Tudo outra vez

Capítulos IV

No passado, em Iúna, um município brasileiro do estado do Espírito Santo. Rafaella e Gizelly se encontram com 14 anos.

Povs Rafa

Gizelly estava muito animada para sua festa de 15 anos, e todo mundo percebia o quanto estava feliz por finalmente ter sua tão esperada festa. Ela não conseguia esconder sua animação e compartilhar esse momento com ela tem sido engraçado.

- Quem vai chamar para dançar a valsa com você? Aposto que já tem um namoradinho. - A mais velha falou de forma sugestiva. Das tias de Gizelly, essa sem dúvidas é a que eu menos gosto. Olhei pra Gizelly que franziu o cenho soltando o ar pelo nariz numa frustrada tentativa de esconder deboche. - Fala para tia quem vai ser o seu príncipe.

- Que príncipe o que tia. Eu hein, tá doida? - Estávamos ajudando a cortar as lembrancinhas da festa na casa da avó dela, sua família é realmente muito grande. Me engasgo quando a ouço complementar. - Eu vou dançar com a Rafa. - Houve silêncio e todos olharam pra gente. Gizelly continuou seu trabalho cortando e pareceu não notar os olhares.

- Menina, você é sapatão? - A tia perguntou com sua atenção para mim e eu neguei com a cabeça sem saber o que dizer ali.

- Ela é minha melhor amiga, o que que tem a gente dançar juntas? - saiu em minha defesa.

- Vocês são namoradinhas? - A avó dela perguntou dessa vez, servindo bolo de cenoura com cobertura de chocolate, eu sentia minhas bochechas queimarem de vergonha.

- Não, a gente não namora não. - Falei depressa.

- Até parece que eu iria namorar um menino. - A Gi falou e riu como se não se incomodasse com sua família achando que éramos um casal.

- Eu acho que sua mãe não vai gostar de te ver dançando com uma menina. - A tia insistiu. Queria ir embora, aquela conversa estava me deixando muito constrangida. Gizelly e eu ja nos conhecemos a bastante tempo, mas ainda não tinha me acostumado com os comentários de sua tia.

- Eu hein, eu danço com quem eu quiser. O aniversário é meu! - Ela fez fusquinha e sussurrou pra mim. - Vem Rafa, vamos sair daqui porque minha tia é muito sem noção.

- Não vai ficar de agarramento por aí que eu estou de olho em vocês.

- Deixa as meninas Julia. - A avó repreendeu. A Gizelly mostrou a língua pra tia e pegou minha mão.

- E aí tia eu posso pegar na mão da minha AMIGA Rafaella ou vão achar que a gente namora? E se eu pegar na cintura dela assim. - Gizelly tava provocando sua tia, e todo mundo sabia o quanto Gizelly era pirracenta, quando colocou suas mãos na minha cintura, travei no lugar. - E se eu abraçar e beijar ela. - Em nenhum momento olhava para mim, tudo era brincadeira para irritar sua tia chata na visão dela. Ela fazia movimentos com a língua pra tia simulando um beijo. Ela, assim como eu, nunca tinha beijado alguém.

- Gizelly toma vergonha nessa sua cara. - Não notei quando ela se aproximou rápido e me deu um selinho em meio a risadas. O berro de sua tia gritando seu nome enfurecida chegou em meus ouvidos trazendo-me de volta a realidade ali.

- Corre Rafa. - Ela riu segurando minha mão e comecei a correr a seguindo no automático.

...

De volta ao presente

Me peguei sorrindo com a lembrança, como sentia falta dela e pelo pouco que vi no karaokê sua personalidade não havia mudado em nada. Era a mesma menina divertida, brincalhona, que tem uma energia que contagia a todos. Senti um misto de sentimentos quando a vi, como: saudades, ciúmes, e muita nostalgia. Depois que me deu um selinho a muito tempo atrás algo em nós mudou, em mim pelo menos havia mudado, gostava muito dela e quando mudei para Goiânia demorou muito para conseguir seguir em frente. Dormi com a sensação de que a menina de quatorze anos havia voltado, a mesma menina que ficou nervosa quando teve sua primeira experiência de beijo com sua melhor amiga. De manhã, assim que acordei respondi as mensagens de Manuela, que ficou preocupada quando sai do nada do bar. Ela me chamou para almoçar, queria saber o que aconteceu, no entanto, ainda não estava pronta para compartilhar essa parte da minha vida, Gizelly ainda era um assunto que só tinha desrespeito a mim, e, por hora, permaneceria assim, apenas em meus pensamentos e coração.