Capítulo 20 Ar primaveril

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O sol que saiu em Koguryo, foi satisfatório e irradiou a maioria das janelas do Palácio Bunhong. Pela primeira vez, depois de muito tempo, mesmo com a morte de Choi Seo-joon, Kim Kkoch-hee estava um pouco mais animada. A ideia de que era dona da clínica a encheu de esperanças para dias mais felizes e uma sensação de independência que não possuía, como mulher.

No bosque, colecionava olhares sobre as flores que começavam a brotar, trazendo de volta o ar primaveril que tanto amava. Muito em breve, teria novas espécies para seus perfumes e isso a lembrou que precisava de mais óleo essencial, um ingrediente útil para dissolver e associar as fragrâncias. Pensou se o pai a deixaria ir à cidade, depois do que tinha ocorrido no funeral de Choi Seo-joon, mas resolveu arriscar. Voltou em passos apressados para o palácio, bateu as botas no tapete para remover a terra e as tirou, descalço para não anunciar a mãe que tinha chegado, ela caminhou até o escritório, onde o pai ficava a maior parte do tempo quando estava em casa.

— Pai... Como o senhor está?

— Vou bem. — respondeu continuando a abrir cartas. — Diga, o que quer?

— Por que acha que quero alguma coisa?

— Lhe conheço a tempo o bastante para reconhecer suas manias, não acha?

— É, tem razão. Posso ir à cidade comprar algumas coisas?

— Claro.

Kim Kkoch-hee encarou o pai com a expressão do rotineiro não, mas ela foi mudada automaticamente quando ouviu-o dizer que podia e então, parada onde estava, não sabia se aquilo era algum tipo de teste e que se saísse acabaria falhando.

— Qual é a brincadeira?

— Não há nenhuma.

— Certo. — semicerrou os olhos e virou-se para sair.

— Leve suas irmãs com você.

— Sabia que não seria tão fácil assim.

— Devem escolher as roupas para a festa no palácio Real.

— Tsc... — fez careta. — Elas vão me atrasar.

— O Kim Seok-jin ia sair com a Yoon Seon-ok, as quatro podem ir juntas.

— Você os colocou para me vigiar, foi? Não confia na sua amada filha?

— Não confio nos homens apaixonados por ela, isso que é perigoso.

— Certo, gastar infinitas horas em compras deve ser melhor do que permanecer em casa, só.

— Agora entendeu.

Pegou uma sacola no canto da porta e acompanhou as irmãs que estavam no palanquim de Kim Seok-jin, dada de presente por Yoon Dong-yul, junto de quatro cavalos extremamente imponentes. Conseguia ver a empolgação delas em seus olhos e conversa fiada, lamentou-se internamente, elas gastariam todo o dia da garota em coisas fúteis que não costumava gostar muito.

— É irmãzinha, papai já adivinhou que fosse querer sair.

— O que me admira é ele gastar dinheiro conosco. — Kim Ha-won encarou Kim Kkoch-hee, que subia no palanquim. — Faz anos que não nos compra nada sem olhar o preço.

— É, mas aproveitem que o papai caducou hoje, ele pode se arrepender. — Kim Seok-jin se virou para frente depois do comentário da irmã mais velha, lembrando-se do motivo que tinha feito o pai os levar em rédeas curtas pelos últimos quatro anos.

— Seu pai nos mandou para vigiá-la. — Yoon Seon-ok cochichou com Kim Kkoch-hee e ela apenas fez careta sacudindo a cabeça.

A chegada da primavera e as festividades movimentavam o comércio de decorações, lanternas de papel e roupas, na cidade de Koguryo. Pessoas de outras localidades enchiam as ruas e parecia quase impossível trafegar com um palanquim. Não demorou para Kim Seok-jin perceber isso, parar e obrigar as quatro mulheres a seguirem sozinhas pela cidade atrás do que queriam. Ele combinou de encontrá-las ali, que curiosamente era exatamente na frente da clínica que agora pertencia a sua irmã.

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