Entre livros e atrasos [wyf+hzt]

Quatro

Em toda sua vida Wu Yifan era visto como um sinônimo de força e coragem, mesmo sem nunca ter dado demonstrações de tais características. Isso tudo se dava ao fato de ser um alfa lúpus. Óbviamente que fatores como sua altura, porte físico e a feição de mau que carregava consigo também ajudaram a construir sua reputação.

Zitao jamais mentiria se lhe perguntassem se era isso que tinha achado do alfa em questão a primeira vez que o viu. Tudo contribuía para ter essa visão do mais velho. O Huang poderia imaginar várias cenas perfeitas para estar ao lado do mesmo.

Porém, nunca tinha passado pela sua cabeça que, em plena luz do dia, estaria correndo pela livraria atrás de Yifan com um chinelo na mão, com o mais velho desesperado implorando por sua ajuda.

— Tira! Tira! — ouviu Kris choramingar.

— Yifan! Fica parado! — gritou.

Quem via de fora achava que o alfa tinha feito alguma coisa para irritar o ômega; uma cena bem cômica. No entanto, todo esse escândalo era pelo simples fato de ter uma barata voando atrás do Wu.

Em uma das fileiras que entrou enquanto corria, Yifan percebeu que estava sem saída daquele corredor. Por um momento, pensou em ajoelhar no chão e implorar por sua vida — bem dramático! —, porém o lúpus teve sua atenção presa pelo estalo alto do chinelo batendo no chão.

— Matei! — Zitao comemorou, ofegante.

— Ainda bem! — o mais velho disse entre suspiros, aliviado.

— Eu tô’ morto! Kris, você corre muito. — reclamou. — Que tipo de pessoa corre tanto assim por causa de uma barata?!

— Ei! — se indignou. — Em minha defesa: ela estava voando. — cruzou os braços como uma criança emburrada. — Não existe pessoa corajosa suficiente quando esse bicho começa a voar.

— Claro, claro… — zombou. — Bem, como eu estava dizendo antes do seu surto… — deu ênfase. — Amanhã só abriremos na parte da manhã, e só reabriremos no dia 26. Como a data de devolução dos livros que você pegou é no dia 25, você não vai precisar pagar a multa dessa vez. — sorriu de canto. — Mas, você tem que devolver no dia 26. — reforçou.

— Farei o meu melhor! — sorriu.

— Ótimo! — o ômega respondeu. — Nem acredito que amanhã já é a véspera de natal! Eu tô’ muito ansioso! — deu um gritinho de alegria, sorrindo.

— É… 

— O que foi? Não gosta do natal? — questionou.

— Não é que eu não goste do natal… — começou. — Eu só não tenho o hábito de festejar ele.

— Eu não acredito nisso… — Zitao disse, frustrado. — Tinha que ter algum defeito mesmo… — murmurou para si mesmo.

— O quê?

— Nada! — respirou fundo. — E por que você não comemora?

— Eu não sei, minha família nunca foi muito de comemorar essas datas. Raramente fazíamos alguma coisa no natal, e agora que eles estão em outro país eu não tenho o porquê comemorar.

— E você vai passar o natal sozinho, Fan? — franziu as sobrancelhas, parecendo preocupado.

— Bem, sim… — respondeu, dando de ombros.

— Nada disso! — o ômega fez um leve biquinho, chateado. — Não pode passar o Natal só… — cruzou os braços. Yifan mentiria se falasse que não achava engraçado o ômega estar se preocupando tanto com o seu natal. — Você vai passar o Natal na minha casa! — disse, como se tivesse tido a melhor ideia do mundo.

— Na sua casa?! Ficou doido? — Kris questionou. — Não posso passar o Natal na sua casa, Zitao.

— E por que não?

— Porque… 

O que responderia? Claramente não tinha uma desculpa para não passar o natal com o ômega. Além disso, não queria deixar o Huang chateado e nem preocupado consigo.

— Vamos, Fan! — pediu manhoso. Com o tempo, Zitao percebeu que Yifan cedia fácil aos seus pedidos quando fazia alguma manha. — Vai ser tão legal…

— Ok. — o alfa concordou.

— Isso! — Zitao comemorou, e teria continuado a celebrar se não tivesse sido interrompido pelo Wu.

— Taozi? — foi respondido com um “hum?”. — Não entra em pânico, mas a barata está no seu cabelo…

Demorou cinco segundos para Zitao raciocinar a frase do lúpus, e quando a ficha caiu, não conseguiu controlar o grito de pavor que soltou, antes de começar a correr pela livraria como um louco, dessa vez com Yifan atrás de si, pronto para lhe salvar.

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