Capitulo 30

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O sol raiou e estávamos exaustos. Arthur me acordou durante a madrugada para que transássemos de novo. No começo eu franzi a testa e quis depositar um tapa em seu rosto por me acordar, mas ele começou a passar a mão em mim e acabei cedendo.
Abro meus olhos a contra gosto, e percebo que já é dia. Levanto meu rosto pelo susto e relaxo rindo quando percebo que eu sou a rainha, poderia acordar na hora que quisesse. Meu rosto se vira para ele, que estava deitado de costas para cima, apenas com o lençol cobrindo sua bunda. Coloquei minhas mãos no rosto e paro para admirar aquela arte. O sol clareando sua pele macia e os cabelos assanhados, não me deixavam piscar os olhos. Ele era lindo, esplendoroso e robusto. Caracterizas incomum a uma apaixonada dá ao seu amado.
Me levanto e vou em direção a banheira, porém a água não está posta e meus perfumes não pairavam no ar. Franzo a testa me perguntando onde Ana estava. Coloco uma manta longa para tampar meu corpo, e vou em direção ao quarto de Ana, que se encontrava no mesmo corredor que o meu. Bato na porta, porém ninguém me responde. Resolvo abrir para garantir que ela estava lá, no entanto, meus olhos se arregalam e começo a sorri. Al e ela estavam nus, deitados em cima de um lençol posto no chão. Eu conseguia ver simplesmente cada detalhe dos corpos dos dois.

— Eu sempre soube — Curvo minha cabeça para o lado — Que mentirosos. — Sorrio.
— rainha! — diz Ana se acordando com um susto, despertando também Al que começou a se cobrir.
— Como ousam fingi que se odeiam? — Cruzo os braços — Se amam e eu dou a minha permissão para se casarem.
— Eu o odeio — Diz Ana inconformada com minhas palavras — Nunca se casaria com isso! — diz fazendo-me rir
— Até parece — Al esnoba — Está caidinha por mim, apenas não aceita isso — Diz debochando com um sorrio sacana. — Começo a rir da situação. Meu coração se alegra por eles, que são tão confiáveis e amigos. Simplesmente perfeitos um para o outro, apesar de sempre estarem brigando.

— Rainha, eu vou aprontar seu banho — Diz se levantando, deixando o lençol cair, mostrando seu corpo despido.
— Uau — Diz Al apreciando a visão.
— Não precisa Ana, fique hoje com ele e se acertem. Também estou com visitas em meus aposentos. — Digo fechando a porta, ouvindo-a começar uma briga matinal com o meu coitado amigo.

Ando sorrindo pelos corredores quando chego ao meu quarto, abrindo a porta e encontrando Arthur somente de calça, sentado na beira da cama, com seu rosto baixo. Quando ele percebe minha presença, direciona o olhar a mim e anda em minha direção com passos firmes. Então, ele me abraça calorosamente.

— Não faça isso de novo — Estranho sua reação — sempre que eu acordar, quero te ver ao meu lado.
— E você verá... — Falo manhosa — Ou já se esqueceu que iremos nos casar? — Ele se afasta do abraço e segura meu rosto com suas mãos grandes, puxando-me para um beijo calmo e carinhoso.

— Nunca — Sorri entre beijos.
— Vamos a guerra agora? — Digo-o, fazendo-o sorrir.

Aprontamos a água com perfumes e tomamos banho juntos. Nossa felicidade poderia durar apenas aqueles segundos, mas já teria valido a pena. Já arrumados e com coroas postas, saímos do quarto e fomos para a sala do trono. Onde encontrei um amigo.

— James — Corro em sua direção, o abraçando fortemente, me girando e rindo. Então sou colocada no chão novamente e olho para Carolina, que estava incrivelmente mais bonita com aquele sorriso contagiante no rosto. Ela vem até mim e me abraça.

— Não fiz isso assim que você voltou, mas espero que ainda possamos nos aproximar. — Retribuo a abraçando e aceno afirmando.
— Temos uma proposta a vocês — Diz Arthur sem a menor vontade de enrolar o assunto.
— Arthur!! — O repreendo, pedindo calma.
— Qual a proposta? — Fala James.
— Bem... — Começo nervosa e soltando pigarros — Nós sabemos que se amam... — Os dois se olham franzindo a testa — E não sei se sabem, mas, nos... — Junto ao lado de Arthur — Também nós amamos.
— Então admitiram? — Carolina me põe medo — Você acha que eu não sei quando meu marido está se envolvendo com outra pessoa, e principalmente, amando?
— Carolina... — Abaixo minha cabeça.
— Eu já sabia Ana, mas somente o que me incomodava era que estava junto ao meu filho. — Pega minha mão — Durante tempos senti raiva de você por trair meu filho, mas então descobrir que ele já tinha uma família, que eu já possuía uma neta e isso mudou tudo. — Sorri timidamente — Eu amo James e Arthur sabe, antes de tudo ele também é meu amigo assim como você é de James. Não me incômodo que tenham uma relação.
— Era sobre isso que queríamos falar... — Arthur tenta achar palavras. — Se vocês aceitarem, poderíamos dar a melhor casa já construída, grande o suficiente pra seus futuros filhos... — Nesse momento vejo brilho nos olhos de Carolina e um sorriso no rosto do meu amigo — E um casamento simbólico para a união. Assim eu e Carolina nos separaríamos, porém nada de ruim aconteceria com nenhum de vocês, seriam os protegidos dos Reis.
— E assim vocês se casariam... — James pega a mão de sua amada — Os outros reinos não vão gostar que quebremos a tradição.
— Talvez já seja o tempo deles se incomodarem com algo novo... — Coralina sorri nos olhando.
— Então isso é um... — Arthur supõe.
— Sim — Nossos amigos falam como um coral. Sorrisos esperançosos tomam conta do local. Eu iria me casar com Arthur e mal podia acreditar nessa dádiva. Seria finalmente a mulher do homem que amo e ele seria somente meu. Conversas foram jogadas foras quando eu fui ao trono e me sentei, para assim começar a cuidar dos assuntos do reino, incluindo pensar como falaríamos do nosso futuro casamento para os outros.

— Rainha, a senhora me pediu para avisar quando o rei de Ascaba partisse — Diz um soldado se curvando a mim — Ele voltou ao seu reino esta manhã.
— Preparem os soldados, diminuam um pouco a frequência dos treinamentos para que se preparem para a guerra.
— Guerra? — Pergunta Arthur, e todos me olham estranhando — Mas já vamos nos casar! Eliot só se incomodava sobre você ser solteira, mas isso já foi superado. Por que ainda quer lutar?
— Porque você acha que recebi um dragão, querido noivo? — Falo com um sorriso presunçoso e logo vemos Amaru voar sobre a sala, repousando no braço de onde me sentava — Você sabe o que tem próximo do reino de Ascaba? — todos me olham curiosos — Os pais desse dragão, ansiosos para reencontrarem seu filhote. — Passo a mão sobre a pele de Amaru, que parece gostar do carinho — Quando estivermos na guerra com Eliot, iremos fazer com que Amaru chame pela família, que se responsabilizaram pela a maior parte vitória contra Ascaba.
— M-mas... — Fala James ainda surpreso — qual a razão? Qual o motivo?
— Os vikings que me deram esse dragão, são torturados por Eliot e seus soldados a anos. Fugindo e se escondendo apenas por terem tradições diferentes. — Os olhos — Eu devo essa vingança a eles, que também lutarão ao nosso lado. — Levanto demonstrando poder — E vamos ganhar.

Todos se calam, entendendo que aquele presente dado no dia da minha coroação não se passava de uma promessa que fiz aos vikings. As horas se passaram rapidamente e os boatos da separação de Carolina e Arthur já haviam se espalhado como fogo em papel. Arthur foi para a cidade, ajudar o meu povo e conseguir seu respeito para que pudesse se casar comigo sem que tivéssemos que passar por uma rebelião. Passei pelo campo de treinamento dos soldados, uns descansavam no chão, outros treinando até não conseguir mais ficar em pé. Conversei com eles e com o líder para que entendessem meu plano. O dia correu bem, porém meus pés doíam. Chego à varanda do meu quarto, aonde o vento frio faz meu corpo arrepiar. Já era noite e tudo que iluminava era a luz da lua e suas estrelas.

— Atacaremos amanhã? — Diz Arthur atrás de mim.
— Tudo ocorreu mais rápido do que o previsto. — Vou em sua direção e o abraço, repousando minha cabeça em seu peito — Não a necessidade de esperar mais um dia. Os vikings ja foram avisados. Acontecerá amanhã.
— E porque a armadura no seu quarto, Anya?
— Irei lutar, ao lado de todos — Levanto minha cabeça e o olho.
— Não consigo acreditar — Fala empurrando meus braços que o abraçavam, me dando as costas, andando para o quarto.
— O que há de errado Arthur? — Digo me aproximando, mas ele somente tira sua blusa e se deita na cama, de costas para mim. — Eu sei lutar. — Me deito ao seu lado.
— Não importa, Anya — Fica ríspido — Imprevistos acontecem! Por que você só não espera eu e os soldados voltarmos amanhã para nos casarmos no outro dia?
— Quer casar assim que a guerra acabar? — Indago.
— por que não?
— Acabamos de ficar juntos de verdade — Ao ouvir minhas palavras ele apenas suspira e para de falar, me deixando arrependida por não ter concordado —Desculpe, eu só estou assustada, vamos lá, não me deixe falando com suas costas...

Então ele se vira a mim, me puxando para junto. Abraçando-me e nos cobrindo com os lençóis brancos. Sem falar mais nada, nos adormecemos. Mal sabendo o que nós esperávamos.

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