azul passageiro

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minha garganta dói.
há muitas coisas guardadas:
palavras não ditas, versos nunca compartilhados...

não prometi nada diretamente,
mas lá dentro senti
um fogo que crepitava incansavelmente, dizendo que eu estava pronto
e que se este fosse o momento, meus braços estariam abertos.

doce reviravolta, não surpreendente.
é amargo o gosto da negação disfarçada.
é salgado o sabor das lágrimas que escorrem pelas bochechas e caem na minha boca.
abençoado seja o travesseiro, tão silenciador e parceiro nessas horas.
sagrado seja o banheiro, com sua tranca e disfarces.

minha mão estava necessitando de outra,
meus lábios clamavam pelos seus,
meu pescoço virgem desejava novos arrepios
e meu corpo queria trilhar caminhos nunca antes percorridos.
eu escolhi você indiretamente.
te vi como a porta de entrada para a vida...
e que bela vida!
que encantadora visão, construída a partir de suas mensagens fofas e eróticas na madrugada.

eu queria ficar bêbado agora e chamar sua atenção para que cuidasse de mim da forma que disse que faria,
deitar em sua cama e beijar o canto de sua orelha, onde confessou ser seu ponto fraco;
queria mais que tudo poder te ver pessoalmente, tocar em suas bochechas e aproximar nossos rostos em um beijo único e especial,
mas nunca vai acontecer.

não fomos nada.
não fui nada para você.
mas para mim, pelo menos por alguns momentos, foste tudo.
o arco-íris no fim da chuva,
as conversas nunca iniciadas,
as novas madrugadas acordado,
aquele a quem acreditei que um dia poderia chegar a dizer "eu te amo".

fiz de você o oceano perfeito para desaguar.

você foi tão azul quanto a noite e tão passageiro quanto as nuvens.

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