Capítulo 03-

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O sinal toca e todos devem ir até o pátio pois lá, terá a anunciação das turmas e salas. Todos vão e eu infelizmente tive de ir também.

— [...] e os alunos que vão começar o 2º Ano EM com a inicial A, B, C e D, fazem parte do 2ºanoA na sala 2001 por favor, estes podem indo direto para a sala, que em breve seu professor irá aparecer. — o diretor proclama! Após ele fazer o pedido para que os alunos já mencionados fossem para suas salas, houve uma baderna, é claro, mas logo depois, ele continuou dizendo:
— Da mesma forma, os que têm como inicial E, F, G, H, I e J, estão no 2ºB, sala 2002. Podem ir.  Os das inicias K, L, M e N, 2ºanoC, sala 2003.

Após o diretor dizer estas palavras, todos que estavam nessas turmas, se direcionaram a umas das salas sugeridas. E eu, juntamente. Então a partir dali, não ouvi quais foram as últimas palavras do Sr Ronny.
Eles sempre mudam a forma de selecionar as turmas todo ano. Deve ser pra separar os amiguinhos. Ano passado eles escolheram por data de nascimento. Bizarro né !? No retrasado me disseram que foi por tamanho. Os menores iam para as primeiras, e os maiores para as últimas turmas. Ainda bem que não faço parte desse clube dos cheios de amigos, porque essa hora os indivíduos devem tá se derramando em lágrimas de desespero.
Escolho uma carteira um pouco mais pra frente do que para trás. Achei um lugar perfeito! Na janela! Na terceira carteira, do lado esquerdo.
— Será aqui o meu lugar agora. — Pelo menos por hoje.

Ficamos um bom tempo sozinhos, até o nosso primeiro professor entrar na sala.

— olá turma, meu nome é Silas e eu estou comprometido a ser o seu professor de física pelo resto desse ano. Vou pedir que cada um se apresente por ordem de fileiras; começando da direta para esquerda. Dizendo seu nome, sua idade e se estudou aqui ano passado ou não. Se não, digam em que lugar estudaram.

A apresentação demorou um pouco, eu fui bem direta. Disse que me chamo Melina, que tenho 16 anos e que sim, estudava aqui no ano que passou. Não demora muito, e o sinal do horário do intervalo toca. Eu pego meu celular, fones de ouvido e minha carteira que estavam no bolso da frente; e sem querer, a carta cai. Eu a pego rapidamente do chão e guardo novamente.

Olho em volta para ter a certeza de que ninguém viu aquilo. E vejo apenas uma menina conhecida disfarçando. Acho que não viu, mas não tenho certeza.  

Deixando isso de lado, pego minha garrafa de água também, e vou para a cantina. Compro um pão de queijo pois não estava com muita fome, não compro algo para beber. Sento-me na escada, e para a minha sorte, estava vazia.
Depois que termino de lanchar, vou para o bebedouro encher a minha garrafa, quando o sinal toca novamente. Eu não vou para a sala de imediato, ainda fico ali enchendo a garrafa. Nossa, passou tão rápido! Penso ! Mas lembro-me que passei a maior parte do tempo na cantina, porque estava com uma fila enorme.
O pessoal da coordenação começou a fiscalizar o pátio. E me perguntou o que estava fazendo ainda fora da sala. Mandara eu entrar o mais rápido possível, pois o uma professora logo ia começar a aula e queria que todos os alunos já estivessem lá. Termino de encher a garrafa e com passos pequenos me direciono à sala de aula.
Quando chego perto da porta, estranhei o fato de estar um silêncio !? Somente uma voz feminina falava! Parecia está lendo algo. Talvez a professora já tenha entrado e esteja passando a lição.
Quando entro, vejo a tal menina que havia disfarçado minutos atrás e que eu tinha desconfiado, de pé em uma cadeira no início da sala, de frente para toda a turma lendo algo; engulo seco ao reconhecer aquela folha ... aquelas palavras ... Nicole Azevedo, filha de Nabucodonosor! Eu oro por você!

—Estou cansada desse mundo tão tóxico! Só isso que queria dizer.. — Nicole diz com um ar de ironia fechando a folha e olhando para mim com aquele olhar de quem quer acabar com a sua vida mas não quer deixar muito aparente. E eu, que estava paralisada à porta não consegui falar ou me mexer. Atitude que fez com que todos me cercassem com olhares; alguns piedosos, outros de julgo.

— que peninha Mel ... sinto muito por você! Mas que coisa brega hein! Se comunica agora por cartas ? Quem é o namoradinho que mora longe hein?? Hhahaha— Nicole diz dando um pulo da cadeira, descendo, vindo em minha direção mascando um chiclete e todos dão risada.

Ela me devolve a carta, e senta em seu lugar. Eu rapidamente pego minhas coisas e saio da sala de cabeça baixa, tomada pela raiva.

Peço o porteiro para abrir o portão para que eu pudesse sair, e o mesmo pergunta o que tinha me acontecido ao observar que lágrimas rolavam no meu rosto. Eu dei de ombros e saí sem dizer uma só palavra.
Caminho triste pelas ruas e com muita raiva também. Queria entender o motivo das pessoas terem tanto ódio de mim. Eu soluçava entre o choro incontrolável o qual eu não podia conter.
Paro no meio da rua, colocando minhas mãos sobre os joelhos levantando minha cabeça em direção ao céu e grito:
— CADÊ VOCÊ DEUS ? AONDE VOCÊ SE ENCONTRA NESSAS HORAS ?? NOS MOMENTOS EM QUE EU MAIS PRECISEI, AONDE O SENHOR ESTEVE ??? — não consigo dizer mais uma só palavra, abaixo minha cabeça novamente quando sinto uma brisa suave e vejo o tempo que estava tão lindo com o sol radiante, se fechar. Nuvens se formam no céu, escondendo a luz do Sol. Mas este cenário não durou por muito tempo. Minutos depois, o sol radiante volta pro seu devido lugar, nos iluminando.
Pego meu celular, ligo para o Carlos e peço para que ele me busque na praça central da cidade, que não estava longe dali.

O Carlos chega e eu ainda com a cabeça baixa, entro na parte de trás do carro, e percebo o olhar de Carlos sobre mim.
— Está tudo bem ?

— sim Carlos, pode seguir. — digo me esforçando para que a voz não saísse trêmula por conta do choro. E acho que deu certo.

Curando as dores da minh'alma! Vol 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora