Sentada sobre o muro que dividia o paredão do areal da praia nortenha, Soraia dividia a sua atenção entre o gelado dentro do copo de plástico seguro na sua mão e o jogador sentado a uns metros de distância de si. A pedido do mesmo, abordava os últimos acontecimentos da sua vida que, somente, eram relacionados com as suas aulas e, ainda, os seus mais recentes trabalhos fotográficos, no entanto, embora tivesse sido ele a pedir esse diálogo, Francisco não prestava qualquer atenção às palavras da jovem rapariga. Ou melhor, prestava atenção à beleza que a portuguesa possuía.
Regra geral, Soraia captava e compreendia os olhares fixos nela por parte do jogador e a cor escura que as suas bochechas adquiriam demonstravam isso mesmo. No entanto, a verdade é que a vilacondense se encontrava mais preocupada em relatar todos os acontecimentos ocorridos durante o período de tempo em que teve que lidar com a ausência física do lisboeta.
Ao terminar de saborear o gelado, levantou-se da pedra em que estava sentada e deslocou-se até ao caixote do lixo mais próximo, retornando, logo a seguir. Como o rapaz de cabelos cor de mel tinha, desta vez, a sua atenção disposta no mar azul, não evitou sobressaltar, ligeiramente, ao sentir as mãos e braços da morena a circundarem a sua cintura e, ainda, o queixo da mesma sobre o seu ombro.
- Seria de estranhar se me ouvisses. – Soraia queixou-se, rindo.
- O que queres? – O ex-Sporting Clube de Portugal perguntou.
- Para ser sincera, queria que me escutasses. – A estudante universitária contrapôs, divertida.
Francisco encolheu os ombros, desvalorizando a situação. Levou as suas mãos em direção das mãos da rapariga morena e entrelaçou os seus dedos com os delas, conduzindo-os aos seus lábios que os beijaram, delicadamente. Nesse mesmo momento, os lábios da morena abriram-se largamente.
Dizer que o que a unia ao atleta português era mais do que uma forte atração era lhe difícil. Por mais simples que fosse, para ela, a relação era complicada, pelo que preferia aceitar uma relação sem compromissos, ainda que o conceito de relação não envolvesse tal característica, do que tomar a iniciativa para algo mais e acabar por se perder, mesmo que possuía quase certeza total que Francisco seria incapaz de a magoar. Todavia, também ela era incapaz de esconder o misto de sensações que o lisboeta lhe proporcionava desde o início.
- Sei, exatamente, aquilo que me disseste desde que vieste ao meu encontro. – Divertido, o médio falou. – Fizeste-me uma declaração de amor que, deixa-me que te diga, foi um tanto pirosa. – Perante as suas palavras, Soraia não evitou rir.
- Lamento se não sou nenhum José Saramago, Geraldes. – A finalista provocou, mas, mesmo assim, ainda, revirou os olhos. – Hás de querer e não ter, seu idiota chapado.
- Easy, tiger. - As provocações continuaram por parte do sportinguista, ainda que a única resposta que recebesse fosse o revirar de olhos da morena.
Soraia acabou por rir de leve.
Afastou os seus braços da cintura do jogador e conduziu as suas mãos à bolsa próxima dela com o objetivo de retirar a máquina fotográfica e capturar a imagem do pôr de sol diante dos seus olhos. Ao afastar-se uns metros do corpo do futebolista, acabou por capturar algumas fotografias onde o atleta participava, como de costume, e que iriam parar ao seu portefólio de fotografia. O largo sorriso presente no seu rosto denunciava o que sentia sempre que se encontrava perto do jogador: timidez e paixão. Mesmo depois de tanto tempo próximo dele, Soraia ainda era incapaz de saber como reagir ao constante toque do moreno em si, ou os piropos que ele teimava expressar só para a fazer corar, nem como lidar com o que sentia. Já começava a duvidar se era só uma amizade que queria. No entanto, independentemente do que sentia, uma relação é a dois e ela possuía 100 por cento de certeza de que os sentimentos não eram mútuos.
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sozinhos | francisco geraldes ✔
Teen Fiction"𝘐𝘴 𝘵𝘩𝘦 𝘰𝘯𝘭𝘺 𝘳𝘦𝘢𝘴𝘰𝘯 𝘺𝘰𝘶'𝘳𝘦 𝘩𝘰𝘭𝘥𝘪𝘯𝘨 𝘮𝘦 𝘵𝘰𝘯𝘪𝘨𝘩𝘵 '𝘤𝘢𝘶𝘴𝘦 𝘸𝘦'𝘳𝘦 𝘴𝘤𝘢𝘳𝘦𝘥 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘭𝘰𝘯𝘦𝘭𝘺?" francisco geraldes fanfiction 2020 -ɪᴀᴍᴍᴀʀɪ-