4: VALGRAM - Duelo de monstros

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PONTO DE VISTA DE FRANCIS ESTTEMORT
Estávamos nos preparando para o duelo, eu vestindo minha cota de malha velha, e colocando algumas placas de metal retorcido sobre os ombros e cotovelos, e colocando o velho capacete que costumava usar, quando vi Henry colocando o capacete e se esquecendo de amarrar a corda em baixo do queixo, eu levemente preocupado o encarei por um segundo e disse meio cansado de suas manias repetitivas:
"Henry, você esqueceu de novo" disse apontado para o queixo do meu amigo "você sempre se esquece de amarrar essa maldita corda, isso ainda vai fazer você perder a cabeça milady".
Ele me olhou com um olhar rápido e levou a mão ao queixo, percebendo que eu realmente estava certo, ele abaixou a mão novamente e disse:
"Qual o problema? Você nem vai encostar na minha cabeça de qualquer jeito" ele disse colocando a língua pra fora. Por deus! O quão infantil ele conseguia ser? Esse pensamento era frequente enquanto se vivia com Henry, ele era a pessoa mais imatura que eu conhecia, mas eram essas atitudes que tornavam a vida um pouco mais divertida.
Eu me virei com um sorriso de canto de rosto e disse:
"Eu não gosto de bater em damas mas pelo visto terei que te espancar pra você demonstrar um pouco de respeito" meu tom de zombaria era mais que evidente, mas ele ficou levemente irritado, e era isso que eu queria. É simplesmente impossível eu derrotar ele no meu estado atual, ele é infinitas vezes mais rápido, mais inteligente, mais ágil, e se cansava menos que eu, além de ter passado alguns anos a mais treinando com o mestre antes mesmo de eu conhece-los.
Saquei minha espada com a minha mão esquerda e preparei minha manopla para minha mão direita. Está na hora.
PONTO DE VISTA DE HENRY DEATHEART
Minhas mãos tremiam levemente de excitação, já havia alguns meses que eu e Francis não duelávamos em treinamento, ele sempre foi mais forte que eu, em força bruta ele vencia e muito, mas ao contrario dele eu era incrivelmente difícil de cansar, eu poderia correr quilômetros sem perder o folego, e meus sentidos além da minha visão e do meu rápido processamento das coisas a minha volta me faziam igualar a ele, mas obviamente um arqueiro não teria como bater de frente com um guerreiro, muito menos com um de grande força como Francis que era ambidestro e tinha grande maestria com a espada, então eu desenvolvi uma forma de lutar contra ele, especificamente contra ele, eu sabia seu ponto fraco, mas ele também sabia o meu, e isso me irritava um pouco. Então eu aprendi a vence-lo no cansaço, minha técnica de batalha frente a frente era horrível, eu tinha que admitir, mesmo praticando durante anos a técnica de adagas duplas que aprendi do velho Gustav, eu ainda era um lixo nesse tipo de luta, mas com a minha velocidade combinada com minha habilidade de prever movimentos, eu era imbatível.
Sorri e acenei com a cabeça, ele acenou de volta. O duelo havia começado.
Me lancei rapidamente em um pulo girando em meu eixo para o lado esquerdo, em um segundo os dez metros de distancia haviam sumido, eu estava bem abaixo de Francis que já tinha sua espada levantada preparado pra me desferir um golpe mortal, foi quando eu usei o impulso que rinha conseguido no meu primeiro salto para pisar com meu pé direito me lançando para cima em uma fração de segundos enquanto seus olhos tentavam me acompanhar, eu impulsionei meu corpo com todas as minhas forças para baixo, deixando a gravidade aumentar a força do meu golpe, acertei sua nuca com meu cotovelo enquanto caia, aterrissando no chão logo atrás dele, observei enquanto Francis tentava retomar a compostura e se estabelecer em pé novamente, ele havia caído de joelhos usando a perna direita de apoio para se sustentar a não cair de cara na grama esverdeada sobre nossos pés.
Ele me surpreendeu quando ainda de joelhos girou seu torço pela esquerda me desferindo um golpe de sua espada na placa de metal em minhas costelas, faíscas soaram, o som de metal raspando em metal foi como um chiado fino, foi então que eu senti a absurda pressão de seu golpe, era isso que eu queria evitar, meu corpo foi lançado a cinco metros de distancia enquanto eu rolava duas ou três vezes mais, senti uma forte dor irradiando de minhas costelas onde havia recebido o golpe com toda aquela força em cheio. Minha consciência vacilou por uma fração de segundos, foi o suficiente para Francis se estabelecer sobre mim com seu punho serrado em pura força massiva prestes a me atingir com um golpe que certamente iria me nocautear se atingisse.
PONTO DE VISTA DE FRANCIS ESTTEMORT
Esse seria o golpe da minha vitória, seu olhar de surpresa me fez dar um leve sorriso enquanto meu punho se aproximava dele, mas como se ele tomasse uma decisão, Henry se lançou em direção ao meu punho, deslizando sua palma aberta sobre a parte superior do meu antebraço, ele usou a força gravitacional para lançar meu soco em direção ao chão em um milésimo de segundo, meu punho acertou o chão destruindo a grama abaixo dele e me fazendo ficar mais cansado, juntar essa quantidade de força em cada golpe me esgotava infinitas vezes mais do que dar um soco normal, por baixo da cota de malha eu podia sentir o suor descendo, e pelos meus cabelos o suor entrava em meus olhos me deixando com uma vontade louca de piscar, mas se eu piscasse por um misero segundo seria meu fim, Henry então usou a palma ainda aberta de sua mão para desferir um ataque sobre meu queixo me lançando para trás, usando esse impulso eu me coloquei em pé e usei seu único segundo de distração para girar meu corpo em torno de mim mesmo segurando minha espada com as duas mãos, usei o giro para dobrar as minhas forças e lhe acertar um golpe, o mais forte que consegui em seu capacete, as faíscas voaram loucamente com o som de metal raspando em metal, e deslizando sobre a superfície lisa do capacete, o som da pancada desajeitada e pesada foi estridente e agudo, então capacete foi arrancado da cabeça de Henry e jogado a cerca de 15 metros de distancia, Henry caiu no chão, enquanto sua consciência vacilava, eu arregalei meus olhos em puro espanto e gritei de raiva:
"IDIOTA! VOCÊ NÃO AMARROU A DROGA DA CORDA EM SEU QUEIXO! QUER SER DECAPTADO?" a espada em minha mão caiu quando eu soltei, pulando em direção ao meu amigo eu lhe ofereci minha mão enquanto eu o segurava nos braços em total desespero. Ele abriu seus olhos...
Em uma fração de segundos Henry se levantou de sua queda me jogando para trás me imobilizando no chão com uma adaga contra meu pescoço desarmado, me deu um olhar de sarcasmo e alegria ainda meio zonzo e me disse sorrindo:
"Touché!" ele cuspiu enquanto eu franzia a testa em questionamento "com isso são 1439 vitorias contra as 1398 vitorias suas!".
Eu olhei com uma cara de nojo e total repulsa enquanto disse:
"...filho da puta..."



NOTA DO AUTOR: olá leitores, espero que tenham gostado do primeiro capitulo de batalha dessa obra. NOS VEMOS NO CAPITULO 5!

CENTRAL KHAOS - Espiritos bestiais {Livro - 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora