capítulo 10.

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soraialcunha

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Completas-me, porque és tudo o que em mim não encontro.

📸 franciscogeraldes.oficial

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De mangas arregaçadas, Soraia misturava a farinha e o fermento para fazer a base da pizza que tinha sido incumbida de fazer pela sua mãe. A pizza bolonhesa era o prato que mais gostava de fazer e, por conseguinte, aquele que fazia melhor, por isso, a professora de história tinha pedido à filha para o fazer para festejarem o aniversário do homem da família. Roberto celebrava os cinquenta anos no terceiro dia do ano de dois mil e vinte e um. Pelas horas tardias em que a família Cunha tinha ingerido o pequeno-almoço, o almoço acabou por cair, também, em horas tardias, o que estava a causar algum incómoda à finalista de curso, visto que já era perto das quinze horas e, ainda, queria falar com o médio do Rio Ave antes da partida que iria juntar duas equipas nortenhas: Paços de Ferreira e Rio Ave.

- Está muito atrasado? – Alice entrou na divisão com toalhas na mão e questionou.

- Um pouco. – Soraia respondeu, incluindo a água na mistura. – Importaste de tomar conta do preparado por um segundo? Prometi ao Francisco que lhe ligava antes de o jogo começar.

Alice mostrou, logo, disponível. A melhor amiga de Adelaide agradeceu enquanto limpava os vestígios de massa colados nas suas mãos e, depois, retirou-se da cozinha. Agarrou no objeto tecnológico da empresa Apple e dirigiu-se para o exterior após ter vestido um agasalho. Desbloqueou-o, premiu o ícone da lista de contactos e, por último, o contacto do namorado. Mal escutou a voz grave do jogador, não conteve um leve sorriso. À medida que falava com ele sobre aquilo que ele sentia sobre o que poderia ser a partida e dos nervos que sentia, apesar de não ser a primeira vez que pisava o relvado, uma vez que todas as vezes eram diferentes, a estudante de audiovisual e multimédia apercebia-se de que as inseguranças que um dia tinha sentido em relação aos sentimentos que nutria pelo jogador e a hipótese de levarem a relação que partilhavam para o patamar seguinte eram infundadas. Já não era a primeira vez que se sentira assim. No entanto, sempre que estava com ele, lembrava-se dos momentos em que a hesitação e insegurança venceram. Ou melhor, os momentos em que ela deixou a hesitação e a insegurança vencerem.

O aquecimento vai começar. Tenho de ir, mas antes de ir quero saber uma coisa. Vais ver o jogo?

- Sabes que não os perco por nada, muito menos o meu pai. Contudo, o mais certo é eu não conseguir ver os primeiros minutos, visto que o almoço está atrasado. Vou tentar ao máximo vê-lo desde o início.

Tudo bem. Falo contigo após o jogo. Amo-te.

Francisco não a deixou despedir-se dele, pois não só estava atrasado como também não se tinha apercebido da confissão que havia feito. Só já quando se preparava para pisar o interior das quatro linhas é que retrocedeu no tempo e apercebeu-se das palavras ditas. Já Soraia permaneceu sentada no banco de madeira situado no alpendre com o seu IPhone na mão a meditar sobre as palavras do jogador. Não podia mentir e dizer que não tinham sentido nenhuma mudança no seu interior face à confissão do lisboeta; os seus batimentos cardíacos aumentaram de ritmo, a sua respiração ficou ofegante e, por fim, não se conseguia mover. Só se moveu quando escutou o seu nome a ser evocado pela sua mãe à terceira vez. Entrou na habitação, descansou o dispositivo eletrónico na cómoda situada à entrada da casa e dirigiu-se para a cozinha a fim de regressar à preparação da refeição. Nada falou e procedeu à aplicação do molho de tomate e dos restantes ingredientes na base já feita pela sua mãe. Por fim, colocou a pizza no forno e dirigiu-se para a sala, onde aguardaria pelo barulho que indicava que a refeição estava pronta.

sozinhos | francisco geraldes  ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora