Capítulo 11: Irresistível

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Mesmo que a chuva já tivesse ido embora, Alves, Pereira e Afonso tinham bastante medo de colocarem os pés no chão novamente. Tinham segurança nos galhos, mas bastante tempo já havia passado, e por algum motivo, o sol não aparecia. Pedro achava que a mente podia estar dando a impressão de que tudo passava rapidamente.

O vento soprava, carregando fluídos gelados de água das folhas, respigando na pele morna dos homens, fazendo seus dentes trincarem e seus braços envolver o corpo. Se continuassem lá em cima o frio mataria os três.

Pedro engoliu em seco, inclinando-se para colocar o pé no primeiro galho abaixo.

— Que pensa que está fazendo? — Perguntou Alves, exasperado. — Iremos morrer.

— Prefiro morrer lutando lá embaixo, do que desistir da minha vida e morrer de frio aqui em cima!

Pedro encarou novamente o chão onde havia um rastro de sangue, sangue de um dos seus, de Pereira.

Institivamente seu olhar vagava para a direita e esquerda sempre que colocava os pés em um galho, caso enxergasse qualquer sinal daquelas criaturas voltaria para cima velozmente. Conseguindo chegar sem nenhum arranhão e com a certeza de que nada havia a temer, chamou os outros dois.

Afonso teve de ajudar Alves a descer, este estava mais cansado fisicamente e mentalmente. Os três seguiram no caminho contrário ao da casa de Alamoa, não tinham mais garruchas, somente as espadas. Duvidavam muito que só isso fosse capaz de acabar com aquela coisa.

Pedro tinha de colocar para fora o que estava preso na garganta, uma dúvida que esclarecida poderiam usar para sobreviver.

— Por qual motivo acham que ela fugiu quando a chuva caiu e os trovões ecoaram no céu?

Afonso e Alves cruzaram os olhares muito rapidamente, agora com a dúvida pairando.

— Talvez tivesse medo. — Afonso expressou. — Talvez não suporte os sons dos trovões e raios.

— Por isso ela tem as criaturas, nessa floresta deve chover bastante. — Falou Alves, como se peças de um quebra-cabeça estivesse se encaixando. — Então no primeiro som estridente, ela foge para sua casa e solta as criaturas, certificando-se que ninguém consiga escapar desse inferno.

Pedro se virou e os três se encararam, tendo o mesmo pensamento.

— A chuva parou, significa.... — Afonso arregalou os olhos.

— Que ela mesma virá nos caçar agora! — Pedro falou, sacou a espada e se preparou.

Afonso repetiu o movimento e removeu a espada da bainha. Alves não tinha nenhum meio de se proteger, a bruxa devia ter tirado suas duas únicas armas, só conseguiu recuperar sua farda.

— Como ela o capturou? — Afonso indagou.

Alves engoliu em seco, a resposta na ponta da língua. Tinha medo de que as palavras que saíssem da sua boca soassem mentirosas. Confessar que ele, um soldado altamente treinado deixou-se levar pelo encanto da voz de uma simples mulher seria muita humilhação. Mas ali, no meio da mata, sem opções, toda informação tornava-se útil.

— Ela consegue seduzir suas vítimas homens pela voz. — Alves, vendo o semblante franzido dos companheiros, tenta arranjar motivos. — Talvez seja algum tipo de encantamento ou feitiço, mas seja o quer for, tentem não escutar.

Pedro acenou na direção de Afonso, então os três continuaram caminhando. Pensaram que iriam encontrar um morro ou desfiladeiro, em vez disso encontraram um bosque mínimo, onde no centro havia uma pequena cachoeira derramando-se num lago circular pequeno. Os soldados ficaram desapontados, não havia por onde prosseguir, tinham de retornar.

Alamoa - A Dama De Branco (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora