Capítulo V

204 36 0
                                    

Gizelly povs

Já se faz uma semana que estava em São Paulo, apenas resolvendo pepinos da filial do escritório. Tudo estava indo bem no trabalho, o que conseguia me dar ao luxo de alugar sempre o mesmo apartamento aqui, assim conseguia conciliar minha vida no Espírito Santo e a vida de influencer no ramo jurídico na selva de pedras que é São Paulo.

Sinto que estou no auge de minha carreira, aos 28 anos as pessoas já conhecem o meu nome e minha reputação já estava feita, gosto de dizer que durante a graduação me cerquei de mentores e consegui tirar o melhor deles e de mim consequentemente. É bom ver o retorno vindo depois de tanta luta.

A noite com as garotas rendeu muita diversão e quando acordei no dia seguinte me senti leve, sem toda a preocupação da semana, o domingo seria meu dia do lixo e pretendia ficar de pijama o dia inteiro.

Afastei o braço pesado de Tabata para o lado e segui até o banheiro. Ainda não tinha contado a elas o que a muitos meses sondava seus pensamentos, mas tinha meus motivos, primeiro que ainda tinha dúvidas se me julgariam ou não e segundo porque não sabia como contar.

Me encarei no espelho, a maquiagem borrada e o cabelo virado a ninho de passarinho, o blusão velho que desde muitos anos perdeu a serventia de uma peça útil e aceitável para a sociedade e passou-se a ser um pijama confortável. Viro-me de lado, a blusa amontoada acima do umbigo me dando visão de minha barriga, deixo o tecido cair novamente e me encarei outra vez de frente, permito que o suspiro cansado saia por meus lábios enquanto procuro a escova de dentes. Não iria conseguir levar aquilo adiante sem contar a elas o que estava pensando, queria contar, mas como?

- Ai Marcela que susto. - Disse quando percebi a médica parada na porta tal qual a loira do banheiro depois de ser atropelada por um caminhão de carga.

- Desculpa. - Ela tinha confusão em seus olhos, as sobrancelhas franzidas e um sorriso nervoso em seus lábios. - Eu estava... Você tá....? - Disse apontando para minha barriga.

- Não! - Respondi depressa puxando para dentro do banheiro e fechando a porta em seguida.

- Amiga, se você estiver, sabe que não pode beber desse jeito que está bebendo. - Sussurrou preocupada.

- Eu não to... - sussurrei de volta, - grávida, Marcela, pelo amor de Deus!

- Tem certeza?

- Eu saberia se estivesse.

- Então me conta o que tá acontecendo. - Antes mesmo de começar ou pensar em alguma desculpa alguém bate na porta. - Depois a gente conversa, isso não acabou. - Ela sussurra uma última vez e abre a porta.

- Pô até que enfim! - Tabata reclama e quando me vê no banheiro sorri maliciosa. - Gente vocês não cansam não?

- O meu mel é bom. - Respondi na mesma entonação. - Mas dessa vez a gente só fechou a porta porque você estava dormindo. - Tabata bateu no meu braço enquanto nos expulsava do banheiro.

Marcela apesar de estar rindo, assim que Tabata fechou a porta atrás de nós me encarou, desviei o olhar no mesmo instante.

- Vamos almoçar amanhã e você vai me contar o que está acontecendo. - Apenas assenti, agora não dava para contornar, não tinha mais tempo e querendo ou não, estava na hora.

Tudo outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora