Capítulo Quatro - Parte 2

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Estar em um wyvern voando o mais baixo que consegue é uma coisa estranha. Estar em um wyvern voando tão baixo que quase encosta no chão enquanto cavaleiros de Zeli-Amare estão voando acima de nós é aterrorizante. Essa é a única palavra que consigo usar, porque nenhum de nós pode fazer nada. Ou melhor, só Kauã pode - e tenho certeza que se ele não estivesse conosco já teríamos sido atacados e derrubados há muito tempo.

Pelo menos Maira chegou a ver minha mensagem. Assim que entramos na área central, Igor já estava nos esperando, com dois wyverns. Acho que Maira tem confiança demais na minha capacidade de voar em um wyvern, porque isso tudo quer dizer que nos dividimos com três pessoas em cada um deles: Igor, Lena e Natasha em um, eu, Kauã e Nai em outro. E os wyverns estão perto demais, porque Kauã está tentando fazer milagres para ao menos não chamarmos tanta atenção.

Me aperto contra o wyvern quando o impacto de uma explosão chega até nós. Algo brilha do outro lado do castelo. Não vou começar a pensar no que foi isso - nem que podem nos atacar do mesmo jeito. Mas já estamos quase chegando no castelo. Só mais um pouco e vamos estar na área limpa ao redor muralha e aí vai ser só uma questão de conseguir entrar.

Dois wyverns, passando pela muralha enquanto o castelo está sendo atacado pelo ar.

Olho para trás.

— Nai! Chama atenção dos outros.

Ela estreita os olhos e balança a cabeça. Droga. Tem barulho demais, e isso tudo junto com o vento...

Aponto para o wyvern de Igor. Nai arregala os olhos e assente. Um fio de poder escuro sai da mão dela e vai na direção de Lena. Não sei o que ela faz, mas Igor olha para trás. Aponto para o chão e ele assente.

O wyvern de Igor vira para a direita e por pouco o meu wyvern não bate nele. O que... Ah. Tem duas árvores mais para a frente. Não é o suficiente para nos esconder para valer, mas serve para disfarçar, pelo menos.

Ele pousa o mais perto possível das árvores. Exibido. Eu nunca que conseguiria fazer isso sem fazer o wyvern bater nas árvores por pura falta de noção. Pouso um pouco mais afastada e o wyvern corre para as árvores sem eu precisar fazer nada. Provavelmente Igor fez alguma coisa, mas não vou reclamar. Não sou uma cavaleira, só sei o suficiente para quebrar um galho.

Espero Kauã e Nai descerem do wyvern antes de escorregar para o chão.

— Nós não vamos conseguir entrar voando — falo.

Kauã faz uma careta e assente. Ele está pálido e tenho certeza de que não é por causa do voo louco até aqui. Ele estava exagerando no que quer que estivesse tentando fazer para nos esconder.

Igor sobe no primeiro wyvern de novo.

— As passagens estão fechadas — ele avisa. — Vocês vão ter que passar por um dos portões.

O que quer dizer que vamos ser vistos sem a menor sombra de dúvidas. Mas sem um draconem conosco... Não vou olhar para Natasha agora. Sei que da outra vez pensaram que ela só tinha algum poder estranho de necromante e espero que continuem pensando isso. Então se não tiver ninguém perto demais para ver algo que não deve, acho que vamos conseguir nos virar. E já sei exatamente para qual portão nós vamos.

— Tome cuidado — falo.

Igor assente e afasta o wyvern de nós antes de decolar. O outro wyvern vai atrás.

— Isso é suicídio — Lena murmura, olhando para os dois draconídeos se afastando.

Balanço a cabeça.

— Igor é um cavaleiro. Ele sabe o suficiente para se defender até estar dentro de Raivenera.

E imagino que tenha bom senso o suficiente para não ter ido fazer isso sozinho sabendo que não tem chances. Se deixasse os dois wyverns sozinhos, eles com provavelmente voltariam para os estábulos. Se a primeira resposta de Igor foi montar de novo, é porque ele sabe que consegue.

Marcas de Sangue (Draconem 3) - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora