Hoje é um dia de muita alegria e merece sim uma comemoração. Obtive a vitória de um caso super difícil e sai do tribunal com aquele ar de dever cumprido, a justiça estava sendo feita. Abraço Tais de lado e caminhamos até o carro seguindo Tabata que estava mais a frente, aliviadas pela sentença era como melhor nos define.
Estamos em São Paulo, tenho uma filial do escritório de advocacia criminal aqui. Tabata e Tais como minhas fiéis escudeiras trabalham comigo na linha de frente, estamos indo bem, muito bem para falar a verdade. Nesse último ano, pegamos casos realmente grandes e a grana que tem entrado é muito que bem-vinda, em consequência disso conseguimos por cada uma ter seu próprio apartamento, apesar de que antes sempre estávamos uma na casa da outra, agora acho que cada uma quer ter seu canto, o que é bom, uma vez que trabalhávamos o dia inteiro juntas. Antes de deixar Tais em frente a portaria do seu prédio a chamei para ir se arrumar em casa o que causou uma onda de ciuminho e provocações com Tabata.
Assim que adentrei em casa tratei logo de tirar os saltos. Sentir o assoalho de madeira gelado sob meus pés era a melhor sensação que poderia ter, nada era tão relaxante quanto estar em casa descalça após um longo dia. Guardei minhas coisas, tirei a roupa e me espreguicei parecendo que um peso estava saindo das minhas costas, logo dirigi ao banheiro onde tomei um longo banho.
As meninas apareceram depois de algum tempo, Tais já estava com a verdinha na mão com o falatório de sempre enquanto Tabata vasculhava minhas coisas atrás de uma bolsa para compor o look.
- E então minhas gostosas para onde vamos? - Tabata perguntou em frente ao espelho enquanto comparava duas bolsas.
- Vamos para onde você quiser meu amor. - Respondo travando o maxilar.
- Ó a putaria eu só tenho seis anos. - Tais se pronunciou jogando um travesseiro em nós.
Ivy e Marcela logo iriam aparecer então não esperamos por elas para começar a nos arrumar, e de fato elas não demoraram. Já estávamos um pouco altas por conta do álcool e por isso fomos de Uber até o bar. Como eu era quem estava pedindo o carro, coloquei o primeiro endereço que apareceu na barra de pesquisa.
- Karaokê, Gizelly?! - Marcela falou rindo quando o carro parou. - Vai se foder, não fomos expulsas?
- Que expulsas o que, o senhor Russo ama a gente. - Me defendi. - Ele só fica bravo na hora e depois passa.
- Eu não to acreditando. - Diz Ivy com seu sotaque arrastado e comendo letras. - Nossa Gizelly, porra.
Comecei a rir de suas reações, a verdade era que nem tinha me tocado que o endereço que tinha posto era o Karaokê do senhor Russo, da última vez que estivemos aqui foi um caos. Sai do carro animada para entrar.
- Eu hein gente. Vamos entrar, quem canta seus males espanta.
- Teu cu Gizelly, não vou pagar esse mico de novo. - Tais protestou me mostrando o dedo do meio.
- Moças, tenho que trabalhar, então será que poderiam sair do meu carro? Agradecido. - O motorista, que não lembro o nome, se pronunciou sem muita paciência para o drama.
- Moço pode tocar que daqui a gente não vai sair. - A morena rebateu novamente batendo na lateral do banco do motorista. Tais conseguia ser chata quando queria.
- Senhora, já trouxe as cinco no carro, e isso é contra a lei, não vou ficar me arriscando, por favor desçam.
- Vamos logo que eu pago a primeira rodada. - Falei abrindo a porta traseira do carro. Não precisou chamar uma outra vez para cessar o drama, elas saíram.
- Obrigada viu e desculpa moço. - Ivy agradeceu saindo por último. - Gizelly, você me paga. Já vou começar a petição para Gizelly ficar longe do microfone. - Marcela riu indo na frente, seguida por Tabata e Tais.
- Sangue, fogo e labareda isso se a gente conseguir entrar né.
Como dito, o senhor Russo gostava muito de nós e deixou com que entrássemos com o aviso de que a próxima ele faria vista grossa, o que todo mundo fingiu acreditar e acatar as ordens. Escolhemos a mesa mais ao fundo onde se encontrava o palco com os microfones, eu estava muito animada pra pagar mico naquele espaço.
A bebida entra, e as danças, as músicas, a cantoria desafinada, saem sem vergonha nenhuma. Eram muitas risadas e casos contados. A noite estava sendo tão boa que nosso grupinho tomou posse daquele espaço, vez ou outra aparecia alguém para cantar e dividir o microfone, mas em sua maioria era uma das meninas ou eu passando vergonha.
Marcela e eu estávamos cantando 'cerveja de garrafa do Atitude 67, corrigindo: eu cantava e ela não parava de rir de mim junto com as meninas. Logo depois soltei a voz em ' parede' do Jorge e Mateus. Quando minha nota saiu no telão ouço Ivy falando no microfone:
- Esse trem tá roubando, hein. Nossa senhora!
- Invejosa em Lavigne. - Brinco voltando pro microfone.
- Não amiga é que ocê é ruim mesmo. Pra caraaaalho. - Responde a modelo com o sotaque ainda mais forte devido a bebida.
- Você é pior que eu. E diferente de você, eu tirei nota máxima, abóbada.
- Sai dai Gizelly. - Tabata estendeu a mão rindo para me ajudar e eu a segurei descendo do palco.
- Ninguém vai bater minha nota queridas. Aceitem. Eu nasci pra ser cantora.
- Tadinha ela jura. - Tais levantou sua garrafa. - Um brinde à pior apresentação da noite.
Depois de muitas risadas e várias horas com Ivy me gastando, conhecemos outras pessoas, algumas mulheres se juntaram a nós na nossa rodinha e depois dali já não consigo lembrar de muita coisa, ainda não sei como fomos para casa. Me joguei na cama assim que a vi e então apaguei.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tudo outra vez
Fiksi PenggemarTudo outra vez conta a história de duas mulheres que desde o primeiro contato se ligaram de uma forma extraordinária. Depois de uma separação conturbada e anos após se passarem, às duas se veem novamente uma na vida da outra, o universo às vezes con...