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Tirei minha licença para dirigir na semana passada. É engraçado como eu não paro de pensar nisso. Na verdade, eu nunca tinha ligado muito para esse assunto, mas Steve estava sempre tão excitado falando sobre como eu poderia dirigir até sua casa no Brooklyn nos fins de semana, ou sobre como nós poderíamos viajar um pouco e esquecer os problemas, que eu acabei gostando muito da ideia. É mais engraçado ainda o fato de que agora, quando eu finalmente consegui a licença, nós dois sequer estamos juntos.
Consegui um carro de segunda mão em uma dessas feiras de automóveis. Minha mãe disse que talvez ele seja um pouco usado demais, mas eu sei que ela quis dizer "velho". De qualquer forma, eu sempre gostei de coisas velhas. O carro é vermelho e tem os bancos de couro branco, e eu sei que Steve adoraria.
Nesse momento, estou dirigindo por algumas ruas que não conheço, e me assusto comigo mesma quando percebo que estou chorando. Em minha mente, só consigo imaginar o quanto seria bom ter meu capitão no banco do passageiro.
Perdida em pensamentos, quando me dou conta, estou parada em frente a casa de Steve. Percebo as luzes acesas. As janelas estão totalmente abertas. Meu coração para com a cena que vejo a seguir.
Sharon Carter. A loira que tem alguns anos a mais que eu, a mulher que sempre me fez sentir insegura comigo mesma. Ela está nos braços de Steve. Eles estão rindo. Eu estou chorando. Eles estão se beijando. Eu estou morrendo. Como ele consegue? Como pode estar tão bem depois de tudo? Depois que eu fui embora? Nós não éramos perfeitos, mas éramos nós. E ele sempre me disse que isso era o suficiente.
Estou paralisada quando ouço batidas no vidro do carro. Morro um pouco mais quando percebo que é Steve quem está ali. De algum modo ele me pegou espiando sua vida como uma maluca. Seco a lágrimas violentamente a abaixo a janela.
— S/n... — Sua voz está fraca. — Por Deus, o que está fazendo aqui? — Ele parece triste como eu nunca vi antes.
— Sinto muito... Eu... Desculpe... — Tento formar uma frase, mas só consigo pensar em chorar. Tudo piora quando olho por cima do ombro de Steve e vejo Sharon na porta de sua casa.
— Você está dirigindo. — Ele muda de assunto, como se estivesse apenas expressando um pensamento em voz alta. Um sorriso surge no canto do seus lábios, mas logo some quando se dá conta da situação.
— Sinto muito. — Engulo em seco. — Não sei por que vim parar aqui. — Ligo o carro.
— Acho que o coração conhece o caminho para casa. — ele sussurra.
Meu coração pula. Ele está tão perto. Seus olhos estão presos aos meus. É como se não houvesse mais ninguém no mundo.
— Steve? — A voz de Sharon interrompe.
Quando me dou conta da real situação, lágrimas escorrem novamente.
— Acho que você não estava falando sério quando fez todas aquelas promessas. Você disse que nós dois seríamos para sempre, mas agora eu dirijo sozinha pela sua rua. — Digo em meio a soluços. Olho para o seu rosto uma última vez antes de acelerar.
Furo sinais vermelhos, ignoro as placas de "pare", passo pelas ruas que costumávamos passear e, pelo resto da noite, tento ignorar o quanto meu coração ainda ama Steve Rogers pra caralho.
