Eu acordo novamente naquele lugar. Que mania de todos de me olhar como se eu fosse um ser de outro planeta. Dessa vez tento me controlar, eu sabia que não adiantava ser bruta. Fiz tal escolha e provei das consequências. Mas de uma certa maneira, agora não era mais tão difícil controlar aquela raiva que corria sobre minhas veias, elas agora se encontravam consumidas por produtos que colocaram, para me deixar calma.
-Kate, precisamos conversa –Disse a mesma mulher de antes, porém, secamente.
-Aplicaram morfina em você também? –Digo baixo, com ar de deboche. Fico feliz por ter lembrado o nome de algo. Morfina.
-Desculpe, não ouvimos. –Disse ela junto com o homem.
-Era apenas um pensamento. –Eles concordam com meu comentário.
-Bem, ahmmm... –Um homem de jaleco branco chega, ao lado de uma enfermeira. Enfermeira- ...Kate, temos algo sério para discutirmos com você.
-Creio que eu esteja um pouco embriagada com o medicamento que me deram –Minha intenção era apenas estressa-los. Quando me tornara assim?
-Eu sei disso, era a intenção –Ele me fita sorrindo de lado. Ele entendera o jogo.
-O gatinho tem garras –Agora eu sorrio de verdade.
-Eu poderia prolongar esse discursão por horas –diz virando para meus pais- mas creio que não chegara a nenhum lugar, e esse não é meu trabalho. –Ele fica sério- Bem, desde quando você entrou em coma, a quase um mês...
"...em coma, a quase um mês..."
Como eu não percebi isso o tempo todo? Pior, por que não me lembro de nada? Que droga, as memorias que eu guardei não servem de nada, me congelo após essa revelação. Então tudo que vivi, foi... um sonho? Fictício? Mas ele me disse que...
-Kate, Kate, você está bem? –Disse aquele casal chato novamente, enquanto a enfermeira checava o meu monitor.
-Vai me desmaiar novamente? –Eu disse a ela.
-Kate, só queremos o seu bem, mas dês que você voltou só tem nos tratados mal. Precisa entender que para nós também foi complicado. Tente ficar mais calma, vai dar tudo certo –eu viro o rosto para aquele homem.
-Como vocês querem que eu fique calma? –Eu rio, mas falo em um tom sereno- Eu não me lembro de nada, eu não sei nem quem eu sou. –fito eles- É tão difícil assim entender isso? Como o doutor mesmo disse, eu estava em coma, sem nem ao menos saber, e olhem só, puft, acordei nesse mundo.
A mulher desvia o olhar de mim, e volta me olhar cinicamente, parecendo querer investigar a minha alma, já o homem, apenas olha para mim, nervoso com a minha atitude. Eu sei que estava errada por ser tão cruel, mas que agonia de todos eles, nunca querem chegar ao ponto. Que saco.
-Bem, vamos sair e depois volto para te dar o resultado –ele vira para o casal- sozinho.
Dou de ombros e todos saem, me deixando sozinha.
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O Homem de Preto
Mystery / ThrillerE como se acordasse de um pesadelo, Kate volta a vida, depois de tanto tempo em coma. Ela parece desesperada, e com razão. Não se lembra do que um dia já foi, do que aconteceu ou como chegou ali, ela só se lembra dele, e seu coração clama por sua aj...