Entre livros e atrasos [wyf+hzt]

Três

Yifan andava pelas ruas em direção à livraria onde o Huang trabalhava. Não que tivesse algum livro para devolver ou algo do tipo, ele apenas tinha um tempo livre e uma vontade de rever o ômega com olheiras de panda.

O Wu tinha terminado o livro que o mesmo o indicou e particularmente tinha adorado, o que rendeu um belo sorriso do ômega quando disse sua opinião sobre — e também muitas brincadeiras da parte do ômega, que caçoou do fato do alfa se atrasar mais uma vez para devolver o livro —. É claro que Zitao ficou tão cheio de si que acabou lhe indicando uma pilha de livros que julgou ser do gosto do lúpus, e Yifan não achou nem um pouco ruim.

Se surpreendeu ao entrar no local e não encontrar ninguém, nem mesmo Zitao. 

Se aproximou do balcão, respirando fundo e podendo sentir o cheiro do ômega. Olhou para os lados e não conseguiu segurar a risada ao avistar o mais novo dançando de um jeito totalmente desengonçado com seus fones de ouvido enquanto pendurava uma bola vermelha brilhante na árvore de natal.

Ficou parado, admirando o mesmo com um sorriso no rosto. Durante um giro que Zitao ia fazer ele percebeu o alfa ali, parando de dançar na hora, ofegante.

— Oi! — disse, retirando os fones de ouvido que tocavam uma música bem alta. — Há quanto tempo você tá aí? — questionou.

— Tempo o bastante para apreciar o show. — zombou, recebendo um “engraçadinho” resmungado. — O que está ouvindo?

— First Christmas That I Love You. É do filme “Let it snow” da netflix. Apesar de eu preferir mil vezes o livro, a música é bem viciante. — explicou. — Enfim, veio pegar algum livro hoje? Ou devolver? Por que se for isso, tenho que dizer que estou surpreso por conseguir entregar antes do prazo.

— Não, não. Eu vim à toa mesmo… — deu de ombros, disfarçando ter ficado sem graça.

Por um minuto o alfa quis se bater. Óbvio que durante o percurso ele não pensou em uma resposta boa para a pergunta que o ômega com certeza faria. O que ele deveria responder? “Eu vim aqui porquê senti falta de conversar com você” não lhe parecia uma boa opção. 

— A decoração está linda! — desconversou. — Já terminou? 

— Falta só enfeitar a árvore. — apontou para a árvore grande atrás de si, dando de ombros.

— Quer ajuda? Vai ser mais rápido com duas pessoas fazendo… 

— Sim! — Zitao aceitou prontamente. — Vem! — chamou, dando brecha para o lúpus se aproximar. — Vamos fazer assim: você enfeita aquele lado e eu enfeito esse, pode ser?

— Sim. — disse, indo para o outro lado.

— As cores serão vermelho e dourado, e dê preferência para as bolas com glitter, porque elas são mais bonitinhas. — instruiu. — Comece de baixo para cima.

O lúpus concordou, pegando uma bola dourada e pendurando na árvore, da maneira que o ômega havia dito. Ficou concentrado pendurando os enfeites e quase se assustou ao sentir Zitao colocar um lado do fone em seu ouvido, logo podendo ouvir a melodia da música que o ômega escutava anteriormente.

Olhou para o mesmo que mantinha um sorriso enquanto o encarava, como se esperasse alguma coisa de si.

— Tem razão, a música é boa. — disse, vendo o sorriso do ômega aumentar e o mesmo começar a enfeitar o seu lado da árvore.

Não há nada que eu não tenha sentido antes

Garota, algo aqui está diferente

Eu não poderia esconder nem se eu tivesse quê

Garota, isso nem é Natal

Eu não posso acreditar que é o primeiro

Natal que eu te amei

A letra da música juntamente com a batida tornavam a música bem “aconchegante” para se ouvir. Era como um abraço quentinho durante um frio de inverno. 

Yifan às vezes se pegava encarando o ômega concentrado no que fazia, e era quase impossível não associar ele com a música. Ambos seguiram em silêncio fazendo a tarefa de decorar, apenas escutando a música. Mesmo com o silêncio o ambiente não era incômodo para os dois.

E enquanto voltava a se concentrar em apenas decorar a árvore, em seu íntimo Yifan declarou que aquela música seria dos dois.

xXxXxXx

— Agora falta só as luzes! — declarou o ômega, suspirando de alívio. 

— Tá com fome? — Yifan perguntou vendo Zitao concordar. — Que tal você colocar as luzes e eu ir pegar algo pra comer? 

— Seria ótimo, obrigado! — sorriu. — Traz um capuccino e um donut com bastante chocolate pra mim, por favor?!

— Ok! — respondeu, saindo da biblioteca.

O Wu entrou na livraria novamente tentando equilibrar os lanches nas mãos, fechando a porta com o pé com o máximo de cuidado. Procurou o ômega e o encontrou sentado no chão em frente a árvore, se encostando em uma das estantes de livros e lendo um livro  — que pelo estado das páginas já estava bem desgastado.

Zitao sentiu a presença do mais velho e o olhou, sorrindo levemente enquanto o alfa se sentava ao seu lado, lhe entregando sua comida.

— O que está lendo? — o lúpus perguntou, com sua voz rouca.

— Orgulho e preconceito, da Jane Austen. — sorriu e depositou o livro ao seu lado. — A primeira vez que eu li eu infernizei minha mãe para deixar eu ficar com ele. — riu fraco, sendo acompanhado pelo alfa.

— É tão bom assim? — Yifan perguntou.

— Tá brincando?! É meu livro preferido de todos! — deu ênfase no “todos”.

— Talvez eu deva ler então… — jogou a frase no ar.

Zitao o encarou e mordeu levemente o lábio inferior. Seu olhar era de curiosidade e admiração, como se tentasse decifrar o significado da frase. 

Yifan queria dizer que leria por ser apenas uma indicação sua ou que leria por ser um livro importante para si?

— É… Talvez deva mesmo… — respondeu calmamente. — Bem, agora que você chegou eu vou ligar as luzes da árvore. — mudou de assunto, engatinhando até a árvore e conectando o fio das luzes na tomada.

A árvore se acendeu, realçando sua decoração e embelezando ainda mais o ambiente.

Zitao voltou para sua posição anterior, ficando sentado ao lado do Wu. Deu a primeira mordida em seu donut enquanto olhava para a árvore, percebendo que Yifan fazia o mesmo com um sanduíche.

Nenhum dos dois ousou falar algo. Não era necessário. 

Apenas ficaram curtindo a presença um do outro enquanto admiravam a árvore de natal que, assim como o ômega e o alfa, se encontrava incrivelmente iluminada naquele momento.

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