Capítulo 1 Amantes Ocultos

1.1K 66 29
                                    

SÉCULO XVIII

1750

Navegando no Nau — um navio de grande porte — os portugueses buscavam por novas terras para colonizar e tesouros para possuir. Saíram de Portugal há três dias a mando do Rei José I, e demorariam no mínimo mais dois dias para encontrar o território brasileiro. Optaram por seguir uma rota diferente dos outros capitães, que já descobriram terras fartas e muitos índios que seriam catequizados em breve.

O capitão designado já havia divido os grupos de exploração, seis em cada devia bastar para explorar qualquer lugar. A infantaria a bordo vestia fardas de cor cinzenta clara de corte amplo, alguns sem abas, com chapéus grandes. No coldre preso a cintura carregavam suas garruchas, bem como a bainha onde depositavam suas espadas. Os uniformes os deixavam mais atraentes e, caso tivessem sorte, encontrariam alguma índia sozinha vagando por uma das muitas vastas florestas.

Navegavam pelo oceano com as inquietas ondas se partindo. Os ventos respiravam esbravejantes, uma brisa suave e refrescante chocava-se nos corpos de alguns trabalhadores suados, concedendo-lhes um pouco mais de fôlego.

Francisco Tiago tinha apenas dezoito anos quando se alistou, agora com seus vinte anos, conseguiu experiência o suficiente para viajar em alto mar com seus parceiros de armada. Razoavelmente alto, seus cabelos iam até a nuca, ele tinha um corpo bastante trabalhando para um jovem. Conhecia muitos colegas há um tempo, no entanto, aquela era sua primeira viagem. Com os braços cruzados nas laterais do convés, apreciava o pôr do sol lindo. Ansiava para colocar seus pés em terra firme, o fato de ser sua primeira exploração o deixava agitado de uma maneira boa.

A aurora acalmava seus ânimos, precisava de tranquilidade, estar com a mente focada somente no seu objetivo. Ao contrário dele, muitos homens continham raiva de estarem muito longe de suas famílias, angustia por não conter nenhuma mulher no meio de tantos fedorentos.

Inclinando o pescoço no intuito de virar a cabeça para a direção norte, na proa do navio o capitão e seu segundo no comando, Pedro Gonçalves, discutiam calorosamente. Discordavam sobre o que fariam na exploração, sobre o Padre que Pedro insistia em levar. O capitão tinha receio de colocar a vida do homem em perigo.

Fungando bastante e sem escrúpulos nenhum, Gonçalves saiu a passos pesados percebendo que o capitão sequer pensaria na ideia. Passando por Tiago, seus olhos focaram-se na sua nuca.

— Vá aos meus aposentos. — Ordenou Pedro, prosseguindo pelo convés, causando na madeira sons irritantes com suas botas.

Tiago olhou rapidamente de relance na direção do capitão, encontrava-se tão distraído que só olhava para o horizonte. Seus ombros subiam de cima para baixo, o calor de uma discussão sempre o deixava enraivecido, calma passava longe de ser uma de suas qualidades. Percebendo que não seria levantada nenhuma suspeita, Tiago esperou que Pedro entrasse no interior do lugar e, em seguida, o seguiu como ordenado.

Seus companheiros conversavam animadamente, alguns já experientes nesses tipos de viagens. Seu grupo tinha outros três homens e um padre que não era íntimo, na viagem poderia estender esses laços. Abriu a porta e entrou, andou um pouco até chegar no corredor com poucos quartos onde deviam dormir no mínimo sete homens em cada um. Os privilegiados eram o capitão e o vice, pois cada um continham seu próprio quarto.

Pelo tempo que passou a Lua já devia ter emergido, emitindo seus raios lunares intensos. No corredor, caminhou até o penúltimo quarto, onde Pedro devia estar. Tocando na maçaneta, temeroso e ao mesmo tempo empolgado com o que estava prestes a acontecer, Tiago adentrou o pequeno lugar.

Colocando o chapéu de lado, Pedro agarrava os fios de cabelos curtos com ambas as mãos, o ódio visível nas expressões angustiadas. Notando a presença de Tiago seu coração pode se aquecer numa pouca tranquilidade. Levantando-se, o encarou seriamente.

Alamoa - A Dama De Branco (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora