Capítulo 02-

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oi, Como tá aí ? Deve está tudo lindo e perfeito né ? Aqui está difícil de viver!
Tá tudo complicado, tudo difícil, todos perdidos. Enfim, um inferno! Sei que não sou a melhor pessoa para se conviver, mas eu tento ser o melhor de mim. Já peço desculpas por esse "meu melhor" ser tão pouco e por não ser o melhor que todos esperavam e talvez até mesmo o melhor que você queria que eu tivesse. Também sei que é impossível agradar a todos! Mas agradar a ninguém é difícil e muito ruim!! Sabe quando você dá o seu melhor sempre, em todo o momento e mesmo assim ninguém se importa ou se agrada ?
Estava tudo tão melhor quando você estava perto de mim... minha vida mudou por completo!! Não sinto mais aquela alegria que só você me trazia, por mais que eu tente tem horas que não vejo mais motivos para continuar.. Às vezes eu até tento sabe, até acordo um pouco disposta, mas ouço palavras, pessoas, que fazem com que aqueles breves segundos tenham capacidade de definir o meu humor e sentimento pras longas horas restantes do meu dia. Às vezes eu sinto como se eu não tivesse opiniões próprias, como se eu fosse ninguém, como se eu existisse apenas para fazer as vontades de pessoas ao meu redor e se o que eu sinto não importasse. É como se a pessoa que sou, não tivesse valor algum. Mas quer saber? Não me importo! Se eles não se importam, eu menos ainda!! Estou cansada desse mundo tão tóxico! Só isso que queria dizer..

Uma lágrima cai dos meus olhos que estavam profundos, resultado de noites não dormidas, molhando a folha na qual estava escrevendo a carta.  Sentada numa bancada debaixo da grande janela que há no meu quarto, dobro a folha que está posta em minhas mãos, observando a linda paisagem que se formara lá fora, no céu. Suspiro após ter a sensação que com certeza seria a melhor de todo o resto do meu dia. Uma leve sensação de paz. Sim, era o sol nascendo! Me perdi com toda aquela beleza que estava em minha frente, me peguei com um sorriso de criança quando vê seus pais chegando com um presente em suas mãos, mas o mesmo logo se desfez quando pude ouvir o despertador a tocar. Solto um suspiro e inclino minha cabeça para cima.

— mais um dia pai ! — levanto me, tirando a coberta que estava me protegendo do pouco frio que fazia naquele início de manhãzinha, ainda com a carta em minhas mãos, digo ao revirar os olhos.

Vou em direção ao gaveteiro que fica na estante de livros, e puxo a primeira gaveta, com a intenção de abri-la. Porém, falho na tentativa. Tem outras embaixo ? Sim! Mas não queria pôr em outras. Queria na primeira, porque é nela que guardo as coisas mais importantes.
Já que não consegui abrir a gaveta desejada, coloco com cuidado a carta no pequeno bolso da frente que há em minha mochila. E sem mais enrolações, visto o uniforme da escola, e jogo por cima, um moletom preto de lei. Coloco a meia e o tênis também. Só prendo o cabelo sem me importar muito com a forma que o tal amarrado que estava prestes a fazer teria. Pego a mochila, desço as escadas rapidamente e até me surpreendo por olhar ao redor e não ver a Clarisse, a empregada,  agitando as coisas pro café da manhã.
Jogo minha mochila no sofá da sala e vou até a cozinha. Sento-me à mesa, onde estavam também os meus pais, já comendo.

— cadê a Clarisse? — pergunto, passando a geleia sobre uma pequena torrada.

— ainda não chegou — mamãe me responde seca.

— é difícil ela se atrasar — afirmo tentando entender o porquê do seu atraso. — e quem colocou o café à mesa?—

— eu e seu pai né. Não fizemos bolo nem nada disso! Pegamos só as coisas prontas e colocamos na mesa. E pro café da tarde, falo para Clarisse preparar um bolo e uns pães  de aveia.

— é, pode ser. Agora tenho que ir ! — digo levantando-me da cadeira, dando um último gole num copo de suco de frutas vermelhas que provavelmente Clarisse havia feito ontem e deixado na geladeira. Porque eu duvido que meus pais tenham preparado um suco tão delicioso. Afinal, eu conheço o da Clarisse! Ainda mais por ser o meu sabor preferido.
Passo pela sala, pego minha mochila e vou para a parte exterior de minha casa.

— Bom dia senhorita Melina — Diz Carlos, abrindo o portão.

— Bom dia Carlinhos. Sem o senhorita por favor!
— ah! E não precisa se preocupar em me levar hoje, vou andando!

—Mas senhori...
— Desculpe! Melina !

— vai dar uma volta e marca o tempo, depois você volta! Só não deixa minha mãe saber que fui andando hein — digo dando uma piscadinha para ele, já saindo rapidamente nem dando tempo do mesmo responder algo.

Carlos é o motorista dos meus pais. Eles dizem que é o meu também, mas eu tenho duas pernas e não preciso de motorista para ir me levar na escola.Não ligo muito pra isso.

Com o celular na mão e fone nos ouvidos, vou andando até a escola. Assim que chego, entro e como todo início de ano naquela escola, está uma baderna insuportável no corredor. Aquele turno da manhã só tinha turma a partir do 9º ano. O resto, era na parte da tarde. Ainda bem! Se com os mais velhos que deveriam ser os mais civilizados já estava uma bagunça, imagine com as criancinhas.
Aumento o volume do louvor que escutava pelo fone, e continuo andando em direção à escada que tem no final da escola! Era ali, o meu lugar de paz. Quando de repente alguém esbarra em mim e por motivo nenhum diz em alta voz :
— OLHA PRA AONDE ANDA GAROTA ! — diz uma menina alta, de cabelos claros que eu claramente não conhecia. Ela estava cheia de joias, com o uniforme customizado e com um gloss típico de patricinha. Estava claro que queria mostrar suas ótimas condições. Apesar de nem precisar, porque a escola é uma das melhores da cidade, particular, bem carinha também! Se bem que, todos aqui acham que eu estudo aqui porque tenho bolsa, mas enfim né! Essa garota nova com certeza vai se juntar com a Ashley. A famosinha da cidade e escola que um dia já foi minha melhor amiga. Retornando a menina nova ... digo nada, apenas continuo a andar até o lugar que queria chegar .

Curando as dores da minh'alma! Vol 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora