Os dramas de uma Atriz: Do Completo Ódio Ao Mais Puro Amor

Capítulo 3

Acordei com o sol em meu rosto, a luz forte esquentou minha pele, me virei para a janela, olhei a linda cerejeira que tinha perto dela, era tão linda, sorri pela sua beleza.
  
E então senti minha cabeça latejando, e foi do nada. Essa dor me deixou tonta.

Fui ao banheiro e me arrumei, tomei meu banho, lavei meus cabelos e quando vi minhas pernas fiz uma careta que espantaria qualquer um. Eu pensei três vezes se eu estava com saco para depilar elas, conclusão: Não, de jeito nenhum.

Meu lado "Sempre linda" estava desativado temporariamente.
  
Sai e terminei o que tinha que fazer. Fui a cozinha, minha mãe estava fazendo algo para comer, meu irmão Jacob estava no sofá olhando TV.

  -- Bom dia maninha. - Diz sorrindo pra mim de maneira carinhoso.

  --  Só se for pra você. -Falei baixo, estava morrendo de dor.

   -- Eita, tá de TPM é? - Falou debochado. Veio em direção a mim e bagunçou meu cabelo.

   -- Sabemos que não. Eu estaria muito pior. -Revirei os olhos, colocando a mão na cabeça.

Tava tão ruim que eu sentia ela latejando ao toque! Ai de quem dizer que era mais um dos meus dramas!!!!

Sentei na mesa e me servi de TUDO que estava na mesa. Minha mãe tentou puxar assunto, mais eu fiz sinal de shillll para que ela entendesse que não era hora.

Quando entrei no ônibus e me sentei no último banco, perto da janela, fiquei lá quietinha, Sofia falava com Roger sobre alguma festa, não prestei muita atenção.

Chegando a escola, descemos e Sofia se pronunciou:

   -- Ronny, não vai pra aula hoje? - Diz com ar de preocupação.

   -- Que?... ah, não, hoje vou para... ah... vou para a sala de teatro, preciso de um tempo. ( disse meio dispersa )

   -- ok... Você está bem? ( perguntou, preocupada )

   -- sim, só com um pouco de dor de cabeça.

Na verdade não era um pouco, parecia que ela ia explodir!!

   -- tá bom então, até mais. ( disse, dei um beijinho nos dois, me despedindo )
     
Ao entrar no salão onde tem o palco, fui andando bem devagar até as escadarias que levam ao camarim, olhei para todos os lindos figurinos de diversos personagens. Penso em como eu gosto de atuar, adoro vestir roupas e ser pessoas diferentes a cada peça que faço, posso ser uma princesa, uma espiã ou até mesmo um gato, e isso é simplesmente incrível!

Sempre que subo no palco não importa mais, não importa as contas atrasadas que faz minha mãe ficar acordada a noite, não importa os problemas que me preocupam com meu irmão, nem meus problemas... só importa lembrar das falas.  

Me sentei na poltrona vermelha escura que fica ao canto direito da sala, peguei meu celular e entrei no Instagram, tinha apenas novas postagens de alguns colegas. Roger postou uma foto de nós três no ônibus ontem, e Gabriela, a mesquinha do grupo do teatro, postou uma enquete sobre como se vestiria na festa da semana que vem, ignorei o fato dela ter pegado o meu colar que uso nos ensaios para tirar a foto. Raiva dessa menina.

Me deitei como pude na poltrona e acho que peguei no sono. Pois acordei  num pulo...

~♡~♡~
  
Então escutei o sinal da escola bater indicando a hora do almoço, dei um pulo que alcancei o teto. Como tinha passado o tempo rápido, deve ser por que eu cochilei, durante 3 horas!

   -- Tudo bem? Parece assustada.- Uma voz rouca e baixa aparece atrás de mim.

Dei outro pulo de susto, minha cabeça girou, senti que ia cair, mais Alec foi rápido e me segurou pela cintura com força. Ele me colocou novamente na poltrona, e ficou me encarando, como se esperasse uma explicação.

  -- Dor de cabeça. - Foi tudo que eu consegui dizer, ainda um pouco perdida. 

Balança a cabeça, afirmando.
  
Sai dali correndo, me senti estranha com seu olhar fixo no meu.

Então fui andando até meu armário, peguei alguns livros e coloquei em minha mochila, fui para o refeitório almoçar. Encontrei meus amigos na mesa perto da janela, onde sempre nos sentávamos.

   -- Oi Ronny! Apareceu, que bom. Está melhor? ( disse Roger, me olhando de jeito fofo )

   -- Ah sim, me sinto muito bem. ( respondi com um sorriso sem mostrar os dentes )
  
De certa forma me sentia mesmo, não queria pensar mais naquele estranho do Alec ou nos olhos azuis que ainda estavam na minha mente. Estava apenas curtindo com meus amigos.
  
No resto do dia frequentei a aula normalmente, em alguns momentos eu e Alec cruzávamos os olhos, mas nada de mais aconteceu.
  
Fui para casa e fiquei olhando desenho na TV  com meu irmão Jacob.
  
Eu e Jacob somos muito ligados, desde que eu nasci meu irmão cuida de mim, então no tenho vergonha de falar qualquer coisa para ele.

Flashback on:

   Não estava chovendo, não tinham raios nem trovões, nem se quer tinha nuvens. Era uma noite normal, bem iluminada e com lindas estrelas cintilantes no céu, não era como nos filmes, onde nas noites tristes ou de brigas está chovendo muito, era completamente normal, uma noite  qualquer...

   -- Você acha mesmo que vou aceitar com um sorriso no rosto? O que você estava pensando? Seu idiota mesquinho!

   Eu estava sentada no sofá da sala, na minha antiga casa em Boston, na época eu tinha 9 anos. Meus pais estavam discutindo dez que chegaram do trabalho, eu era pequena e não entendia muito bem...
  
   -- Não foi intencional, aconteceu...

   -- Aconteceu? Eu sou sua mulher, você casou comigo, quer mesmo que eu acredita nisso?

   -- Me desculpe, eu não pude me conter.

   -- Seu canalha! Eu vou pegar as crianças e vou embora para Nova York, nunca mais quero te ver na vida!

   -- Você não vai levar meus filhos!

   -- Eu vou sim! Você não pode me impedir. Você me traiu na minha própria casa! Por que casou comigo se não gosta de mim?

   -- Você estava distante! Eu não tinha consolo algum.

   -- Você que fez eu me distanciar! Não parava em casa, sempre até tarde no trabalho, não vai as apresentações dos seus filhos. Nos vamos embora.

   Minha mãe me pegou no colo e chamou meu irmão, que tinha 12 anos na época, ele é três anos mais velho que eu.
    Fomos para a casa de meus avós e depois disso meus pais só se encontraram para assinar os papéis do divórcio.