Capítulo 13

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Haviam se passado cinco dias desde o ocorrido. Era uma terça-feira ensolarada, depois de um fim de semana chuvoso. Arthur, Misha e Kenan conversavam enquanto tomavam sorvete em uma sorveteria próxima a faculdade. Todos estavam preocupados com Kendra e com seu sumiço.

— O que aconteceu com ela? — Misha colocava na boca uma colher cheia de sorvete de morango na boca. — A Ken-Ken sumiu e quando volta diz que não precisa de nós... Alguma coisa estranha aconteceu, tenho certeza!

— Acho melhor não pensar muito nisso, Mi. — Kenan  olhou para a garota. — Se ela decidir que é isso o que quer, ela tem sua escolha. Kendra vai decidir o que ela acha ser bom para ela.

Arthur não havia contado sobre o jeito que a encontrou. Ela estava com o rosto inchado e roxo, com vários arranhões, assim que seus olhos haviam se encontrado, ela se assustou. Parecia estar assustada.

— Sinto falta dela. — Misha choramingou.

— Eu também... — Art olhou para os amigos. — Eu preciso dela.

Ele se levantou e saiu apressadamente pelas ruas sem se despedir dos amigos. Kenan apenas riu, enquanto terminava de beber seu milk-shake de chocolate.

— Kendra precisa dele tanto quanto ele precisa dela.

Vinte minutos depois, Arthur chegou ao prédio da garota. Ele foi até o elevador e parou em seu andar, indo até a porta de um apartamento.

— Kendra...? — Ele respirava ofegante de tanto correr. — Kendra, eu...

Assim que se encostou na porta, ela se arrastou lentamente.

— Kendra? — Ele colocou um de seus pés pra dentro. — Eu... Vou entrar, ok?

O apartamento de Kendra era pequeno, logo na entrada, havia uma pequena cozinha. Havia cheiro de sangue no lugar. Próximo a bancada, havia o corpo de um pequeno coelho jogado no chão. Seu peito estava aberto e uma adaga estava ao seu lado. Um gato grande brincava de morder as orelhas felpudas do animal. Arthur adentrou mais, lentamente. Havia uma pequena sala, com um grande pufe ao invés de um sofá, uma televisão e uma mesinha no centro.

Seguindo o corredor, Arthur entrou em um quarto. Roupas estavam espalhadas pelo chão, a cama estava desarrumada e os lençóis estavam em cima de uma cômoda, a não ser por um grande edredom enrolado, jogado entre o quarto e o banheiro. Arthur quase passou por cima dele, até ver uma pequena mão, pálida e com pequenas cicatrizes, saindo debaixo da coberta. Ele se abaixou e levantou um pouco a coberta. Kendra abriu os olhos lentamente.

— Achei... — Sua voz estava fraca e rouca. —  que tinha dito pra se esquecer de mim...

— Não conseguiria nem se tentasse. — Art sorriu para ela. — Por que está enrolada aqui no chão?

— Não estou legal.

Arthur a ajudou a se levantar, o rosto de Kendra estava fervendo, havia um pouco de suor em suas bochechas. Seus cabelos estavam bagunçados com várias folhas e galhos presos entre eles.

— Você está com febre. O que aconteceu?

— Eu tentei arrumar alguma coisa pra comer na floresta. Começou a chover do nada e alguns galhos me seguraram por um bom tempo. Minha perna tá doendo demais.

Ela levantou a barra da calça, mostrando um ferimento em sua panturrilha.

— Um desses galhos deve ter cortado.

— Ai, foi um bocado grande... Deve ter doído...

— Não doeu tanto assim.

— Acho melhor você tomar um banho e limpar isso. Eu faço um curativo depois.

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