1

610 68 14
                                    

B I L L I E  

Observo a garota do outro lado da cafeteria, entregando um frapuccino para o homen barbudo que se direciona á uma mesa, nos fundos do estabelecimento.

Tento desviar o olhar antes que ela me pegue a observando mas não consigo. Eu esperei meses por esse momento, esperei muito tempo para vê-la e agora eu não consigo manter uma conversa decente com ela.

Como iria?

Oi, meu nome é Billie Eilish e você não me conhece mas eu vivi a sua vida enquanto estava em coma e agora desenvolvi algum tipo de paixão platônica por você, que tal nos  casarmos?

Ela fugiria de mim e eu não a julgaria.

Faz dois meses que eu venho a observando, dois meses desde o dia no parque.

Primeiro eu quis falar com ela naquele momento, quis ir até a dona dos meus pensamentos e do sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida naquele exato instante mas minha mãe me impediu. Confesso que estou feliz por tal ato, me poupou um grande constrangimento.

Apenas uma ligação e trinta minutos depois eu tinha o endereço dela. Não que eu me orgulhe de ter colocado um carro para segui-la depois de seu passeio com Maya, foi a primeira e última vez. Juro.

No mesmo dia eu recebi um email com algumas informações básicas sobre Samantha, muita coisa que eu não sabia.

Como seu sobrenome por exemplo. Eu havia me esquecido dele, puxei a memória do fundo da minha mente quando o li na tela do meu celular.

Ela está trabalhando.

Todos os dias, exatamente ás seis e vinte ela vem ao Starbucks em uma parte nobre de Los Angeles, perto do centro. Longe do apartamento no subúrbio em que ela mora mas perto da Cafeteria Den & Jen em que ela trabalha, D&J para os mais íntimos.

Isso eu não precisei investigar para descobrir, na verdade foi duas semanas depois em um dia normal. Antes de uma reunião, enquanto eu esperava pelo meu pedido eu a vi entrando pela porta de vidro. Se isso não for o destino então eu realmente não sei no que acreditar.

Eu já sabia onde ela trabalhava, só me faltava a coragem para ir até lá.

Foi em uma manhã chuvosa e no meio de uma das minhas crises pós corrida, que eu decidi adentrar o estabelecimento.

Pelo menu relativamente mais caro e por se tratar de uma área mais nobre da cidade, o lugar estava praticamente vazio exceto pelas duas moças no balcão e um senhor sentado em uma das primeiras mesas.

Minha respiração trava na garganta por alguns segundos ao vê-la encostada no balcão, cantarolando uma musica existente somente na sua cabeça.

A decoração do lugar era rústica, tons escuros e luzes baixas. Uma aura misteriosa tomava conta de cada canto e Samantha parecia se adequar à tudo, quase como se fosse parte da decoração. A alma daquele lugar, eu diria.

Suspiro mais uma vez, assim como tenho feito durante esses dois meses, nas duas vezes por semana que venho aqui para admirá-la. Ás vezes quarta e sexta, ás vezes segunda e quinta. Na verdade não tenho uma ordem exata de dias, a única certeza é que pelo menos duas vezes na semana eu estou aqui.

Observando ela do outro lado do balcão, dando gratuitamente um sorriso á cada um que lhe dá bom dia.

Bebericando um café, em uma mesa nos fundos. Tendo a visão privilegiada da garota que me tira o fôlego.

...

Oi rs

Prontos?

Bebam água,

Mari

Floating | b.eOnde histórias criam vida. Descubra agora