Capítulo III

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Povs Rafaella

Decidimos ficar mais à frente do bar, visto que nos fundos onde ficava o palco do karaokê estava ocupado por um grupo muito bem animado. Elas chegaram depois de nós e quando começaram a cantoria foi como se tivesse levado um soco no meu estômago. Me levantei de onde estava no automático, não ouvi quando as meninas me chamaram, precisava ter certeza de uma coisa.

Cheguei próximo ao palco e era ela, não tinha dúvidas, foram 14 anos sem notícias, 14 anos sem vê-la e agora a via bem aqui na minha frente, era como uma miragem de água no deserto. Me assusto quando sinto a mão pequena da Manu em minhas costas.

- Rafa, tudo bem? - Afirmo com a cabeça desviando o olhar dela. Meu coração palpitava fortemente em meu peito e sentia um nó se formando em minha garganta, queria chorar. - Tem certeza de que está bem? Parece que viu um fantasma.

- Eu estou bem. - Minto, olho outra vez para o palco, ela cantava de um jeito adorável toda errada.

- Bia pediu shots de tequila. - Voltamos para a mesa e assim que me sentei virei três shots diretos.

- Hey!! Ala a Gabi - Bia praticamente gritou em surpresa apontando para onde olhava anteriormente. - Bicho, eu nem sabia que ela beijava mulher. - Viro o pescoço para onde elas olhavam e o que vejo me choca outra vez.

- O que ela tá fazendo? - Digo sem conseguir disfarçar minha indignação

- Beijando uma tremenda gostosa. - Bia respondeu batendo na mesa em animação e logo depois assoviou. - Eu também quero. Tava de olho na morena desde quando chegamos.

Ela se levanta da mesa e eu a sigo com o olhar. Gizelly agora dançava com Gabriela e as outras meninas, Bia chegou nelas dançando colada com a loira que logo as apresentou.

- Também deveríamos nos enturmar. - Disse Manu, mas diferente delas, eu não tinha a mínima vontade de ir até lá.

- Eu já vou embora - ela me questiona com os olhos -, não estou muito no clima, vou pra casa. Avisa as meninas, mas não acho que elas vão se importar, então - dou de ombros, não queria que Manu soubesse o quão afetada eu estava por vê-la, muito menos queria falar para alguém, o melhor a se fazer era sair.

- Rafa, me conta o que tá acontecendo.

- Outro dia, sim?! - Direciono meu novamente para os fundos, Gizelly agora distribuía selinhos entre suas amigas. - Eu tenho que ir.

Peguei minha bolsa e não esperei para ouvir os protestos de Manu, precisava pensar longe daquele lugar, longe dela. Precisava respirar e me acostumar com a ideia dela de novo ocupando um espaço em minha vida, mesmo que sem querer, havíamos voltado ao mesmo lugar.

Tudo outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora