Capítulo Quatro

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No dia seguinte já era sexta. Catra havia quase que imprensado minha mãe contra a parede me deixando ir com ela no fim do dia para nos arrumarmos e até a convencendo a me deixar dormir na casa dela. Eu passaria o final de semana inteiro fora de casa. Na casa de uma amiga!

Ah, sim, temos que falar sobre isso também. “Amiga”. Quando eu deitei na cama no final daquela noite, a frase “amiga da Adora” rondou minha mente por horas. Nos conhecíamos a o quê? Uma semana? E ela já me considerava sua amiga. Tudo bem que com Catra tudo ficava mais fácil. Ela era amigável com todo mundo – menos com o Tong Lashor, ela havia pego um rancor dos grandes. Mas mesmo assim. Ser denominada amiga de alguém, amiga dela... era tudo.

Novamente em sua casa, dessa vez subíamos as escadas até seu quarto. Uau. Ele era todo decorado. Tinha polaróides coladas nas paredes, discos, umas folhas de mentira, quadros de vidro imitando um aplicativo de música. Pisca-piscas embolados adornavam a cabeceira de ferro de sua cama de casal. Livros, pelúcias em prateleiras. O quarto tinha tanta informação que me deixava tonta, mas não deixava de ser bonito.

— Adora, conheça meu quarto! Tá um pouquinho bagunçado, eu não tinha certeza se conseguiria te fazer vir, então nem pensei em arrumar. Tem um banheiro ali caso você queira tomar um banho. Já pode ir indo, eu vou buscar uma toalha pra você.

E sai tão rápido quanto entrou. Catra podia ser meio energética demais, ou talvez só eu que fosse lenta. De qualquer modo, pego a muda de roupa que eu havia escolhido usar na bolsa e entro no banheiro pequeno e igualmente decorado quanto o quarto. Abro o box de vidro e tomo um banho rápido.

— Tá aqui a sua toalha, Adora — diz entrando do nada.

Um grito escapa de minha garganta, a assustando. Consigo ver seus olhos arregalados saírem às pressas.

— Desculpa, desculpa! É que eu costumava entrar no banheiro quando minhas amigas estavam usando, elas não ligavam, mas você não é como elas, eu devia ter perguntado se você se importava e ficou meio claro que sim, me desculpa! — diz rápido.

— Tudo bem, é que você me assustou e- eu não ligo, eu acho. Eu nunca dormi na casa de alguém então nunca pensei nisso. Mas tá tudo bem.

— Ahm, serve de consolo dizer que eu não vi nada? — Rio. — Você vai se vestir aí então, né? Ok. Eu te espero.

Enxugo-me e me visto rápido. Olhei no espelho pequeno da pia, não mostrava muito mas, sei lá. Não me sentia bonita naquela roupa. Em nenhuma na verdade. Eu apenas vestia o que era confortável e largo. Só tinha aquele vestido.

— O que acha? — pergunto abrindo a porta e saindo.

Ela olha para mim. Seu cenho franze, chega até a virar a cabeça para o lado. Estava horrível.

— É... diferente, mas não um diferente ruim! É só que eu nunca te vi num vestido então é meio- — Gesticula tentando me explicar.

Me puxa para frente do espelho de corpo inteiro e eu consigo ver a desgraça que eu estava. Ew. Aquilo não era eu.

— Pela sua expressão você não gostou. Você só trouxe essa roupa?

— Uh-hum. O resto são pijamas e roupas comuns.

— Hmm, ok. Me diz: o que você gosta de vestir? Qual seu estilo?

Paro para pensar. Qual era meu estilo? Eu sequer tinha um? Eu só vestia o que bom, escondia minhas marcas então...

— Eu não sei... Acho que não tenho um propriamente dito.

— Sem problemas! Temos tempo ainda, e você deve vestir o mesmo tamanho que eu. — Abre duas portas de um armário embutido dando visão a várias roupas de diversas cores. — Pode dar uma olhada, escolhe algumas peças e prove-as enquanto eu tomo banho. Eu vou demorar porque vou lavar o cabelo então tome seu tempo.

Hold On • Catradora [Short Fic]Onde histórias criam vida. Descubra agora