Capítulo 10 Deixe queimar

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Kim Tae-hyung voltou com alguns galhos e jogou-os na lareira torcendo para que o fogo acendesse. Ele tentou e muito, mas a lenha úmida não quis pegar fogo. Depois de se irritar com esse fato, destruiu uma cadeira e usou-a para incendiar a lareira e aquecer aos dois. Uma nevasca intensa cobriu Koguryo, já não era possível sair de carroça muito menos a pé.

— Pronto, finalmente acendeu. — virou-se para a moça e a viu desacordada. — Kim Kkoch-hee, ei. — segurou o rosto dela, mas a mesma não abriu os olhos. — Droga, fique comigo Kim Kkoch-hee, não durma!

— Está tão frio, Kim Tae-hyung, está muito frio.

— Eu sei, sei disso. — removeu a jaqueta jogando sobre ela e puxou o banco para mais perto do fogo. Ele sabia o que teria de fazer se quisesse realmente aquecê-la, mas não tinha certeza se aquilo seria bem visto pelo autoritário pai da jovem dama. Kim Tae-hyung tinha várias justificativas para tal atitude, se precisasse explicar, porque no fim das contas, apenas o bem estar dela importava. — Por Deus, que dilema. — desamarrou a camisa que usava colocando-a em um canto, sentou Kim Kkoch-hee abrindo seu casaco e expondo o máximo de pele que podia sem deixá-la sem roupa, depois deitou-se abraçando-a e cobriu os dois com o casaco dele torcendo para dar certo.

— Meu pai vai te matar... — resmungou e ergueu a cabeça o encarando, passaram pelo menos umas duas horas depois que ela desmaiou e agora estava acordada.

— Já melhorou? Está até fazendo piadas.

— Você é corajoso, mas é uma coragem estúpida.

— Salvar sua vida é estupidez?

— Por que fez isso?

— Por que é o certo a se fazer, mesmo que seu pai queira me matar depois.

— Não contarei a ele. — murmurou. — Posso perguntar uma coisa?

— Sim.

— O que esse colar que usa significa? — ergueu o colar pendurado entre os dois e encarou-o na frente do fogo. — É interessante mesmo que não faça sentido.

— É uma moeda ou pelo menos o que sobrou dela. Quando era criança não tínhamos muito dinheiro e por isso nunca ganhamos presentes. Na época em que tinha sete anos perguntei a minha mãe porque nunca ganhamos presentes, já que éramos bons meninos e ela me deu essa moeda amassada.

— Mas porque não te disse a verdade?

— Na noite em que me deu essa moeda me disse que o dia que conseguisse desamassá-la entenderia o motivo pelo qual nunca ganhamos presentes.

— Por que quem compra os presentes são os pais e eles não tinham dinheiro.

— Exatamente. Naquela noite isso era tudo que ela tinha e eu a carrego para me lembrar de onde vim, para que me esforce e nunca volte para lá.

— Desculpa ter perguntado. — soltou o colar, mas continuou a olhar para ele.

— Sabe de uma coisa. — puxou-o do pescoço. — Fique com ele.

— Mas porque me daria? É seu.

— Você pode me devolver quando entender.

— Quando entender o quê?

— O motivo que me fez dá-lo a você.

— Sinto que sei, mas não sei se devia.

— É, talvez saiba.

— Acho que está enganado sobre mim, está iludido com a ideia de algo que não existe.

— Então não me acorde. — sorriu de olhos fechados. — Por que parece valer a pena.

Asas de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora