Tudo outra vez

Capítulo XII

Rafa povs 

Achei que Manoela deixaria para lá essa história toda, mas mal acabei meu expediente quando recebi suas mensagens afobadas me dando opções. Eu realmente não queria fazer aquilo ali, então assim que saí do prédio entrei numa cafeteria, me acomodei em uma mesa individual ao lado da janela e dei a ela atenção.

A mulher era certeira, o print do perfil da minha antiga paixão estava ali em nossa conversa privada. Limpei a garganta e me ajeitei na cadeira confortável na qual me sentava, mesmo sabendo que Manoela não veria minhas expressões corporais, a longa história da nossa amizade me fez ter esses movimentos involuntários mesmo sem estar em tua presença.

Confirmei suas afirmações sobre ser ou não minha amiga de infância e não foi difícil concordar, também, com sua fala de que ela é bonita. Ela é sem dúvidas uma mulher linda. Logo desconversei quando o assunto de vê-la beijando outras surgiu, era meio sem nexo o pensamento de estar com ciúmes, era até ilógico visto as circunstâncias na qual me encontrava. Eu já tinha minha roupa separada para o evento que se aproximava, mas fingi que não para que possamos seguir sem me comprometer demais. Sua última mensagem me deixou com um frio na barriga, foi exatamente o mesmo que senti, ou talvez pior de quando nos beijamos pela primeira vez na árvore do balanço. Manoela encerrou sua participação neste capítulo estranho da minha vida me informando de que ela não estava numa relação, e me incentivava a mandar uma mensagem a ela, é claro que não respondi e deixei o celular de lado.

A estranha sensação de taquicardia era efeito da cafeína entrando em meu sangue ou esse efeito biológico era fruto das minhas novas descobertas?

...

Prometi a mim mesma que me divertiria nesse jantar e era isso o que estava fazendo, afinal, era aniversário do marido de uma das minhas melhores amigas. Conversava agora com meu grupinho de amigas, e estávamos gravando alguns stories para nossas redes sociais. A noite ia caindo, o jantar já havia sido servido, a bebida começou a entrar sem muito freio. A pista de dança começou a se aglomerar e se tornar muito convidativa.

- Meu Deus do céu, Rafaella! - Manu exclamou segurando fortemente meu braço, quer dizer, tão forte quanto presumo, suponho.

Me encontrava de frente para Manoela, ela olhava para além de mim com as testas franzidas. Segui seu olhar, mas meus olhos não focaram em nada de estranho, então voltei a ela minha atenção.

- O que foi mulher? - Perguntei de uma vez, começando a me preocupar com suas feições, parecia que vira um fantasma.

Apesar de preocupada, o sorriso continuava em meu rosto. Apesar de que, não muito tempo depois, me assustei com o gesto agressivo e fiquei ainda mais assustada encarando a pessoa ali que me virou bruscamente puxando-me pelo braço. Estava pronta para rebater o incidente quando encarei a cabeleira castanha e aqueles olhos amendoados. O chão tinha se aberto e estava agora caindo em queda livre.