Seu queridinho

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O caminho fora feito em silêncio por parte do rapaz de cabelos negros revoltos, o barulho de crianças e adultos passando aos berros não lhe afetavam, perdido em pensamentos com as mãos enfiadas nos bolsos da blusa de moletom azul, Noah chuta algumas pedrinhas que estavam em seu caminho e ergue a cabeça verificando se está perto do parque que é caminho para ir até o apartamento que divide com seu irmão preguiçoso; para sua surpresa o parque já havia ficado para trás e o prédio de cor pálida está a sua frente.

Sem ânimo ele acena para o porteiro que abre o portão para que o mesmo passe, em silêncio Noah caminha em direção ao elevador porém desiste após ver um grupo de crianças barulhentas esperando o elevador, sem emitir ruído ele empurra a porta que indica as escadas e encara os degraus cobertos por um tapete emborrachado opaco, seu olhar sobe para os próximos dez lances de escada e ele resmunga subindo os primeiros degraus.

                       ★★★

Deitado no sofá macio e apoiado confortavelmente em algumas almofadas cor de oliva, Bailey assiste a um filme estranho para o trabalho da faculdade, porém sua atenção é completamente desviada para o barulho das chaves girando na fechadura e a porta é aberta, murmurando reclamações ofegantes Noah tira seus tênis e a blusa que o sufoca, as sobrancelhas negras juntas apenas deixam claro para o rapaz sentado no sofá, que alguma coisa não está certa.

- O que aconteceu? 

- Tudo aconteceu. - Noah responde seco - Joshua aconteceu.

- Isso foi culpa dos nossos pais.

- Eu não estou com graça, Bailey. 

- Certo - O rapaz pausou o filme na televisão e da dois tapinhas no espaço vazio ao seu lado - Senta aqui e conta pro seu irmão legal o que aconteceu.

Bailey esconde um sorriso ao ver que a reação de Noah ainda o lembra quando eram crianças, de braços cruzados e expressão emburrada o moreno caminha até o sofá e se joga alí, encarando suas meias escuras.

- E então?

- Eu discuti com o Josh- Noah diz rapidamente.

- Por quê? Não é você que sempre o protege por ser o irmão mais protetor em relação a nós e blá blá blá?

Noah encara Bailey por longos segundos e em seguida revira os olhos.

- Josh está um pé no saco, tem razão da Heyoon tê-lo deixado e a Any ter vazado.

- Hey Hey - Bailey ri - Por que todo esse mau humor?

- Aquele filho da... mãe - Noah morde o lábio impedindo de proferir algum palavrão - Explodiu o celular dele na parede porque a Any desligou a ligação.

Bailey assovia admirado e se encosta nas almofadas sem deixar de observar o mais novo.

- Você está me escondendo alguma coisa?

- Eu briguei com ele e ameacei chamar o tio - Noah desvia o olhar - E o Josh disse que eu sou o único menor de idade e que se o tio quiser ele pode me levar.

A expressão tranquila do rapaz se torna espantada com a confissão do irmão.

- Aquele filho da puta disse isso?!
Bailey exclama furioso e a expressão magoada de Noah apenas deixa tudo pior.

- O tio não vai te levar porque você está sob meus cuidados, mas ele vai por o Joshua na linha.

- Você vai fazer o quê? - Bailey ergue o olhar ao notar que o outro levanta do sofá tempestuosamente - Irmão!

- Eu vou ligar para o nosso tio - Bailey pega seu celular de cima da mesa na cozinha.

- Tem certeza disso?

- Ah se tenho.

Bailey responde e procura na sua lista de contatos o número tão conhecido de seu tio.

                        ★

O toque insistente do celular irrita o senhor de meia idade que lia um documento importante, resmungando palavrões ele deixa de olhar a folha de papel e observa a tela do celular com a imagem de seu sobrinho piscando, com o cenho franzido ele atende a ligação e põe no viva-voz.

- Diga. - Seu tom sério não incomoda o rapaz.

- Preciso da sua ajuda.

- Você não é mais criança Bailey, sabe se virar sozinho.

- Não sou eu que precisa de ajuda. - Ele reclama - É o seu queridinho.

As sobrancelhas loiras do senhor arqueiam-se e ele olha interessado para o celular.

- O que aconteceu com o Joshua?!

- Aquele louco tá fora de si, até ameaçou o Noah.

- Uhm...

- Você sabe que ele entra na linha quando você dá bronca nele.

- Certo - O homem suspira - Chego aí à noite.

- Obrigado, tio.

A ligação é encerrada e ele suspira largando a caneta sobre a mesa ao mesmo tempo que uma mulher magra de cabelos coloridos em rosa chiclete entra no escritório.

- Remarque todas minhas reuniões, Hina, eu irei sair.

- Claro senhor Allan, mais alguma coisa?

- Não - Ele sorri assim que a mulher sorri - Nós nos veremos logo Joshua.

uma noite Onde histórias criam vida. Descubra agora