capítulo 9.

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Soraia procurava não se distrair dos seus apontamentos e das fichas com matéria com o propósito de não se atrasar com os estudos e, consequentemente, do encontro marcado com o ex-jogador do Sporting Clube de Portugal, mas as constantes mensagens enviadas pela melhor amiga, afastavam-na dos seus materiais de estudos, especialmente, porque o tema de conversa era o seu encontro com o lisboeta, a cujo Adelaide mostrava-se mais entusiasmada que a própria Soraia. A natural de Aveiro implorava - a palavra certa era ordenava – para que a melhor amiga deixasse os estudos de lado e começasse a preparar-se para o encontro, tal preparação que a aveirense iria auxiliar. Já Soraia só pedia aos deuses para cortarem a energia para parar de receber mensagens da amiga e, assim, deixar o assunto "Francisco Geraldes" de lado, em vez dos seus estudos como tanto queria Adelaide. A sua concentração foi, mais uma vez, cortada com o leve bater na sua porta. A universitária autorizou a entrada do sujeito que se encontrava do outro lado da porta, revelando ser a sua mãe que entrou na divisão com um belo sorriso estampado no rosto.

- Passa-se alguma coisa? – Curiosa pelo motivo de tanta felicidade, Soraia perguntou, retirando os auscultadores dos ouvidos.

- Isso pergunto eu. – Alice contrapôs. – Aconteceu alguma coisa entre as onze da noite, hora em que te foste deitar, de ontem e as oito e meia desta manhã?

- Não. – A de vinte e um anos de idade respondeu. – Desde quando é que duvidas das minhas respostas.

- Desde que já estive no teu lugar, querida. – A professora de história retorquiu, sentando-se na berma da cama da filha. – A quem é que tu achas que saíste? Com a tua idade, aliás até mais nova, estive na mesma posição. Confusa e frustrada com aquilo que, aparentemente, sentia. O teu pai parecia que tinha todas as certezas e eu não tinha nenhuma, mas, no final, percebi que o que nos unia era amor e esse amor era mais forte do que todas as incertezas e inseguranças que nos separavam. – Um sorriso crescia nos lábios da jovem portuguesa à medida que a sua mãe falava. – Não te matrizes por não te sentires pronta, nem deixes ninguém que te faça sentir menos por não te mostrares preparada para um relacionamento.

- O Francisco em momento nenhum me fez sentir dessa forma. – A universitária interveio. – Ele é diferente. Ele faz-me sentir bem comigo mesma.

- Eu sei, filha. – A mulher de Roberto assentiu. – Basta apenas falarmos da tua mudança de estado de espírito de hoje. Só me queria certificar que estavas bem, querida.

- Eu estou, mãe. Não estou, totalmente, bem, mas, a partir de mais logo, sinto que vou alcançar esse estado.

- Divirtam-se, mas tomem todas as precauções. – Divertida, Alice falou antes de abandonar a divisão.

- Mãe! – Soraia exclamou, gargalhando.

Vendo que seria incapaz de se concentrar nos seus estudos, arrumou os seus materiais e dirigiu-se para a casa de banho, onde tomou um rápido duche. De volta ao seu espaço, do closet, retirou uma camisola de lã e um par de calças de ganga, calçou os seus ténis da marca, Nike, e colocou os acessórios habituais. Por último, aplicou sombra nos seus olhos e, ao de leve, o batom de tom vermelho nos seus lábios. Durante o tempo em que se arranjava, através de videochamada, Adelaide oferecia-lhe sugestões e lançava comentários divertidos que ora levavam a que Soraia corasse, ora que revirasse os olhos. O diálogo entre as duas amigas que ocorria enquanto a jovem vilacondense terminava de pintar os seus lábios foi interrompido pelo som da notificação a avisar de uma nova notificação, naquele caso, a tentativa de contacto por parte do jogador com origens na capital portuguesa através de mensagem. De imediato, Soraia despediu-se da namorada de Nuno, agarrou nos seus pertences, guardando-os na sua bolsa preta, acomodou a alça da mesma no seu ombro e abandonou o quarto, descendo as escadarias da habitação, e despediu-se dos parentes ao passar pela entrada da sala de estar antes de rodar a maçaneta da porta e pisar o exterior da propriedade.

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