Capítulo 04

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Ao adentrarem no carro, Crowley decide ligar novamente o rádio e cantarolar ao volante pra aliviar a tensão durante sua corrida matinal pelo centro londrino.

- pelo amor de Deus Crowley, vai mais devagar!
- acho que meu nome e o nome de Deus na mesma frase não combina muito não é? e também já estamos quase chegando, se segura!

O demônio acelera cada vez mais até chegar ao destino final.

- graças a Deus!
- de nada!
- pois bem...ah, obrigado pelo jantar adorável...

Aziraphale estava nervoso e não sabia se dava o passo ou não, mas ele tentaria:

- ah querido?
- sim?
- gostaria de entrar pra gente conversar mais um pouco?

O anjo diz sem jeito já que Crowley já estava quase dando partida para voltar pra casa desapontado.

- ah e porque não? quero terminar de me embebedar se você me permitir.
- minha casa é sua casa.

Crowley sai novamente do carro e adentra a grande livraria, seguido pelo anjo que se sentia inseguro pelo que acabara de fazer.
Enquanto o anjo buscava pelas suas reservas especiais, Crowley andava pela livraria olhando cada pedaço dela, a última vez que esteve ali ele tinha perdido "seu melhor amigo", lembrar desses momentos não era bom para seu coração.

Ao voltar de seu pequeno armário, Aziraphale pega Crowley meio tristonho mas decide não invadir seu espaço pessoal até ter total confiança e conforto para isso.

- aqui está querido! saúde
- saúde!

O anjo serve a ambos do bom e do melhor vinho possível, e começam a conversar de coisas totalmente aleatórias, e ele sabe, quando Crowley bebe demais ele também fala demais.

"Algumas horas depois..."

Ambos estavam bêbados e se divertindo durante todo quanto é tipo de conversa, seja desde pequenas formigas até sobre a inteligência das baleias, o ambiente estava leve, e novamente Aziraphale toma sua iniciativa anterior.

- querido tire esses seus óculos...

Crowley assim o fez, sem reclamar ou excitar.

- anjo, você acredita em rendição?
- eu devo acreditar, como você acabou de dizer, eu sou um anjo.
- sim eu sei disso, mas a rendição que digo é sobre amor...

"aprenderei a amar novamente
sendo guiado por uma luz de um anjo branco"

Ouve um silêncio entre ambas as partes até que:

- já faz 6 mil anos que nos conhecemos, eu duvido que você também não sinta algo por mim!

Crowley disse se saltando do lugar aonde estava e parando de frente pro anjo!

- eu posso até sentir mas isso é errado!?
- errado? é sério? depois de tudo o que a gente passou e vai passar você ainda acha que o que sentimos é errado?
- não foi isso o que eu quis dizer!
- então o que foi que você disse?
- eu não sei.
- mas eu sim, você pode até não se lembrar, mas eu lembro de cada detalhe meu anjo!

Aziraphale o olha mais confuso do que já estava, do que ele estava falando? Ele deixa seu copo sobre a mesa e se senta novamente.

- eu não sei do que você está falando Crowley!
- eu sei que você não sabe e nem adianta eu dizer, você não vai acreditar.
- eu posso tentar!
- NÃO!

Crowley por impulso segura pelo colarinho do anjo, o prensando sobre a estante dos livros com lágrimas nos olhos de raiva.

- posso até ser um demônio mas eu tenho cicatrizes incuráveis e só você trouxe um pouco de paz na minha vida!

O anjo engole seco com o que escutava.

- se eu caí um dia foi por sua causa, e por sua causa eu vou me reerguer!

Aziraphale sem entender decide calar a boca dele com um beijo profundo e o abraça entre lágrimas.

- eu não sei o que foi o que eu te fiz, mas quero te ajudar, amar não é pecado. amar é viver a cada dia melhor!
- se você me ajudar é ai que você vai cair e eu não quero isso pra você... eu preciso ir embora.
- e vai me deixar aqui sem entender nada?
- você não tem que entender, se isso acontecer eu vou te perder mais uma vez!
- me perder?
- adeus meu anjo.

Crowley sai às pressas da livraria dando partida em seu precioso bentley, escondendo suas lágrimas sem podendo revelar a verdade e sem ouvir as últimas palavras de Aziraphale:

- eu não me importo de cair, eu me importo com você querido.

Os Mistérios do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora