2 • A Primeira Missão

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"Não importa o que aconteça, eu nunca vou abandoná-los".

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𝐒empre enfrentei dificuldades relacionadas aos meus sentimentos, eu não conseguia controlá-los muito bem. A intensidade das minhas emoções, muitas vezes não me permitia pensar, não havia limites, era tudo ou nada.

E eu estava incontrolavelmente furioso.

Depois de horas de espera, caminhava sem rumo pela aldeia, me perguntando o porquê, o motivo de não ter recebido o maior símbolo da vida de um ninja. Como forma de liberar a raiva, decidi ir à uma praça de treinamento próxima, no caminho para casa. Seria ali que eu esfriaria minha cabeça, esmurrando quaisquer bonecos de treino que aparecessem na minha frente. Andei o mais rápido que eu pude para que aproveitar cada segundo do meu tempo. Tentei até esquecer o que havia acontecido mais cedo, porém todo o esforço era vão.

Ao chegar ao meu destino, observei-o por poucos segundos. Os objetos de treino brilhavam diante da luz da lua e das luminárias espalhadas pela praça. A grama havia sido cortada recentemente e os bancos pintados. Eu até pensei em verificar se a tinta ainda estava fresca, mas logo após o pensamento, não demorei dez segundos antes de avançar contra um dos bonecos. Chutes, socos, tudo o que tinha direito. Coisas ruins acontecem, mas a dor que senti no peito era forte demais, foram poucas as vezes que eu fiquei tão fragilizado daquela maneira após o episódio. Meus olhos enchiam-se de lágrimas, não me permitindo ter uma visão nítida sobre o que estava à minha volta. Tentei engolir o choro, mas tudo que consegui após o último soco foi virar-me e encostar o dorso no títere inerte, arrastando-o por seu corpo, até me encolher no chão.

Abracei minhas pernas e escondi o rosto, soluçando, pela vergonha de não ter conseguido alcançar meu objetivo. Depois de tanto esforço... Tanto treino, tantos olhares atravessados, olhares esses que não acreditavam em mim, que me julgavam ser um fracassado. Eu sempre tive a postura de alguém que tinha certeza o suficiente, capacidade o suficiente, força o suficiente. Sempre os ignorei e trabalhei duro para conseguir alcançar meu objetivo. Agora entendo o que de fato aconteceu, mas naquele momento tudo que eu queria era desaparecer. Para mim, os olhares estavam certos.

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Todo aquele drama infanto juvenil teve que pausar por um instante. Comecei a ouvir sons distantes de luta, havia mais alguém ali. Respirei fundo, limpei as lágrimas e levantei, passando a mão no rosto, para disfarçar a cara inchada. Andei devagar, em direção aos ruídos que ficavam cada vez mais fortes, vindos de uma parte menos iluminada da praça. Aproximando-me mais, notei uma silhueta masculina, de baixa estatura, que desaparece em poucos segundos, deixando-me ainda mais desconfiado.

Era difícil manter a calma no estado em que eu estava, no entanto tentei ser o mais cauteloso possível. A indisposição dificultava as coisas...

Ao ouvir passos atrás de mim, peguei três shurikens e me preparei para um possível ataque. O silêncio e o frio acentuavam o nervosismo e desestabilizavam ainda mais os meus sentidos, que não estavam nem perto do auge de suas capacidades máximas, mas eu me esforçava para sentir o mais leve movimento vindo de qualquer lugar que fosse. Uma irritação esquisita nos olhos me desconcentra por tempo suficiente para que quem estivesse escondido lançasse kunai na minha direção. Desviei com facilidade até demais, porém não consegui a origem exata do ataque.

Permaneci estático, esperando o próximo ataque. Outra kunai é lançada, mas dessa vez não fui pego de surpresa e, ao conseguir rastrear o inimigo lancei duas shurikens, após desviar da kunai. O vulto mudou de posição e durante o deslocamento, lançou três kunais de uma só vez. Me defender dessa vez foi mais difícil, uma das armas feriu meu braço esquerdo, mas consegui desviar de uma e me defender da outra, arremessando a última shuriken em minha mão.

O Último Uchiha - A lenda dos olhos infernais Onde histórias criam vida. Descubra agora