capítulo 7.

284 13 26
                                    

Os raios solares a tentarem entrar no quarto fechado e escuro de Soraia, através dos buracos da persiana, levaram ao lento abrir de olhos da mesma que não evitou protestar consigo mesma ao notar nas horas tardias do período da manhã que estavam apresentadas no relógio digital sobre a cómoda próxima da sua cama. Vagarosamente, afastou os lençóis e cobertores do seu corpo, ergueu-o, voltando-se o suficiente para ficar sentada sobre o colchão, e, por fim, afundou os pés nas pantufas alusivas à época natalícia que, desde o início do mês em que se encontravam, começava a alegrar os portugueses. Devido à tempestade que algumas cidades portuguesas, a sua grande maioria nortenhas, tinha sofrido, através da janela do seu quarto, a jovem rapariga apaixonada por esta altura do ano contemplou a neve branca a cobrir o terreno pertencente à propriedade dos seus progenitores. De seguida, vestiu um casaco quente sobre o pijama, também, quente e abandonou o seu quarto, dirigindo-se para a cozinha, onde, certamente, se encontravam os seus pais a saborear a refeição mais importante do dia. Quando adentrou no espaço, observou o seu pai a ler o jornal enquanto terminava de ler o jornal enquanto a sua mão estava a colocar a louça suja na máquina de lavar louça.

- Bom dia, dorminhoca. - O instrutor de condução cumprimentou, manifestando a sua veia divertida, e recebeu o 'bom dia' da filha num murmúrio e, ainda, o carinhoso beijo da mesma. - Ainda tens pão na cesta, se quiseres. - Após a mais nova cumprimentar a mãe, o membro mais velho da família Cunha indicou.

- Eu como cereais. - Soraia replicou. - Estava nos meus planos dar uma corrida antes do pequeno-almoço, mas, como adormeci, talvez o faça mais para o fim da tarde e, assim, ocupe o resto do dia a estudar para a frequência. - Falou.

- Nós deixámos-te dormir mais um pouco, visto que, ontem, chegaste mais tarde do que o planeado e mereces começar as férias em descanso. - Alice comentou. - Por isso, acho que podes deixar os estudos de parte, hoje. Podes sair com os teus amigos ou, até, com o Francisco. Penso que ele ainda esteja por cá, já que tem uma partida uns dias antes do Natal. - Assim que escutou o nome do jogador a sair da boca da professora de história, a filha única do casal Cunha engoliu em seco e tentou não transparecer o que sentiu ao escutar tal nome ao esboçar um pequeno sorriso.

- Sim, talvez faça isso. - Sem especificar qual das sugestões dadas pela sua progenitora tinha aceitado, Soraia assentiu, encolhendo os ombros. - Contudo, amanhã não posso colocar de parte os estudos, infelizmente. - Concluiu.

Depois de terminar de se alimentar, retirou-se do espaço e dirigiu-se para o seu quarto a fim de despir as vestes da noite e vestir vestes de estilo casual para sair da moradia. Sendo assim, envergou uma camisola de lã, as calças de ganga e, ainda, um gorro cinzento devido às temperaturas frias que se faziam sentir na cidade portuguesa. Calçou os seus botins pretos e, por fim, aplicou uma leve maquilhagem, que consistia na aplicação de creme facial e o batom nude apenas para dar uma cor à sua face. Antes de abandonar a habitação, avisou da sua saída e despediu-se dos seus pais. Enquanto caminhava, lentamente, desfazia-se dos nós que o fio dos seus auscultadores tinha criado a fim de premir o botão de reprodução da sua playlist de músicas para lhe fazerem companhia durante o curto período de tempo que tinha até à refeição seguinte.

Não podia esconder o seu receio em se deparar com o atual jogador da equipa vilacondense, já que, tal como a sua mãe havia confirmado as suas suspeitas, sabia que o moreno ainda não tinha rumado para a capital a fim de passar as festas natalícias e as do ano novo com a família. Este receio devia-se ao facto de não fazer a mínima ideia de como agir ou o que falar caso se encontre com ele. Por um lado, sentia-se magoada por ele ter seguido em frente com a vida num espaço de tempo tão curto, mas, por outro, sentia que era uma lição bastante forte para que ela aprenda a aceitar os sentimentos e confiar mais em si mesma. No fundo, sabia que Francisco era o único que não podia ser culpado na situação, uma vez que ele lutou por ela e ela desistiu na primeira tentativa da vida a colocar-lhe obstáculos. Ela sim era culpada pela mágoa que sentia cada vez que se recordava da última publicação do médio e do comentário da pessoa que lhe era, totalmente, desconhecida.

sozinhos | francisco geraldes  ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora