11. A verdade

229 24 25
                                    

Não tenho ideia do porquê os estrangeiros querem vir pra cá. Quer dizer, eu entendo que um nova iorquino enxerga o Central Park como um escape da floresta de prédios, mas alguém que veio da Inglaterra?

Bom, Liezel diz que gostaria de vir por causa de um monumento específico: O Obelisco de Cleópatra. 

― Puxa, você sabia que esse obelisco foi construído em 461 A.C.? ― ela diz para ninguém em específico. Ela parece bem animada com História. 

― Realmente, não. 

Foi uma idiotice beijá-la. Bom, nem sei o que deu em mim, na verdade. Eu apenas… quis que Alina visse aquilo. 

A questão é: por que eu queria que Alina me observasse beijando a prima dela? 

Ah, sinceramente, não tenho interesse algum em pensar nos porquês. Mas… por que saber que Alina vai sair também me deixou zangado? 

Bom, foda-se.

Até que é divertido estar com Anneliese. Ela tem boas conversas, é inteligente, sempre compartilha informações novas.

Já comecei a escrever algumas letras baseadas nas histórias que ela conta.

— Que tal um passeio de gôndola? — ela sugere.

Acabou que eu engoli o orgulho e deixei que ela pagasse o passeio. Qualquer coisa naquele parque é caríssimo e ainda bem que Anneliese se propôs a pagar a maior parte do passeio. 

Não vou negar que estar nessa gôndola é uma merda. Minhas pernas são longas demais para isso e as cãibras foram inevitáveis. Tivemos que diminuir o tempo de 1 hora para 20 minutos. 

Eu não sou tão resistente a dor, como os outros pensam. 

Quando estávamos quase chegando a beira do lago, notamos uma figura alta e ruiva parada, nos observando.

— O que ela faz aqui? — Anneliese diz as palavras que estavam ecoando em minha mente. 

Assim que saímos da gôndola, caminhamos rapidamente ao encontro de Alina, que parecia envergonhada. Ou talvez muito queimada do sol. 

Percebo que andei mais rápido quando noto que chego antes de Anneliese. 

Não sei ao certo porquê estou com tanta pressa em chegar perto de Alina, mas ainda ignoro todos esses atos sem explicação aparente. 

— Oi… — Ela diz de forma constrangida e observa o chão. 

Anneliese finalmente fica ao meu lado e cruza os braços, observando a prima com divertimento. 

— Lin… o que está fazendo aqui? 
Alina fica mais vermelha, evidenciando suas sardas. O vestido vermelho apenas piora a aparência dela. 

Sempre achei que ruivas ficam bem com a cor verde.

— Bom, eu vim pra passear. — Alina entrelaça os próprios dedos e põe as mãos atrás do corpo. 

E cadê seu acompanhante? Minha mente insistiu em ter esse questionamento. 

— E com quem você veio? — Liezel tem um sorriso frouxo ainda.

Alina continua a olhar para baixo e logo me sinto ansioso pela sua resposta. Uma pontada de dor atinge meu peito ao imaginar com quem ela veio. 

— Vim sozinha. 

É o quê? Ela acha mesmo que vamos acreditar nisso?

Rio um pouco mais alto que o planejado e as duas olham para mim com caretas confusas. 

— Do que está rindo? — Alina questiona. 

— Não precisa mentir. 

— E por que eu mentiria? 

Aos poucos Liezel é deixada de lado naquele jogo de perguntas e respostas entre eu e Alina. 

— É óbvio que veio com alguém, você mesma falou. 

— Eu falei que iria sair, não que iria sair acompanhada. — ela cruza os braços e me observa de forma desafiadora. 

Às vezes Alina me olha daquele jeito horrível. Me observa como se eu fosse inferior.

Que seja. 

Pego na mão de Anneliese e finalmente resolvo sair de perto de Alina. 

— Bem, que tal continuarmos com o passeio? — Anneliese olha para mim e sorri.

— Claro! Já que está sozinha, que tal andarmos juntos um pouco? — ela convida a prima.

Péssima ideia. 

— Não… pretendo ir à outro lugar. — antes que Anneliese pudesse protestar, Alina sai rapidamente. 

Nós dois damos de ombro e voltamos a andar pelo parque.  

— Eu espero que não se sinta ofendido pela Alina. — pude notar vergonha no olhar de Anneliese. 

— Ofendido? — eu não me sinto ofendido. 

— Sim… Alina pode ser bem grossa às vezes. Mesmo sem perceber. — ela lambe um pouco do sorvete de flocos e continua: — Ela não faz por mal. 

Esse é o mal de patricinhas mimadas, elas são grossas e nem percebem. E as vítimas de suas grosserias que devem ser compreensivas. 

— Lin tem um ótimo coração, mas ainda não sabe confiar nas pessoas. 

Alina me lembra um pouco a Maria. Ruiva, magra e alta. 

Por causa de Maria, eu não pude mais confiar nas mulheres. Não como antes. 

Já estava tarde quando resolvemos voltar para casa. Entramos na minha caminhonete e lá ficamos por alguns minutos, conversando sobre música e coisas da vida. 

— É melhor irmos logo. — digo e logo viro a chave. Liezel me pega de surpresa ao pedir algo: 

— Primeiro vamos passar no seu apartamento? Puxa, esqueci os meus brincos lá naquele dia. 

Acho que Anneliese quis retribuir todos os dias em que saímos e nos divertimos. Fizemos sexo durante toda aquela noite.

Com uma noite tão maravilhosa e cansativa ao mesmo tempo, agradeço mentalmente que estou de folga do trabalho e da música, coisa que eu não tinha há muito tempo. 

Anneliese ainda dorme profundamente, alheia aos números do relógio. Resolvo imitá-la e tentar voltar a dormir.

Assim que acordo novamente, Anneliese me observa enquanto pega no meu cabelo. Ela desvia o olhar para o relógio e revira os olhos azuis. 

— É sério que eu vou ter que levantar? — brinca.

A contra gosto, tive de levantar, assim com Liezel.

Depois de comermos, eu a levei para casa.

— Alina deve estar uma fera. — ela comenta, antes de sair do carro. 

— Ela é como sua mãe ou algo assim? — Rio. 

— Digamos que ela se preocupa mais que o normal. 

Anneliese se despede de mim com um beijo na bochecha e sai.

Faço a curva para sair da rua e dirijo calmamente entre aquelas ruas bonitas e limpas. Até encontrar uma figura quase deplorável. 

Alina.

Oi, gentii

Sei que esse livro é uma diversão e entretenimento pra todos aqui, mas ainda assim fico bem triste em lembrar que uma leitora minha, que sempre acompanhou este livro, foi levada pela depressão.

Meu coração ainda dói toda vez que entro na pasta em que está os capítulos, os rascunhos, as imagens separadas.

Eu vou continuar a história, com certeza ❤

Peço que, se você acreditar, reze pela alma dela e pela família. Ou mande boas energias.

Obrigada por todo carinho, gente.



Eu Sou Bom O Suficiente Para Você?Onde histórias criam vida. Descubra agora