Quando amanheceu em Koguryo, no palácio Bunhong, havia quatro filhos a mesa em companhia dos pais. Ninguém ousava dizer nada sobre o que ocorrera na noite anterior com Kim Kkoch-hee. Aliás, ninguém questionava as atitudes de Kim Mo-yeon pois tratava-se de uma mulher autoritária que parecia viver em desgosto infindável quando poderia tornar-se boa mãe. Kim Mo-yeon veio de uma família enorme e sempre pensou que nunca casaria, ou sequer que casaria tão bem como casou. Ela é um dos três filhos mais velhos de dezesseis irmãos, sendo que dois faleceram precocemente na infância. Quando tinha por volta de dez anos, os pais dela, na maior parte do tempo, passavam fora do reino de Silla, onde nasceu e cresceu, até se mudar para Koguryo. Kim Mo-yeon era a única mulher dos três mais velhos, por isso acabou direcionada a ela a responsabilidade de tomar conta dos irmãos mais novos, educar as meninas e ensiná-las a serem boas moças. Quão difícil para ela foi fazer isso, já que assim como a maioria dos irmãos, era apenas uma criança e foi obrigada a crescer antes da hora para cuidar deles, enquanto suas irmãzinhas brincavam de casinha, a casa dela não era mais de brinquedo. Kim Mo-yeon sempre odiou o fato dos irmãos nunca lhe ajudarem e irritava-se com a possibilidade de ter uma casa cheia de filhos. Sempre que pensava em seu próprio futuro, passava longe de qualquer ideia de ter mais de duas crianças. Quando completou quinze anos, conheceu repentinamente o filho do conselheiro Kim, ele tinha pouco mais do que dezoito, na época. Os dois tiveram alguns encontros às escondidas, onde o jovem rapaz de ideais atrativos, belo rosto e de nome muito importante transformava-a em uma princesa. Os momentos em que passavam juntos mudaram a menina amargurada em alguém tão doce, tão amável que acabou fazendo Kim Chung-hee apaixonar-se tanto a ponto de pedir sua mão em casamento. Kim Nam-joon, pai de Kim Chung-hee, não gostou muito do filho não casar-se com uma mulher de família um pouco melhor, já que logo ele se tornaria o conselheiro da casa, mas Kim Chung-hee insistiu dizendo que quando ouvissem o nome de Kim Mo-yeon ela jamais seria lembrada por outro sobrenome senão o que ele carregava com o orgulho do mundo. E o jovem futuro conselheiro estava completamente certo. Kim Chung-hee e Kim Mo-yeon casaram-se e ela logo engravidou, torceu por todos os nove meses de gestação para que o primogênito fosse um homem, assim não precisaria ter mais do que uma criança, mas nasceu Kim Ha-won, depois Kim Seok-jin. Kim Mo-yeon pensou que se limitaria a isso, mas seu marido não estava satisfeito com a ideia de ter um único filho, ele era o mais velho de dois irmãos e sempre quis ter mais já que o palácio Bunhong parecia assombrado dependendo de quão vazio ficava. Kim Chung-hee e o irmão herdaram o título do pai, pois eram os últimos descendentes da família que poderiam receber o título. Os outros parentes não tiveram filhos homens e então os dois irmãos tornaram-se conselheiros, sendo que Kim Chung-hee ficou com o palácio. Como sempre foi atormentado pelos fantasmas daquele lugar vazio, tratou de desejar muitos filhos, sem ter noção de que a esposa odiava aquela ideia. Mesmo assim tiveram cinco crianças e como teve de cuidar de todas elas, Kim Mo-yeon deixou de ser a amável mulher sonhadora de quando tinha quinze anos e conheceu um conselheiro por acaso no campo de maçãs, já em Koguryo. A mulher fez o que pôde pelos filhos, para criar conselheiros muito competentes, para tornar suas filhas damas exemplares, mas sentia ter falhado com Kim Kkoch-hee, que parecia tanto com Kim Chung-hee, mas não poderia dar-se a esse luxo, ela era uma mulher e ser parecida com o pai acabaria lhe destruindo de alguma forma. Mesmo com seu jeito autoritário, Kim Mo-yeon se preocupava e temia pela filha, a bela filha, e se soubesse o que a mãe tentava expressar, talvez compreendesse seus medos.
Kim Nam-joon levantou-se da mesa primeiro, desejou um bom dia aos pais e ao irmão mais velho que conheceria sua provável futura esposa. Ele tinha clientes em uma fazenda, era raro isso acontecer, mas agradeceu por estar longe do palácio justamente hoje. Kim Mo-yeon mandou Kim Hye-ji e Kim Ha-won para seus quartos, deviam vestir-se apresentavelmente hoje, afinal, se Yoon Seon-ok fosse aceita como noiva de Kim Seok-jin ela devia se tornar uma verdadeira dama Kim, honrando o nome da família.
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Asas de Vidro
FanficDepois que a Dinastia Joseon foi instaurada, quatro caminhos se cruzaram em longos devaneios. Vidas divididas e mascaradas por desejos imensos de poder. Romance, intriga e segredos frágeis se constroem ao longo de 1418, permeando a vida de jovens em...