Capítulo 4 - A Batalha entre Arquimagos, Bruxas e Soldados de Armamento Pesado

4 1 1
                                    


Em pânico, Hadazu pula pra cima de Cido e o arrasta pra saída cura, mas de repente o arquimago mais jovem se teletransporta pra frente dela, ficando cara-a-cara, bloqueando a saída.
- Não me obrigue a feri-la, Hadazu... você ainda tem prestígio, não estrague mais coisas que você já estragou... aceite. - diz numa quase paternal voz, Ló, o jovem arquimago no mesmo instante em que o mais velho a cerca por trás com um arco na outra mão, que é um tipo de algema inibidora pra ela colocar as mãos dentro.
- Estique suas mãos, jovem. - diz calmamente o mais velho.
Hadazu já ia entregar-se até que o holograma de sua conhecida lhe aparece novamente. Somente ela pode ver este holograma, do qual nem os arquimagos tem conhecimento:
- E agora, sua teimosa maluca? Está satisfeita? 30% agora, última chance, ou diga adeus a sua existência.
- 30%?! Agora sim eu lhe conheço , hein. - responde Hadazu para sua velha ex-tutora com raiva e desdém, mas acuada, responde totalmente contrariada - Feito, gananciosa...
- Vale-tudo até a morte?
- Vale-tudo até a morte! - confirma a desesperada Hadazu.
- Está delirando, Hadazu? - pergunta o mais jovem.
- Você está conversando secretamente com alguém, por acaso? Seja com quem for, isso não irá te salvar...ande! Solte a criatura animal e estique as , minha cara.
Hadazu então põe Cido, cujos ossos já começam a aparecer, revelando-se sob a pele e as carnes já escassas, como se estivesse subnutrido há vários meses, no chão, e ele, com aquelas olheiras e respiração ofegante de tanto que foi sugado pela sua nova companheira, mal tem forças pra se manter respirando direito, cuja morte parece iminente.
Como que demonstrando passividade, ela lentamente estica seus braços, mas para, pra fazer uma pergunta:
- Vocês querem mesmo seguir uma pedra?
Os dois hesitam por um momento...o mais velho se sentindo insultado, até que um clarão ofusca o olhar de todos ali, menos o de Hadazu, que sabendo do foto sincronizado, fechara seus olhos exatamente no instante preciso, agarrsndo novamente o já esquelético Cido, e empurrando o jovem arquimago para o lado, enquanto pula no fosso escuro em queda livre.
Cido tirava fôlego sabe-se lá de onde para gritar de medo da queda, o que chama a atenção dela:
- É só uma quedinha de nada...você vai sobreviver, comenta a mocinha, já se sentindo mais animada e com esperança.
Logo, o holograma da mulher lhe aparece:
- Deu certo? Onde você está agora? Está fora do mapa.
- No fosso! Em queda!
- Ops... sem elevador reserva quando se tem prisioneiros? Não sabia disso...então você vai morrer se você se espatifar no chão?
Ainda em queda livre, Hadazu chega ao fundo, fazendo um rápido movimento com a mão e o pé direito, plainando no ar, à meio metro de altura, carregando Cido ainda acordado e zonzo.
- Ah! Tinha me esquecido...problema ambulante não morre. - acrescenta sua velha tutora no holograma.
O fosso era estreito demais, circular com uma área de aproximadamente dois metros quadrados, e completamente escuro, exceto pela baixa iluminação de suas vestes e cabelos brancos.
Havia uma pequena porta de saída que estava trancada por dentro, mas isso era fácil de resolver, bastando ela se agachar e mover a abertura da tranca cineticamente, mas assim que ela se agacha, os dois arquimagos a alcançam, e desta vez, ali mesmo, naquele espaço estreito e confinado, ambos disparam contra ela, que larga Cido imediatamente e desvia.
Por sorte, Cido está caído no chão, e começa a ser pisoteado acidental e ocasionalmente pelos três enquanto lutam entre si.
Os arquimagos mal conseguiam mover seus bastões pra atacar feixes de gelo na moça, que muda de aparência nocivamente, movendo-se da forma mais inteligente que se possa imaginar, esquivando-se dos ataques, e na verdade, dos poucos ataques, pois ela toda vez pegava na outra ponta dos bastões deles por baixo, atrapalhando-lhes o manejo, e os mordia, e sempre ou quase sempre que os mordia, arrancava um pedaço de suas carnes, mastigando e fortalecendo-se, enquanto eles a golpeavam desesperadamente com choques e cortes de gelo, que não afetavam Cido porque ela o protegia com uma espécie de campo de força, ou escudo.
Na verdade, ela e os arquimagos se ergueram pelo menos meio metro acima do chão enquanto tentam lutar ali totalmente apertados, e o escudo sobre Cido passou a protegê-lo dali em diante, tanto dos pisoteios iniciais, quanto dos destruidores ataques mágicos...
Se fosse uma luta em campo aberto desarmada contra dois arquimagos, ela não teria a mínima chance nem sequer de fugir, mas o ambiente lhe favorecia, apesar de que algumas de suas mordidas causavam feridas nela mesma, quando os arquimagos energizavam o local no momento da mordida.
O mais velho arquimago já estava irritado com o fato dela ficar mais atrapalhando os dois, jogando um contra o outro naquele estreito espaço do que lutando pra valer, e pra piorar, sempre que ele voa pra cima pra tomar distância dela e atacar de longe, ela o puxa pelo pé e morde mais forte, e ele não tem como realizar um ataque poderoso sem ferir seu companheiro, que mais o atrapalhava do que o ajudava...e a recíproca era verdadeira: foi uma má estratégia irem os dois juntos até ali.
- Vamos pra cima, pare de bater contra a parede, Raw!
- Vamos!
Foi nesse momento que Hadazu se aproveita a distancia tomada entre o velho e o jovem, e agarra o jovem arquimago Raw, dando-lhe um mortífero beijo, sugando tanto quanto pode de seu poder e o empurrando também pra cima, contra o corpo do velho, sem lhe dar chance de salvar o amigo.
Os três começam a se ferir reciprocamente, mas pelo fato dela estar se energizando, a vantagem passa pra ela, que consegue roubar o cajado do jovem, pegando para si o poder do gelo e do raio. Raw desmaia e cai pra junto de Cido, e então o velho arquimago resolve ir com todo seu poder, aumentando a temperatura pra algo não muito distante da temperatura do sol, e antes dele terminar sua concentração, Hadazu foge, agarrando Cido e abrindo a portinha feito louca antes que seja atingida fatalmente. Mas parte da bola derretedora de puro fogo, que enquanto descia ia iluminando e derretendo o poderoso material do fosso, tornando-o incandescente acaba por atingir metade do corpo de Hadazu que ainda estava passando pela porta, ferindo-a de forma calcinante da cintura pra baixo.
Ela solta um terrível grito enquanto voa loucamente pelo estreitíssimo tubo de acesso por uma larga distância até a saída.
Do jovem arquimago Raw não sobrou absolutamente nada.
Ela abre a ultima das diversas portas de acesso do complexo labirinto de tubos usados pela manutenção, e se surpreende com o caos encontrado no local: sua tutora cumpriu sua parte no acordo dos 30% e trouxe sua parte das tropas de guerra, lideradas pelos encantadores e bruxas. Pro seu azar ela estava no meio das tropas inimigas e estava ferida, fraca, e carregando uma arma mágica que não é acostumada a utilizar, que mais a estava atrapalhando por essa razão.
Os dois deram azar de caírem numa poça rasa de ácido no chão em meio à vermes gigantes que imediatamente lhe identificaram como inimiga, cuspindo-lhe mais ácido, e pulando em sua direção com a boca aberta e dentes à mostra.
- Lá está ela! - grita uma voz ao longe, que Hadazu mal consegue ouvir direito, já que está ocupada em escudar a duas pessoas ao mesmo tempo já atingindo o limite do suportável, até mesmo por ela naquelas condições.
Após alguns segundos, surge Jasmim, sua velha mentora e amiga, à quem ela chamara de traidora minutos atrás. Ela chega armada apenas de alguns amuletos e unhas curtas de menos de 5 centímetros: uma musculosa figura feminina cuja beleza se escondeu na época da juventude, e que hoje, bastante madura, só transpira força e um pouco de feiura, estranhamente acompanhada de algum charme provocativo.
Jasmim possui como maior poder justamente a sua simpatia e voz forte ao mesmo tempo maternal, paciente e compreensiva, e também debochada. Uma eterna amigona, tipicamente confiável, o que contrasta bastante com o chamado de "traidora" feito por Hadazu.
Jasmim lança uma magia simples, afundando o chão onde está Hadazu e Cido num raio de 7 metros, criando um fosso sem fundo visível, fazendo os vermes caírem enquanto os dois flutuavam no ar, até que segundos depois o chão se fecha e volta ao normal literalmente num passe de mágica.
Surgem junto com ela grotescas criaturas musculosas parecidas com ogros gigantes, porém sem cabeça, chamados de Siinus empunhando uma bola de ferro com várias pontas em cada braço, parecidas com a antiga arma estrela da manhã, ou clava, mas sem o cabo...somente a bola com um buraco pra entrarem os braços.
O local estava um caos. Uma comporta gigantesca circular se abre no teto com um diâmetro de 10 metros e começa a disparar feixe de plasma superaquecido no exército de Jasmim, matando alguns instantaneamente, sendo resistido por outros ou defendido com escudos defletores por outro grupo. Às vezes bombas eram explodidas pra devastar o exército de Jasmim ao passo que seu grupamento tecnológico lançava inibidores pra neutralizar os efeitos de tais bombas e contra-atacavam do mesmo modo, porém cercados...não por um exército maior, pois o exército de Jasmim é superior em numero, mas por estar dentro do gigantesco complexo repleto de armas de raios, plasmas, químicas, biológicas, e de tantas outras propriedades.
Os dois lados possuíam os mesmos tipos de recursos: recursos místicos, de força bruta e tecnológicos.
Já na prisão de onde Hadazu fugira minutos atrás, chegam duas imponentes autoridades, mais um assistente eletrônico com formato humanoide manifestado por holograma.
- Então, alguém se sacrificou mesmo por ela...mas quem seria tão estúpido? - diz surpreso D'Guilem, um imponente ser de aparência ligeiramente humana, da mesma espécie de Hadazu passando a mão pelo sensor usado por Cido. - Leituras? Já conseguiu identificar, computador?
- Não há registros, senhor. - responde o holograma.
- Como assim? - contesta Bybyrot outra autoridade vindo de dentro da cela que estava inspecionando. Ele era uma criatura também com aparência ligeiramente humana, porém magra e de pele levemente vermelha e fina, quase como se não existisse carne por baixo da pele, revelando a silhueta dos ossos. Sua pele vermelha causava a impressão de emitir luz, porém uma aparente camada de neblina de um centímetro e meio cobria toda sua pele, tornando difícil ter certeza.
- No lugar de digitais, ele possuía códigos de barras de confecção, senhores...típicas das antigas criaturas confeccionadas nas extintas fábricas de ocupação, e por terem sido todos extintos, não temos registros da identidade de nenhum deles nos nossos bancos d dados, mas a criatura em particular é sem duvida uma das feitas por nós há Eras atrás.
- Eu não conheço essa história... do que você está falando? - diz confusamente D'Guilem.
- Nem eu...você está funcionando bem, computador? Reveja sistema. - acrescenta Bybyrot.
Dali onde estavam todos podiam ouvir os sons da batalha que estava próxima, e toda a estrutura se balançava ocasionalmente com as bombas durante todo o diálogo, mas nada disso parecia ser do interesse dos dois, que aparentavam serenidade mesmo diante dos sons e solavancos.
D'Guilem coletava copias eletrônicas do painel com a palma da mão enquanto o holograma respondia:
- Funcionamento inquestionável, senhores. Como eu disse: isso foi à Eras atrás, muito antes dos mestres nascerem, e por isso os inúmeros dados detalhados não estão contidos neste sistema. Se houver uma resposta, e deve haver, ela está na estrela Fito-Reo, onde ficam os arquivos abandonados.
As duas autoridades se retiram de volta ao local de onde vieram, ignorando por completo a batalha no hangar.
Dois seres de formato humano, uniformizados de uma camada fina de algo parecido com polímeros prateados e luminosos cobrindo todo o corpo, chegam ao local também para ajudar. Eles chegaram levitando sobre um quadrado luminoso feito de "técno" e "técno12", que são campos anti-energéticos semi-desmaterializados multidimensionais e antigravitacionais que servem para teletransporte e transporte, ou mesmo como escudos ou portais. É o material mais usado pelas civilizações superiores.
Ao aterrissarem, pulam, galgando dois degraus de escadas luminosas quadrangulares, que aparecem embaixo de seus pés assim que eles tocam o local.
- Senhora Hadazu, depressa! Entre aqui. - diz um dos homens, apertando um botão que antes dele tocar estava invisível, revelando uma espécie de carro-moto com teto sem rodas voadora com espaço pra até três pessoas.
- Siga o local das coordenadas, e leia o bilhete, vá rápido! - completa Josim, ofegante.
Hadazu pega Cido e entra o mais rápido que pode no veículo, que dá um salto pra frente, transformando-se em pura luz, fazendo um som como o que é feito por um saca-rolhas ao ser retirado da garrafa, desaparecendo.
O velho arquimago vem voando pelo cano coberto por suas próprias chamas, já quase chegando ao local onde Josim estava, quando o outro homem de mesmo uniforme de tecno12 voa pra saída do cano, onde ele vê o arquimago se aproximando perigosamente dele.
Imediatamente, ele aperta um botão de uma gigantesca arma que antes era invisível, e que estava acoplada agora à saída desse cano, que dispara uma incrível rajada de raios "báculos", um feixe energético formado por explosões de supernovas, que se manifestam em outras dimensões, como a de Hadazu. A concentração de energia era poderosa demais pro arquimago suportar por muito tempo, sendo pego desprevenido e sendo desintegrado quase que instantaneamente, pois ele resiste por quase dois segundos usando seu poder máximo de defesa, e morre.

O Precipício da Discórdia - A Saga de CidoOnde histórias criam vida. Descubra agora