[EPÍLOGO] Dia 5478

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Jimin demorou algum tempo para digerir a carta ao terminá-la, algumas horas depois, uma leitura devagar e cheia de pausas havendo de tomado conta. Era muita coisa para se pensar, e as lágrimas que desciam por suas bochechas, somadas ao fato de que já era tarde na madrugada, não ajudavam em nada.

Sim, ele se lembrava muito de Jungkook, dos beijos que haviam trocado, das vezes em que dormiram juntos e, até mesmo, de quando fizeram sexo pela primeira e única vez. Tirando aquela noite, Jimin nunca mais fora tocado daquela forma por outro homem.

Mas ele havia se esquecido do quão profunda foi a relação dos dois, por mais efêmera que tenha sido. E aquela carta o havia ajudado a se recordar de tudo.

Piscou rapidamente com os óculos no rosto, olhando ao redor como se perguntasse a si mesmo o que fazer em seguida. Tudo bem, ele havia lido a grande carta e se lembrava dos oito dias incríveis que passara ao lado de Jeon Jungkook... E agora?

Quis escrever de volta, mas ele não sabia para quem iria enviar, já que não tinha o contato de Jungkook e, muito menos, o seu endereço. Poderia mandar para Namjoon ou para a casa da mãe de Jeon, de onde a carta havia chegado. Mas decidiu que pensaria nisso depois de escrevê-la.

Passou as mãos no rosto, apenas para recobrar os sentidos e enxugar as lágrimas, e, com determinação e vontade, sentou-se em frente ao computador.

Era a sua vez de escrever uma carta.

⊹ ⊹ ⊹ ⊹ ⊹

Oi, Jungkook... Quanto tempo. Pensei que nunca mais ouviria — ou leria — sobre você.

Fico feliz que não tenha deixado isso acontecer.

Bom, eu escrevo para, primeiramente, responder a algumas perguntas. Não me lembro a ordem na qual você me perguntou, durante a sua carta, mas vou tentar me lembrar de todas elas.

A primeira delas é sobre eu ser um cara "descolado" por usar piercings. Não, Jungkook, eu não os uso mais. Para falar a verdade, assim que comecei a estagiar em uma empresa famosa, precisei tirá-los e os furos acabaram se fechando. Ah, e o cabelo loiro... Infelizmente ele também se foi, não muito depois da nossa viagem.

Preciso também te dizer que a sua paixão era óbvia, desde o momento em que você abriu a porta de casa para me receber, naquela segunda-feira de inverno. Seu rosto esquentava completamente a cada momento em que eu falava contigo, isso era mais que óbvio. Por sinal, eu posso te garantir que eu só era frio com você porque, mesmo vendo o quanto você parecia estar interessado, eu sabia, no fundo, que eu estava ainda mais.

Sobre a tal "Beth genial"... Eu não me lembrava mais dela. Tudo bem que, durante a faculdade, eu acabei percebendo o quão pouco casos de apenas uma noite valiam para mim. Mas, como você disse que eu chamei ela de genial, pensei que me lembraria. Enfim, não me casei com a Beth. Beth? Eu nem sei se era mesmo esse o nome, mas vou confiar na sua palavra.

Você disse que quase me lançou um "prazer, me chamo Física" quando eu falei que gostava da matéria... Jungkook, que bom que você não o fez. De verdade. Se você algum dia achou que suas chances comigo eram baixas — o que definitivamente não é verdade —, eu preciso te garantir que elas iriam negativar caso você tentasse me cantar daquela forma. Pelo amor...

Falando em coisas que não foram ditas, eu não me lembro de falar "legal" tantas vezes assim. Digo, na carta você me descreveu como um cara que falava essa palavra sempre que não sabia o que mais falar. Mas isso eu tenho certeza de que nunca fui. O "cara do legal" eu nunca fui.

Precisamos falar, também, do macarrão com queijo daquela cidade... Hoje mesmo, comemos aqui em casa. Minha esposa, Maia — que eu conheci no trabalho, acabamos nos apaixonando e nos casando —, cozinhou para todos nós de jantar, mas o de Nova Iorque tem um gosto especial. Até ela concorda com isso. Sensatez em forma de mulher.

STILL WITH YOU • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora