Floating | b.e

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B I L L I E

Mais um dia chuvoso em Los Angeles.

Ultimamente o tempo está meio louco, pela manhã fazia um calor infernal e agora o céu estava cinza e uma chuva torrencial caía lá fora. Em menos de duas horas a temperatura caiu em dez graus.

Nós nem estamos em época de chuva.

Era final de tarde, quarta-feira.

Pisco algumas vezes quando mais um trovão rasga o céu, clareando o ambiente. Recuso a ligação da minha mãe mais uma vez, desligando o meu celular logo em seguida.

Encaro o livro sob a mesa à minha frente, esticando a mão até alcançar o café. Tomo um gole da minha bebida, folheando o livro.

Meus olhos passeiam pelas páginas, engolindo as palavras cautelosamente enquanto absorvo seus significados.

- O que você está lendo?

Sinto meu coração se acelerar ao ouvir sua voz. Minhas mãos ficam molhadas e eu respiro fundo algumas vezes, tentando manter a calma.

- Amar se aprende amando.

Desvio o olhar do livro em minhas mãos, lentamente levantando os olhos de encontro às suas órbes verdes penetrantes.

Samantha me encara curiosa, do outro lado do balcão. Pela primeira vez resolvi me sentar mais próxima, perto o suficiente dela para sentir seu perfume doce e suave a cada movimento brusco seu e, longe o suficiente para admira-lá tranquila e sem parecer uma completa psicopata.

Samantha me encara por alguns segundos, uma expressão levemente confusa em seu rosto. Passo a língua em meus lábios lentamente, admirando sua sobrancelha levemente curvada e sua boca rosada.

- Esse é o nome do livro. - falo calmamente, me divertindo com sua expressão mudando para uma de entendimento. - Amar se aprende amando.

Samantha se curva sob o balcão, ficando mais próxima de mim enquanto admira o que eu tenho em minhas mãos. Varro os meus olhos por todo o local e percebo que eu era a única cliente ali, não percebi quando isso começou a esvaziar.

- Sobre o que é?

Volto a olhar para a mulher em minha frente, parecendo estar realmente interessada na minha leitura.

- São só algumas poesias de um cara que era meio maluco. - murmuro, fechando o livro e o colocando sobre o meu colo.

- O que tanto prende sua atenção às poesias do cara maluco? - Samantha pergunta, arqueando uma sobrancelha e imitando minha voz ao repetir o que eu disse.

Encaro seus olhos por alguns segundos, me perdendo na profundidade deles e sentindo meu coração bater descompassado no peito cada vez mais rápido. Tento disfarçar minha expressão surpresa ao ouvir o seu questionamento. Estaria ela prestando atenção em mim?

Cerro os olhos, pensando em uma resposta. Suspiro e sorrio sem mostrar os dentes, inclinando um pouco a cabeça para o lado.

- Ultimamente eu estou me identificando com os pensamentos esquisitos sobre o amor desse cara meio maluco. - minha voz saí baixa, em tom de confissão.

Samantha sorri, me dando a visão dos seus dentes incrivelmente brancos e perfeitamente alinhados.

- Posso te considerar uma romântica nata?

Permito que meu sorriso cresça e encaro minhas mãos em cima do balcão, levanto a manga da fina camiseta preta de manga cumprida que eu estava usando. Me levanto devagar e deixo uma nota de cem dólares no lugar em que antes minhas mãos estavam, sem deixar de reparar em como seus olhos passearam pelo meu antebraço, parando no relógio prateado que eu usava e na constelação minúscula tatuada no lado esquerdo do meu pulso, á mostra apenas porque o relógio não a cobria.

- Bom, acho que já deu a minha hora. - Falo, enquanto ajeito a jaqueta amarrada em minha cintura e jogo meus cabelos pretos para trás dos meus ombros. - Tenha um bom fim de tarde.

Samantha me lança mais um de seus sorrisos, acenando com a cabeça enquanto eu me afasto em direção à saída.

Já do lado de fora, pela vidraça consigo ver seu olhar surpreso e confuso ao ver a quantia alta que depositei sobre o balcão, mesmo tendo gasto menos de quinze dólares durante minha estadia naquele café.

...

Oi

Tô de volta rs. Dessa vez sendo acompanhada por uma psicóloga, quem amou?

Estou bem inspirada, tenham paciência por favor!

Bebam água,

Mari