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𝐌eus sentidos não funcionam.

Eu não sinto, não vejo, não respiro. Apenas escuto uma voz. Aquela voz, da menina que cantava em meu último sonho... Dessa vez ela não está cantando, não está calma. Eu consigo ouví-la se aproximando lentamente. Por que está chorando?

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"Eu posso te ajudar!", pensei. "O que está acontecendo?"

── Eu s-sinto muit-to...

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Choraminga entre os soluços. Parece estar se despedindo. Peço para que fique, pergunto o que está acontecendo, digo que tudo ficará bem, que eu a ajudaria mas... Ela não responde, apenas chora sem parar. Eu sei que ela sabe que estou mentindo. A aflição em meu peito aumenta ainda mais quando tudo se torna silencioso, quando o choro tão doloroso para repentinamente. Onde ela está?

Não sinto, não vejo, não respiro, não ouço.

Vazio.

Tal sonho, assim como o anterior me trás uma sensação angustiante de incapacidade e inércia. Por que não sou capaz de fazer qualquer coisa? Ela morreu, não morreu? Eu poderia salvá-la... Eu não sei o que pensar, no que acreditar. Tal inércia é tamanha que cochilo em meu próprio sonho, por poucos minutos.

Um incômodo me tira o sono, um vento forte e quente me faz abrir os olhos. Encontro-me em outro lugar. O alto de um penhasco, um ambiente de atmosfera tensa e misteriosa, céu acinzentado, neblina densa, que me impede de reconhecer o local. O ar já não é quente, mas mantém-se rarefeito. No fim do penhasco, uma floresta gigante, com um rio que a corta no meio, aparentando ser pequeno devido à distância. Meu corpo torna-se pesado, por um motivo desconhecido e o desequilíbrio me faz imaginar o que aconteceria em seguida. Aconteceria, se alguém - ou algo - não tivesse me puxado.

Prestes a cair, uma mão puxa minha camisa e me joga pra trás, afastando-me da beirada e me jogando no chão. Eu rapidamente olho para trás, para descobrir quem teria feito aquilo, mas nada. Não havia ninguém.

Ao me levantar, bato em minhas roupas, para tirar o excesso de poeira e observo em volta. Eu estou sozinho, a única pessoa que eu sei que estava comigo era aquela menina. Mas, por que ela estava chorando? Finalmente noto algo que me chama a atenção. Uma trilha não muito distante de mim se dirige à um lugar que a neblina esconde da minha visão. Aproximo-me desta até perceber a peculiaridade do pequeno caminho ali aberto.

Sangue.

O rastro de sangue aumenta a cada passo que dou, trazendo-me a sensação de que eu estou voltando para a guerra do primeiro pesadelo. O odor escarlate me trás repulsa, mas nada se compara ao que meus olhos captam lá na frente.

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── Kat-tashi? ── Chamo, com a voz falha e incrédula. ── Sensei?

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Um a um eram revelados pela neblina. Não somente eles, mas todos... Todos os que eu conhecia... Mortos.

Assassinados à sangue frio.


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O Último Uchiha - A lenda dos olhos infernais Onde histórias criam vida. Descubra agora