3 - A minha felicidade

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Oi, genteeee :) Estou de volta e muito ansiosa para ver o que vocês acham desse novo capítulo. Sem mais enrolações, leiam com carinho, nos vemos ao final ;*

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Os gritos de Alicia preenchem todo o ambiente e por várias vezes o professor não consegue ouvir o que as mulheres do outro lado do telefone estão falando, ainda que o viva-voz esteja ligado.

Ao mesmo tempo, ele não tem certeza se os gritos que fazem sua cabeça latejar são os dela ou se são os seus próprios pensamentos, mas ele não consegue parar de implorar a qualquer ser superior para que tudo isso acabe logo e acabe bem.

Porque, por mais que todo esse processo seja, aparentemente, normal, ver um ser humano em tanta agonia faz seu estômago embrulhar. Ele se questiona quanta dor uma pessoa é capaz de suportar, pois cada vez que ele a olha, sua aparência está mais abatida e cansada e ele teme que ela esteja prestes a atingir o seu limite.

Mas depois de uma contração seguida por um grito excruciante, um pequeno corpo desliza em seus braços e todos os sons desnorteantes são reduzidos a um único som: o de uma nova vida.

— É uma menina! — Ele fala completamente emocionado. — Você tem uma menina, Alicia!

A pequena chora em seus braços e por alguns instantes ele esquece de tudo ao seu redor. Seus olhos se enchem de lágrimas e seu coração se enche de um sentimento que ele não sabe explicar, não poderia jamais colocar em palavras as emoções que sentia.

De imediato, ele só tem certeza de duas coisas: primeiro que, não importa o que aconteça, aquele é um dos momentos mais marcantes de sua vida e, segundo, ele vai proteger aquela garotinha em suas mãos custe o que custar, mesmo que isso signifique ter que proteger à Sierra.

De forma semelhante, Marsella era a própria definição de um misto de emoções.

Inicialmente, ele se sente impotente. Vê-la obviamente tão desconfortável e em tanta dor lhe faz lembrar de seus anos perdidos em meio à guerra. Mas, diferente daqueles anos, ele percebe que pode consolá-la. Ou pelo menos tentar.

Então, ele se senta atrás dela e a segura em seus braços. Com as mãos em sua barriga, ele sente cada uma das contrações que lhe tiram o ar e tenta encorajá-la em meio aos choros e gritos de dor. Ele sente como o corpo dela treme contra o dele, como suas mãos encontram as dele em busca de apoio e de uma força que ele sabe que ela possui, mas que no momento não consegue perceber.

Ele não pode fazer muita coisa, mas ainda assim ele sussurra palavras de conforto e incentivo em seu ouvido enquanto uma de suas mãos repousa na testa suada dela, segurando-a ainda mais contra ele.

Mas quando seus olhos vislumbram aquele pequeno ser pela primeira vez é impossível não se emocionar.

É impossível não se encantar quando a menina relaxa visivelmente ao ser colocada nos braços de Alicia, como se a reconhecesse, e quando suas mãozinhas passeiam pelo rosto da mulher, deixando um rastro de sangue e líquido amniótico por onde passa.

E é impossível não chorar junto com a inspetora quando ela segura a mão de sua filha e a enche de beijos ao sussurrar "Hija mia, mi amor".

Ele olha de relance para o professor e percebe que o homem também tem lágrimas em seus olhos e que, de igual forma, ele se encontra preso àquela cena, àquele momento.

Por um breve espaço de tempo, tudo desaparece.

As vozes do outro lado da linha, os problemas que eles ainda têm que enfrentar, a possibilidade real da polícia aparecer a qualquer momento. Por instantes, tudo se resume à plenitude daquela cena, quase como se fosse algo sagrado.

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