arco-íris aprisionado

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você foi a chave que abre uma nova porta,
a faixa de boas vindas em um terreno desconhecido.

acreditei fielmente que estava pronto para entrar, de olhos fechados e com o pé direito.
almejei ser o mais natural possível,
estar descalço,
sentir todas as pedras no caminho,
até que pudesse correr sem ter medo de pôr os pés no chão.

você foi, mesmo que por um momento,
as cores que eu queria encontrar no arco-íris,
a mais bela miragem que visualizei,
que belo engano...

você foi clareza, luz na bruma,
nuvem que aparece, encanta e depois vai embora
na mais leve brisa.
a mesma que te trouxe para meu olhar,
te posicionou em pensamentos noturnos
e me deu mais vozes do que eu poderia suportar.

descansei e iniciei a tempestade em um quarto.
derramei meus sentimentos pelos olhos,
no mesmo tecido que costumava dormir tranquilamente.

custei a acreditar que, como o arco-íris depois da chuva,
você estava indo embora
sem que eu tivesse a chance de me aventurar em suas cores.

mergulhei em questionamentos,
te coloquei no topo e diminuí meu tamanho.
demonizei o espelho e a imagem que ele reflete,
amaldiçoei todos os meus futuros amantes,
desacreditei na possibilidade de que, um dia,
poderei desfrutar da liberdade.

continuarei sendo o mesmo arco-íris aprisionado em um vidro imperceptível
ou estou destinado a ser um de qualquer forma, sem seu sujeito indeterminado em meus poemas?

você foi a pipa que escorregou das minhas mãos,
elas estavam suadas demais
e eu não consegui segurar firme.
então você voou.

sem ideias para o que há no fim do arco-íris.
antes de tudo, preciso vê-lo em mim,
só assim saberei qual cor você foi
e quais irei me tornar.
apesar de já ter ouvido falar que,
no fundo, somos todos uma explosão,
indistinguível e cromática.

azul passageiroOnde histórias criam vida. Descubra agora