POV Annabeth
Acordei com o som da voz do piloto do avião. Iríamos nos preparar para pousar. Caramba, dormi tanto tempo assim? Bem, até que foi um tempo bom para quem estava com insônia grave. Olhei para o lado e percebi que Percy já havia ido. De uma forma estranha, eu senti a falta de sua presença irritante. Maluquice. Voltei minha atenção para as minhas coisas e comecei a arruma-las: guardar livro, colocar a manta junto dos fones e guardar no plástico... Enquanto me movimentava, senti uma dor no pescoço. Torcicolo, que maravilha. Nisso que dá dormir de mau jeito.
Depois de um tempo, já havíamos pousado. O avião ainda não havia parado, tremulando com o atrito do asfalto contra a roda. Quando paramos completamente, todos começaram a se levantar. Quase caí no chão pelo empurrão do homem francês ao meu lado. Resisti ao impulso de brigar com ele. Peguei minha mala de mão e consegui entrar na fila do corredor. Me espremendo entre as pessoas assim, me fez ficar desconfortável. Nunca me senti bem num mar de gente. São muitos corpos, muito atrito, muito toque. Calor, suor... todos sinônimos numa situação assim. Respirei fundo para acalmar à mim mesma. Vocês podem achar que é bobagem, mas eu posso facilmente entrar em pânico em lugares lotados. É uma das incríveis maravilhas de ter ansiedade.
Enquanto eu seguia o fluxo da multidão, vi de relance o cabelo preto bagunçado de Percy. Nem prestei atenção e me concentrei em não tropeçar na mala de um estrupício que deixou a mala jogada pelo chão. Já mais perto da saída, olhei para a frente e vi Percy e seu pai (junto de outros funcionários) na porta do avião. Percy percorria o corredor com os olhos, parecendo procurar algo. Nossos olhares se encontraram. Ele abriu um sorriso, uma única covinha sorrindo para mim em sua bochecha esquerda. Balancei minha cabeça como em cumprimento. Antes de seu pai o chamar para continuar a andar, Percy me deu um tchauzinho com a mão. Retribuí. Ele se virou e continuou seu caminho. Voltei minha atenção para a multidão.
Depois de mais alguns minutos, finalmente consegui sair daquele aperto. Segui pelos inúmeros corredores até o local de apanhar as bagagens. Enquanto esperava a minha, fiquei observando a paisagem da Grécia. Como estava amanhecendo, o clima ainda estava meio frio, com uma brisa fresca de manhã. O céu estava aberto, com pouquíssimas nuvens no céu azul. Até que agradável. Espero que eu possa me distrair aqui na Grécia, esquecer os meus tormentos. Espero ter deixado a chuva em Nova Iorque.
Localizo uma de minhas malas vindo em minha direção. Me aproximo mais da roleta. Quando ela passa na minha frente, estendo minha mão e a suspendo, mas a rodinha esquerda fica presa. Começo a ficar nervosa, já que todas as outras bagagens estão vindo pela roleta, na direção de trombar com a minha. Começo a puxar mais forte, mas a mala não saía. Ótimo, vou pagar um mico na frente de várias pessoas e me envergonhar mais ainda, mesmo depois do meu passado. Mas, então, alguém vem em meu socorro. Uma mão se posiciona na lateral de minha mala e outra vai para as rodinhas. A pessoa consegue tirar a rodinha da junção da roleta, e juntos suspendemos a mala.
- Obrigada... - começo, mas vejo quem me ajudou. - Ah, oi você.
- Como sempre um amor de pessoa, Loira. De nada, a propósito. - ele responde.
- Que que você está fazendo aqui? - pergunto.
- Primeiro, você estava precisando de ajuda e, segundo, vim me despedir ué - Percy diz.
- Ok, tchau - digo, já pegando minha mala dele e me virando para encarar a roleta.
- Delicada como um coice. - ele fala rindo e rouba a minha mala.
Eu me viro para ele, irritada novamente.
- Devolve minha mala.
- Não até você se despedir direito. - Percy fala, se inclinando para a frente, de forma a diminuir sua altura e ficar do meu tamanho.
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Olhos solitários- Percabeth
FanficUma garota com o coração já partido, esquecida e abandonada, tentando fugir do passado, viajando e comprando, se escondendo de sua prisão emotiva dolorosa. Um garoto à procura de um rumo para sua vida, abandonado para conta própria diversas vezes, c...