Capítulo 3 - A Fuga da Prisão

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  Cido notou que as coisas frias onde suas mãos e pé estavam apoiados eram uma espécie de painel eletrônico para leitura de digitais ou coisa do tipo.
     Logo após a fala da bela jovem, ouve-se um som de alerta eletrônico acompanhado de uma fala robótica:
     — Sacrifício imortal aceito! Entidade desconhecida... favor aguardar e realizar a identificação perante as autoridades competentes. Aguarde no local para revelar seus argumentos e aguardar seu julgamento! As autoridades já estão a caminho!
     O alerta eletrônico continuava repetindo isso várias vezes, enquanto a jovem logo se manifesta:
     — Psiu! Não fique aí parado! Abra essa porta depressa!
     Atônito, Cido ficou meio imóvel por uns segundos em meio àqueles sons eletrônicos e às falas da jovem. Finalmente ele se dirige até a bela figura, que está enjaulada. De frente à cela havia outro painel, que ele por instinto aciona com a palma de sua mão direita, libertando a moça.
     — Abençoado!! Mil graças à você, amigo meu!! Venha! — diz a bela criatura puxando-o pelo punho por um pequeno corredor.
     Ela faz um movimento com a mão de olhos fechados e concentrada, até que uma porta estreita se abre dando acesso à uma saleta protegida por um campo de força que impede a entrada.
     — Quem é você, e que diabos de lugar é esse? — pergunta Cido, totalmente desbaratado.
     — Espere... — diz a moça quando faz uma concentração impondo sua mão direita firmemente entre si e o campo de força à sua frente e a mão esquerda e seu braço esticados e enrijecidos para trás. Ela mantém seus braços e mãos em absoluta imobilidade em contraste com seu corpo que respira profunda e serenamente, criando uma aura ligeiramente luminosa em seu corpo.
     Ela transfere a luz para sua mão e ela começa a fluir para o campo de força criando um buraco que aumentava de tamanho. De olhos fechados ela ia tendo sucesso aos poucos, enquanto Cido admirava perplexo aquela cena fora do normal.
     Uma espécie de holograma aparece ao lado direito da jovem:
     — Pare o que está fazendo e entregue-se, Hadazu...isso não leva a lugar nenhum!
     — Cale-se maldita traidora!
     Imediatamente chegam dois homens velhos vestidos de branco com um utensílio que mais parece um bastão:
     —Hadazu, de joelhos, por favor...não queremos te machucar com isso. — diz o mais gordinho.
     Quase chorando ao ver os dois, a bela jovem Hadazu olha com tristeza pra Cido, e com sua mão esquerda ela o agarra pelo pescoço forçando um beijo onde começa a sugar parte de sua alma luminosa, o que lhe dá a Hadazu um poderoso vigor, aumentando em muito a luz de sua outra mão, conseguindo romper com força o campo de energia da porta.
     Mas isso deixa Cido muito esgotado e com suas sobrancelhas e algumas mechas de cabelo esbranquiçando-se ligeiramente, deixando-o um pouco sem fôlego, mas ao mesmo com ar de surpresa e um pequeno sorriso numa cara de bobo por ter recebido um beijo de alguém assim divinalmente linda como aquela criaturinha.
     — O que você fez comigo?! — indaga Cido, passando a mão na própria nuca e na testa, tentando reaver o equilíbrio ao mesmo tempo em que saboreava a recente lembrança, com cara de bobo, daquele majestoso beijo sem-igual.
     — Venha! - grita ela enquanto rapidamente entra e puxa o atônito Cido consigo.
     O campo de força se fechou novamente após a entrada dos dois, mas eles agora se encontravam numa saleta...literalmente um cubículo muito iluminado. Mais iluminado que o resto do local do lado de fora.
     Aliás, todo o ambiente tinha uma coloração levemente parda nas paredes, e marrom nos pisos, cujos materiais de confecção são totalmente desconhecidos à olhos humanos. A iluminação do ambiente não se dá por lâmpadas de nenhum tipo: é como se a luz pertencesse ao próprio ambiente, sem se saber jamais de onde vem a fonte.
     Na saleta onde se encontravam haviam alguns objetos estranhos protegidos por uma camada de cristal e também uma porta pardo-esbranquiçada.
     Os dois guardas chegam com seus bastões, apertando um comando pra desativar o campo de força, e Hadazu rapidamente abre a porta, mas pra sua decepção o campo de força também a impedia de fugir por aquele lado, só lhe restando uma saída:
     — Estou fraca ainda...e sem minhas armas — diz ela, testando seu poder entre as mãos, e assim que ela ouve o ‘click’ do comando eletrônico de neutralização do campo de força, Hadazu mais uma vez não vê outra alternativa: ela novamente agarra Cido, beijando-o e desta vez sugando um bocado mais de sua luz vital, dando à belíssima jovem uma aura poderosíssima, e deixando Cido de cabelos quase totalmente brancos e com olheiras além de uma aparência de claro abatimento, sem ar.
     Os guardas desativam o campo e disparam nela com perfeita rapidez e pontaria, mas atingem somente o campo de energia da porta de saída que ainda estava ativo pois, eles desativaram somente o campo da entrada. Mas Hadazu se tornou translúcida e como se fosse um espírito  voa na direção dos dois, pegando seus bastões com extrema força, e fazendo os dois dispararem um contra o outro, que acabam desmaiando com o choque do feixe semielétrico.
     Cido estava caído por causa do roubo de suas forças, e graças a isso não foi atingido pelos guardas naquele momento.
     — O que você fez comigo? – pergunta ele se sentindo como que definhando por dentro.
     — Cale-se, por favor...é só um empréstimo. Vou tirar agente daqui senão dessa vez eles matam nós dois. — diz a moça, pegando a plaquinha de identificação do guarda que inseriu o código, abrindo-a, e inserindo novo código no painel, que desativa o campo da porta de fuga.
     O estridente alarme de alerta continua soando por todo o ambiente, enquanto repetitivos hologramas de vários homens e várias autoridades lhe aparecem do lado como que num passe de mágica, sempre pedindo pra ela se render, se entregar, desistir, ...uns dizendo que aquilo não levaria a nada, e outros com diferentes blábláblás, aos quais ela ignora. Mas num em especial ela presta atenção novamente, e responde antes mês o que a moça do holograma diga alguma coisa:
     — Ah! Veio rir de mim, traidora?
     — 10%. 10% e eu te ajudo a tirar você daí.
     Nesse mesmo instante, antes dela responder, chegam dois arquimagos com cajados e túnicas brancas vindo pelo mesmo caminho de onde vieram os guardas.
     — De joelhos! — logo diz o mais velho, enquanto o outro apontava-lhe o cajado sinalizando pra ela desistir.

O Precipício da Discórdia - A Saga de CidoOnde histórias criam vida. Descubra agora