kendra?
— Ela... Está dormindo.
— Entendo. Bom, eu só queria entregar algo a ela mesmo...
— O que você tá fazendo aqui? — Uma voz sonolenta dizia ao longe.
Kendra havia acordado e estava parada na porta do quarto, coçando os olhos. Ela se aproximou de Arthur e segurou sua mão.
— Nada demais, eu só vim te entregar isso.
Ele entregou um pequeno caderno, com uma capa de couro e uma cordinha o mantendo fechado, e um frasco de remédios transparente, contendo várias pílulas brancas e vermelhas.
— O que é isso?
— Tome toda manhã, enquanto estiver tomando, você vai conseguir comer as coisas de humanos normalmente. Mas não deixe de tomar um pouco de sangue uma vez por semana, já que é seu alimento principal.
— Quem fez isso?
— O remédio? Fui eu.
— Mas pra que? Achei que não gostasse de mim.
— Considere isso como um pai cumprindo sua obrigação. Bom, já fiz o que eu tinha de fazer. Até logo.
Phillip se virou e caminhou em direção ao elevador antes que Kendra o fizesse parar.
— Phillip, faça a merda da sua mulher parar de mandar seus criados me matarem.
— O que?
— Vampiros estão tentado me matar. Faça-os parar.
— Vou fazer o possível. Recomendo que saia da região enquanto eu resolvo isso.
Assim que Phillip partiu, Kendra voltou para dentro de seu apartamento, sendo seguida por Arthur. Assim que entrou para o quarto, ela se jogou novamente na cama.
— Quero dormir.
— Acho que eu vou embora então. — Ele se aproximou da cama, indo pegar sua bolsa guardada no canto. — Ah, já que o Phillip disse que você precisa sair da região… porque você não…
Antes que o garoto terminasse de falar, Kendra o puxou para a cama, o abraçando com força.
— Fica quietinho. — ela o cheirou. Não tinha mais um cheiro de lavanda, ele foi substituído por um cheiro de perfume amadeirado. — Que perfume é esse?
— É um que eu tinha ganhado de aniversário, não gostou?
— Prefiro o outro.
Ele se virou e começou a brincar com os cabelos de Kendra.
— Você quer vir passar um tempo na casa da minha vó comigo, com o Kenan e a Misha?
— Claro, eu tenho que sair daqui mesmo... Mas sua vó não vai se incomodar com esse tanto de gente na casa dela?
— Não. Ela adora uma bagunça, nós ficamos um tempo lá todos os anos.
Ele se aproximou, até ficar a poucos centímetros do rosto dela.
— Kendra?
— O que foi?
— Eu quero muito beijar você agora.
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FELIZ ANO NOVO, BEBÊS 😳❤️
Que esse ano seja repleto de alegria, saúde e dinheiro 😎🙏
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Caminhos Cruzados
خيال (فانتازيا)Tudo o que Kendra queria era ter uma vida normal, mas o destino pode, muitas vezes, brincar conosco. Filha de um grande vampiro e de uma jovem humana, ela nasce sendo uma mestiça. Considerada pelos outros vampiros como impura. Kendra teve uma vida d...