Capítulo XIII

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Gizelly povs

Era sexta-feira no fim da tarde. Já me encontrava pronta esperando por Marcela na portaria de meu prédio, estava ansiosa para esse evento, mais precisamente no cardápio da noite. Enquanto esperava conversava animadamente com o porteiro, os vizinhos passavam por mim e era como ser invisível, é claro que me viam, porém não me cumprimentavam, a atitude era comum pois a maioria dali não ia com minha cara, podemos dizer que tinha conquistado minha fama de brigona e barulhenta. Quando Marcela apareceu, me despedi do homem apenas com um aceno de mão.

- Está bonita. - Disse ela.

- Eu sempre estou! - Repliquei de maneira convencida logo prendendo o cinto de segurança. - Achei que iríamos em seu carro.

- Achei melhor irmos de Uber. Sei que vamos beber e segurança em primeiro lugar, não é?!

- Sim, você tem um ponto. - Divaguei por um momento.

- Eu sempre tenho! - Rebateu da mesma maneira convencida.

Fomos o restante do caminho conversando sobre o novo residente da clínica de Marcela, o Daniel Lenhardt. Tive de ouvir suas reclamações o caminho inteiro, mas fazer afirmações com a cabeça e concordar de vez em quando não é o mesmo de estar prestando atenção em cada palavra que a médica dizia. Conclui que esse cara conseguiu mesmo a tirar do sério. Ao chegarmos no local marcado, a primeira coisa que notei foi a fachada do lugar.

- Olha isso, Marcela! - Exclamo absurdada com o hall. - Achei que fosse apenas ser um jantar íntimo, só a entrada desse lugar paga meu apartamento. Não vou entrar, nem estou vestida para isso.

O que escolhi para noite era um vestido longo, elegante com um corte alinhado na cor vermelha, justo nas partes certas, diria com orgulho que estou sexy e fina, mas não o bastante para estar nesse lugar cheio de lustres, flores e tapetes caros. Era um jantar pra quem, afinal, a rainha da Inglaterra? Marcela por outro lado usava um vestido curto, a base preta com uma estampa de flores meio abstratas, via-se de longe o corte da fina costura, era do tipo que não economizava quando o assunto era moda.

- Deixa de drama. Está linda e vai entrar sim! - Disse antes de descer do carro. A observo dispensar o porteiro que me abriria a porta.

- Marcela, vamos embora. - Implorei entredentes segurando a porta pela janela aberta enquanto a loira tentava abrir.

- Mas nem morte que vai me deixar aqui sozinha. - Ela proferiu uns tapas em minha mão me fazendo soltar a janela.

Relaxei os ombros no carro e quando me dei por vencida, deixei com que abrisse a porta e estendi as mãos para que segurasse. Demos nossos nomes ao recepcionista, que logo liberou a entrada para o enorme casarão que acontecia o jantarzinho da realeza.

- Não estou nem um pouco confortável com essa situação. - Reclamei quando a loira enganchou seu braço no meu.

- Você está linda e vai dar tudo certo! Ficamos um pouco e quando quiser ir embora nós vamos, prometo. - Sibilei um ok sem muito gosto. - Desmancha essa carranca que vamos comer e beber de graça bebê. Sextou com s de cerveja de graça.

Apenas ri de sua dancinha ridícula, penso que, por um lado, viemos de Uber por uma razão, e há uma grande possibilidade de não me encontrar com mais ninguém dessas pessoas aqui. Pesquei uma taça de champanhe de uma bandeja que passava por mim, e observei um casal muito sorridente que se aproximava. Brindamos e aguardamos o casal se aproximar para cumprimentá-los. Eram sem dúvidas os anfitriões da festa, só os conhecia por nome.

- E a sua parceira quem é? - Denis, o aniversariante, perguntou.

- Não é minha parceira, não desse jeito pelo menos. - Disse a mulher ao meu lado numa falha tentativa de fazer uma gracinha. - Essa é minha amiga, Gizelly.

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