visitas

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Na sexta-feira, dois dias depois de ter saído do hospital, muita coisa aconteceu.

Primeiro, recebi uma visita. Do Lucas. Desde o dia anterior ele já tinha me ligado dizendo que vinha me ver, mas, quando a minha mãe falou que ele tinha chegado e que não estava sozinho, fiquei meio apreensivo. Eu havia pedido para ele não trazer o Michael, e ele tinha concordado! Porém, quando entrou no meu quarto, vi que não precisava ter me preocupado.

Não era o Mike que estava com ele, e sim a Max. Fiquei tão feliz de vê-la ali! E então tive certeza: aqueles dois precisavam ficar juntos! Eles combinavam tanto! Pena que agora, caso eles resolvessem namorar algum dia, a gente não poderia mais sair em dois casais, como desejei por tanto tempo. Talvez exista um número máximo de namorados no mundo. Um casal precisa se separar antes de outro se formar... O que era uma lástima, pois a tarde que eles passaram comigo foi a melhor desde que voltei para casa.

Depois de um tempo, porém, minha mãe me deu um analgésico, que eu precisava tomar de quatro em quatro horas para não sentir dor, mas que me dava muito sono. E por isso acabei adormecendo no meio de um filme que eles tinham colocada para a gente assistir. Só que quando eu acordei eles já não estavam mais lá... A princípio fiquei morrendo de vergonha. Que espécie de pessoa dorme quando alguém tira a tarde especialmente para visitá-la?? Mas não tive muito tempo para pensar nisso, porque meu irmão abriu a porta parecendo meio pálido, como se tivesse levado um susto, e quando viu que eu estava acordado disse que tinha outra visita para mim.

Eu esperava que qualquer pessoa entrasse no meu quarto naquele momento, menos ela. E, por incrível que pareça, se eu tivesse que escolher apenas uma, seria exatamente a Nancy.

Desde que ela e meu irmão começaram a namorar, de cara, criamos uma amizade. Sempre fora como uma irmã mais velha para mim, e se não fosse por ela eu e Mike provavelmente nunca teríamos namorado. Inclusive, quando ficamos juntos, a amizade entre eu e ela só aumentou. A diferença de quatro anos de idade não nos importava. Porém, quando Jonathan e ela terminaram, fazendo com que ela se mudasse e transferisse a faculdade para a capital, foi muito difícil manter contato constante. Agora, com eu e Mike separados, então...

"Willy, baby! O que fizeram com você desta vez?", ela perguntou com aquele jeito só dela, preenchendo todos os espaços do meu quarto com a sua energia boa e me deixando feliz só de saber que ela estava ali. "Anotaram a placa do carro? Preciso ir lá com uma picareta acabar com ele. Ninguém faz isso com o meu Willzinho e fica impune!"

Ela me abraçou com cuidado e ficou um tempo assim, passando a mão de leve pelo meu cabelo. Percebi que estava preocupada de verdade comigo e fiquei meio emocionado de saber que ela se importava tanto.

"Você viajou só para me ver?", perguntei só para ter certeza que era isso mesmo.

"Vim para ver minha família também, mas claro que você é o motivo principal, seu bobo! Quase morri de preocupação quando fiquei sabendo! Como isso aconteceu, Will?"

Eu suspirei e em seguida contei tudo para ela. A gente não se falava desde sua mudança, no começo do ano, por isso passamos mais de uma hora conversando, atualizando os detalhes das nossas vidas.

"Will...", ela falou depois de eu ter contado sobre a festa. "Vou te falar uma coisa que sei que você não fai gostar. Mas eu acho que a culpa não é toda do Michael. Tudo bem que ele poderia ter entendido um pouco mais o seu lado e ter feito um esforcinho nessa fase tumultuada que você passou com o Grêmio. Mas você também poderia ter feito isso e se mostrado pelo menos um pouco mais disponível. Eu conheço meu irmão, sei que ele pode ser muito egoísta ou orgulhoso às vezes e agir por impulso, porém ele também é muito sensível e inseguro, e sem dúvidas, te ama muito. Mas ele se sentiu deixado de lado... Você ficou tão machucado na discussão, e eu digo por dentro, justamente por ele ter tocado em vários pontos fracos. Você mesmo admitiu pra mim que realmente ficou mais distante. Não é coisa da cabeça dele, não é implicância sem fundamento. Esse menino está muito magoado também... E acho que você precisa ouvir o que ele tem a te dizer."

Drunk - BylerOnde histórias criam vida. Descubra agora