PONTO DE VISTA DE FRANCIS ESTTEMORT
Meus olhos se abriram devagar enquanto eu percebia que mais uma vez tinha tido aquele maldito sonho, olhando para cima vi os galhos da arvore em que estava deitado em baixo, o sol ainda não havia surgido no horizonte e eu permanecia imóvel enquanto os pensamentos passavam pra lá e pra cá na minha mente sem nenhum sentido ou lógica aparente, lembrei-me do meu irmão Simon e de meu pai, lembrei-me da minha velha mãe, lembrei-me do meu mestre e de todos que haviam me deixado nessa vida. Olhei ao meu redor pela primeira vez me recordando dos acontecimentos dos últimos cinco dias em que estávamos viajando pra chegar a capital, resolvemos seguir um caminho diferente da rota comercial 1 que costumávamos seguir, tornando assim a viagem mais longa. Aparentemente teríamos que gastar bastante dinheiro alugando uma balsa para atravessar o Grande rio negro nos próximos dias para chegarmos a capital, já que centenas de carruagens de sangues ricos estavam seguindo o mesmo caminho em busca de uma viagem mais tranquila apenas descendo o grande rio.
Eu me sentei olhando no horizonte esperando o sol nascer, Henry como sempre estava dormindo até tarde, esse era um de seus maus hábitos mais irritantes, mas em paralelo com seus talentos incríveis isso podia ser relevado. Henry era o melhor arqueiro que eu havia conhecido na minha vida, mesmo não tendo conhecido muitos. Ele tinha os sentidos muito melhores que os meus, sua memoria e velocidade de tomar ações em situações perigosas era assustadora, além de seu corpo ser muito resistente, alguns anos atrás em uma missão que fomos com o velho, ele foi atingido em seu braço por um martelo de batalha, pessoas normais teriam o braço quebrado na melhor das hipóteses mas ele não, ele saiu apenas com um pequeno hematoma, o que me fez perguntar de onde ele vinha, mas nem mesmo ele faz a menor ideia de quem é ou de onde veio, ele diz que suas memorias antes de conhecer o velho e sair em viagem com ele não passam de fleches borrados sem sentido, o velho havia nos contado que ele tinha conhecido henry com um mercador de escravos, e que tinha levado ele como seu escudeiro, nada mais, nada menos que isso.
Levantei-me de onde me encontrava deixando meus pensamentos se dispersarem, olhei para Koshi, meu belo garanhão negro que tinha me acompanhado e que eu havia herdado do meu pai, ele era o único que também tinha feito parte da minha vida como o segundo filho do sangue Esttemort e o único que fazia parte da minha vida atual como Francis o viajante sem nome, mas agora eu tenho um nome, eu sou o cavaleiro Garra de trovão. Um nome meio idiota a meu ver, mas foi dado pelo meu mestre então é assim que irei me chamar já que não posso me apoderar ao nome do meu sangue. Minha família não era uma família nobre antes do meu avô, que lutou na guerra contra a horda de dez mil bestas que atacou o reino de Valgram há 96 anos, assim ele se tornou um herói de guerra e sua linhagem passou a ser considerada uma família nobre a partir daquele momento.
Foi contado a mim pelo meu irmão mais velho que meu avô era um mago, um dos dez grandes depois de Merlin, e que ninguém sabe como um sem sangue nobre se tornou tão poderoso. Ele infelizmente morreu dois anos antes do meu nascimento, mas meu irmão me contou como ele era, e que ele já tinha vivido mais de cem anos pois quando a horda de bestas atacou o reino ele já tinha por volta de seus trinta anos.
Andando em direção a Koshi que estava pastando a alguns metros de mim, me direcionei a minha bolsa que se encontrava amarrada a sua sela. Enfiei minhas mãos na bolsa e tirei um pequeno livro roxo e com detalhes dourados na capa, ele tinha vários desenhos e caracteres ilegíveis arranhados e pintados em sua superfície, suas paginas, algumas se encontravam rasgada e outras apenas com as pontas comidas pelo tempo. Eu nunca consegui ler as escritas desse livro, pois o único que meu avô tinha ensinado a ler essa paginas misteriosas tinha sido meu pai, e ainda mesmo se quisesse, faltavam 9 paginas desse livro, então seria inútil pra mim, as vezes eu desejava que meu pai tivesse me ensinado magia antes de partir para que eu pudesse entender os ensinamentos daquelas paginas. Mas infelizmente eu nunca mostrei talento pra nenhum tipo de magia, muito menos artes sagradas ou artes das trevas. Diferente de Henry que a alguns anos manifestou uma forte afinidade com artes sagradas e magia de fogo, eu não tinha nada, nenhuma afinidade, nenhuma conexão espiritual, nem nada do tipo. o que me fez escolher treinar no caminho da espada
Humanos raros tem a capacidade de dominar as 5 dominações de elementos básicos: agua, fogo, terra, ar, e relâmpago. Alguns mais raros têm acesso as dominações magicas exclusivas da raça humana, ou seja: artes sagradas, e artes das trevas. Existem outras dominações magicas é claro, mas essas são exclusivas de outras raças como artes da natureza e artes dos espíritos pertencentes aos elfos, ou arte da fusão e artes da gravidade pertencente aos anões, além de muitos outros existentes em raças como goblins, trolls, e bestas da floresta que ninguém imaginaria. A verdade é que o único mago que foi capaz de obter todas essas magias e todo esse conhecimento foi o poderoso Merlin, que a quase um milênio na guerra humana contra os elfos veio a desaparecer sem deixar nenhum rastro, essa guerra resultou na quase extinção dos elfos, e na aliança humana de escravidão com os anões.
Percebendo que eu já estava há quase uma hora parado olhando para o livro e que o sol já estava raiando, guardei-o na bolsa e me dirigi até Henry que estava deitado encolhido embaixo do grande pinheiro que tínhamos nos acomodado na noite anterior, levantei meu pé direito me preparando para dar um chute e falei:
“LEVANTE DAI BELA ADORMECIDA!”
Acertei o bico da minha bota entre suas costelas o fazendo pular de susto enquanto gemia de dor levando às mãos a costela me olhando com uma cara de desgosto me disse irritado:
“Você não pode me acordar um único dia de forma normal seu bruto?” ele resmungou enquanto se sentava.
“Se a milady acordasse sozinha eu não teria que te acordar de formas estranhas” respondi casualmente enquanto me dirigia até o cantil de agua e jogava um punhado em meu rosto.
ele me olhou seriamente e disse:
“quero mais uma revanche, idiota”.
“oh? Quer mais uma surra? Pois então se prepare madame”NOTA DO AUTOR: olá leitores, esse capitulo teve muitas explicações sobre o passado da obra, eu sei que pode ter sido meio chato mas vai ser de extrema importância para os capítulos seguintes. No próximo capitulo esperem uma demonstração de poder de ambos os personagens principais. UM DUELO ESTA POR VIR!
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CENTRAL KHAOS - Espiritos bestiais {Livro - 1}
FantasyFracis e Henry são dois aspirantes a cavaleiros em viagem pelo mundo com seu mestre Sor Gustav de Aramor. Em uma de suas viagens o mestre morre de velhice, deixando os dois aspirantes recem nomeados cavaleiros sozinhos em um mundo perigoso cheio de...