Depois de me levar à casa do Will, minha mãe foi ao Starcout Mall, onde ia ficar passando o tempo até que eu ligasse pedindo para ela me buscar... ou dizendo que eu iria ficar até mais tarde. Sim, naquela hora eu ainda tinha esperança de que isso pudesse acontecer. Porém, depois da conversa, que durou menos de 15 minutos, saí tão desorientado que esqueci.
Fui andando, e só mais de uma hora depois, quando cheguei à minha casa, é que lembrei que a minha mãe havia ficado no shopping. A essa altura ela já estava desesperada, pois havia ligado para o meu celular umas mil vezes e eu não tinha atendido. Com a pressa, eu havia o esquecido no meu quarto. Mas o problema é que a minha mãe ligou também para a casa dos Byers, e, ao ouvir a Joyce dizer que eu já tinha saído havia mais de meia hora e que a conversa não tinha fluído muito bem, ela só faltou chamar a polícoa para me encontrar, provavemente pensando que eu tinha me atirado de cima de algum viaduto.
Quando ela entrou no meu quarto e viu que eu não tinha feito nenhuma bobagem, ensaiou uma bronca, mas parou assim que notou que eu não estava prestando atenção. Meu olhar estava perdido na parede, mas tudo o que eu via era uma série passando em câmera lenta no minha cabeça, com todos os acontecimentos dos últimos três anos. Agora nada daquilo existia mais. Apenas as lembranças.
A minha mãe, depois de perguntar umas vinte vezes se eu estava bem (era óbvio que eu não estava), desistiu de tentar conversar e me deixou sozinho.
Resolvi dormir, para fugir dos meus pensamentos, mas, quando comecei a sonhar, meu pai veio avisar que o Lucas estava no telefone. Avisei que não ia falar com ele nem com ninguém, mas por algum motivo ninguém parecia disposto a me deixar sofrer como eu queria... Uma hora depois, não só o Lucas mas também o Dustin apareceram na minha casa.
"Levanta, Mike!", o Lucas falou, já acendendo a luz na minha cara. "Vamos dar uma volta."
O Dustin, que estava olhando para todos os lados, antes mesmo de falar alguma coisa, pegou um porta-retratos da minha estante, que tinha uma foto do Will sorrindo e vestindo um moletom meu, e ameaçou jogá-lo pela janela.
"Ei!", falei finalmente me levantando. "Tira a mão disso!"
"De jeito nenhum!", ele escondeu o porta-retratos atrás das costas. "Desse jeito você não vai desencanar dele!"
"Vocês não tem nada melhor pra fazer neste sábado?", perguntei, finalmente conseguindo arrancar o porta-retratos da mão do Dustin. "Realmente precisavam vir infernizar a minha vida?"
O Dustin fez uma cara meio ofendida, mas o Lucas respondeu: "Muito pelo contrário. Tem muita coisa acontecendo hoje, a cidade está cheia de festas, shows, bares... Só que a gente quer a sua companhia. Anda, coloca um sapato e vamos sair."
"Não vou a lugar nenhum...", falei, me sentando na cama novamente. "Quero ficar dentro de casa, não estou com clima pra sair."
Os dois começaram a protestar, mas de repente o Dustin perguntou: "Quer ficar dentro de casa? Se eu prometer que deixo você ficar 'dentro de casa' você faz uma coisa que eu pedir?".
"Qualquer coisa!", falei, louco para me ver livre deles.
Ele sorriu, me entregou o tênis que eu tinha largado no chão e disse: "Então calça e vem com a gente! Você prometeu!"
"Mas eu falei que faria qualquer coisa pra ficar em casa!", gritei pra ver ser ele entendia.
"Sim...", ele balançou os ombros. "Mas ninguém especificou qual casa. Anda, a gente vai pro meu apartamento. Se não quer ir pra balada, tudo bem. Mas ficar deitado no escuro se sentindo a pior pessoa do mundo, em pleno sábado de sol, é algo que eu não admito que amigo nenhum meu faça!"
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Drunk - Byler
Random¡CONCLUÍDA! Onde Will e Mike são conhecidos como "O Casal 20" pelos seus amigos e colegas, mas não sabem lidar com a nova fase a qual seu relacionamento está passando. Um se queixa da indiferença e o outro se incomoda com a distância. Sob toda essa...