Capítulo Cinco - Parte 1

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Levanto a cabeça quando escuto o barulho da porta se abrindo. Nai entra primeiro, com Lena depois, Kauã e Natasha por último. E parece que não tiveram problemas em manter as coisas em ordem lá na frente do portão. Ótimo. Pelo menos uma coisa que deu certo.

Nai se joga ao meu lado no sofá. Respiro fundo e solto o ar devagar. Isso. Dói. Natasha olha para mim e para o bastão na minha mão antes de balançar a cabeça. É, ela estava certa. Eu não devia ter mexido com ele, ainda tinha poder em excesso demais e etc e agora estou sentindo todas as marcas no meu braço ardendo de novo por causa disso - sem nem mencionar tudo o que aconteceu no saguão. As coisas que eu fiz, o que passou pela minha cabeça... Não sei o que foi aquilo. Eu perdi o controle completamente, sem nem perceber.

E mesmo se soubesse que esse seria o resultado, teria feito a mesma coisa, porque foi o suficiente para Zeli-Amare recuar.

Maira se levanta, sem nem olhar para onde estou. Ela não falou nada comigo desde que me trouxe para cá, depois da explosão de poder, e eu a conheço bem o suficiente para não tentar conversar quando ela está furiosa. Especialmente porque Maira tem motivos para estar puta comigo.

— Todo mundo aqui. Isso quer dizer que minha folga acabou — ela fala. — Augusto, se tiver alguma coisa nova me avise que volto.

Ele assente, sem sair de onde está desde que entrou na sala: de pé atrás de uma cadeira e apoiado no encosto dela.

Droga. Eu não tinha pensado nisso, mas... Mais um motivo para Maira estar com raiva de mim. É ela quem vai ter que arrumar a bagunça que eu fiz com as defesas e dar um jeito de colocar tudo de volta no lugar o mais depressa possível. Meu poder pode ter sido o suficiente para parar o ataque, mas é bem possível que eu tenha causado mais problemas que qualquer outra coisa. Merda.

— Kauã, quero sua opinião sobre parte disso — Maira continua.

Kauã levanta as sobrancelhas.

— Minha?

Maira assente.

— Zeli-Amare evitou nossas defesas por terra e por ar. Preciso saber como e acho que você pode ajudar.

Ele sorri e abre a porta, esperando Maira.

Ótimo. Se tem alguém capaz de entender o que fizeram, é Kauã. E espero que ele descubra o que aconteceu, porque não podemos ter outro ataque como esse.

E espero que ele consiga ajudar o suficiente para Maira se acalmar um pouco.

A porta se fecha atrás deles e ninguém fala nada por alguns minutos. Sei que tanto Nai quanto Natasha estão me encarando. Natasha sabe exatamente o que eu fiz, mas tenho a leve impressão de que Nai também percebeu o poder. Ou, no mínimo, as consequências dele.

E eu continuo sem ter a menor ideia do que Augusto sabe para ter insistido tanto na cerimônia.

— O que você está planejando?

Augusto olha para mim e balança a cabeça.

— Não deixar que eles façam isso de novo.

Estreito os olhos. Ele não é idiota assim. Ele sabe o que estou querendo dizer. E, do mesmo jeito como passou dias me evitando, vai se fazer de besta para não ter que responder. A pior parte é que não posso nem insistir com os outros aqui. Talvez não tenha nenhum problema em Nai, Natasha e Lena ficarem sabendo do que quer que ele esteja planejando, mas não tenho como ter certeza disso.

Droga. Às vezes eu queria não ser a pessoa que presta atenção nesse tipo de coisa.

Augusto dá a volta na cadeira e para na frente da mesa. Ela brilha por um instante antes de uma projeção da área do castelo aparecer: toda a região até a muralha e a área limpa além dela.

Marcas de Sangue (Draconem 3) - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora