Antes que Carlos pudesse abrir a porta para mim, eu desço do carro rapidamente e entro para casa.
Seu José, o jardineiro, me cumprimentou como sempre com um bom dia e um enorme sorriso no rosto. Não vi a sua face, mas pela sua voz, quando passei a sua frente, pude perceber o belo sorriso que formou em seu rosto, e sabia que logo se desfaria se não o cumprimentasse de volta. Eu estava com muita raiva, mas a educação ainda habitava em mim!— bom diaa seu José .. — dou um passo para trás, olho em seus olhos e o respondo com a voz um pouco falha.
— minha menina, o que foi ?
— não é nada!! Bom serviço pro senhor. — o respondo e vou andando para a parte interior da minha casa. Meus pais já tinham saído para o trabalho, então só estavam ali eu e os funcionários. Subo imediatamente ao meu quarto, com leveza nos pés, silenciosamente, antes que alguém pudesse me vê. Ou melhor, antes da Clarisse perceber minha presença ali.
Jogo minha mochila em qualquer canto do quarto e sento na bancada da janela.
Novamente estava eu ali, chorando, observando o céu, a rua...
Apesar de não gostar de ter tudo aos meus pés quando eu bem entender sem precisar medir esforços, eu não podia reclamar do meu quarto, da minha casa... Nem tão pouco, daquele cantinho onde meus pensamentos iam longe. Onde eu sempre depositei meus choros, sorrisos... apesar de antes acompanhada e agora sozinha, sempre fora assim!Estava com pensamentos em minha infância, de como era tudo mais fácil naquela época. Mas alguém os interrompe, batendo à porta.
— posso entrar? — pergunta Clarisse com uma caneca em suas mãos, dando passos devagar até mim.— já entrou né ...
— o seu José me disse que estava triste. Quer conversar ?
— não! — digo sem tirar os olhos da paisagem que estava adorando observar.
Após minha fala que provavelmente Clarisse não esperava, tudo ficou em silêncio. Só se ouviam as árvores balançando do lado de fora!
E poucos segundos depois, a porta do meu quarto se fechando.
Temo em me virar naquele instante, então alguns segundos depois quando tive a certeza de que já estava sozinha no meu quarto novamente, olho para trás e vejo sobre o criado mudo do lado de minha cama, a caneca que Clarisse segurava em suas mãos quando entrou no quarto. Me levanto, e vou até lá.Como imaginei ! Clarisse trouxe chocolate quente para mim, pois sabia que sempre me deixava mais feliz. Solto um sorriso inesperado ao dar o primeiro gole na bebida, e vem a minha memória, cenas de quando eu era mais nova de quando eu me machucava. A mamãe pedia pra Clarisse preparar algo que eu gostasse e ela sempre vinha com um copo de chocolate quente. Eu depositava minha cabeça nos ombros de mamãe e a mesma, acariciava os meus cabelos e ali, tudo se resolvia. O sorriso se renovava, a energia voltava, a ferida sarava e eu retornava a brincar.
Quem me dera tudo pudesse ser resolvido com um pouco de chocolate quente..
— quem me dera mesmo!Pego a caneca e vou para a bancada. No meu celular chega uma nova notificação.
Era o YouTube me recomendando a música "Aonde está Deus?" De Eli Soares. Sorrio com a coincidência do título do louvor. Abro no aplicativo então, e deixo tocar! Assim, tomo meu chocolate, ouço aquele louvor, lágrimas rolam e pensamentos vêm.Depois que termino o chocolate, tomo um banho e nele fico pensando que é típico o primeiro dia de aula acontecer algo inesperado. Mas era pra tanto ?
Saio do banho, coloco uma roupa confortável e me deito.
Abro no meu aplicativo Bíblia que tem no meu celular, e vejo qual é o versículo recomendado de hoje.Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.
Isaías 41:10Depois de ficar analisando esse versículo, me vem à memória tudo o que aconteceu nesta manhã. Não me sinto bem com aquilo então decido orar e tirar um cochilo.
Durmo um pouco e quando acordo, estava na hora do almoço.
Desço, coloco a caneca na pia da cozinha, depois vou até a sala de jantar, me sento e olho para a mesa gigantesca vazia e somente eu para comer. Meu dia já não foi tão bom, mesa vazia significa pra mim, solidão.— Clarisseee!!! — chamo, e a mesma aparece rapidamente ao meu lado.
— já vou colocar o almoço aqui.
— não, não é isso!
— o que é então Melina ?
— coloque mais três pratos que o normal na mesa por favor.
— vamos ter visita ??
— não não .. Só faz o que eu pedi que daqui a pouco você vai saber.
Clarisse sai de cena e vai até a cozinha acredito que pegar as comidas para pôr na mesa e atender o meu pedido.
Eu me levanto da mesa e vou até a parte externa da casa.— Senhor José, eu estou tão sozinha hoje .. cheguei mais cedo e meus pais nem chegaram ainda. Vou ter que comer sozinha naquela mesa gigantesca..
— eu já vou tirar o meu horário de almoço, mas posso ficar um pouco mais.
— aaaa, obrigada — digo animada dando um abraço em seu José, que riu da cena.
Ele entra e eu prossigo até a entrada do portão externo.
— Carlinhos ?
— oi senhorita
— você tem algum compromisso importante para agora no seu horário de almoço ?
— não senhorita, por quê?
— hoje você não vai almoçar em casa. Pode avisar sua família tá ? Te encontro lá dentro.
Volto para dentro de casa, e estava lá , Seu José na sala de estar e Clarisse em pé ao lado da mesa da sala de jantar com a comida posta sobre a mesa. Eu chamo o senhor José para ir até onde eu e Clarisse estávamos. Ele foi, e dentro de instantes, o Carlos apareceu lá também.
— Clarisse e seu José, tirem seus aventais por favor!! E todos vocês três, lavem as mãos e podem se sentarem comigo à mesa. Ah! E nem adianta tentarem questionar. Já está decidido — digo começando a me servir.
Eles lavam suas mãos e se sentam à mesa também; começam a comer e batemos um papo, e pela primeira vez depois de muito tempo, me diverti de verdade sem forçar para que isso acontecesse. Tinha me esquecido do quão boa era essa sensação...
— Se dona Elisa chegar mais cedo e nos pegar com a senhorita, ela não vai brigar ?
— Carlinhos fique tranquilo! Se isso acontecer, o que bem improvável, eu dou um jeitinho !
— tá bom então
— mas e você seu José, tá gostando da comida ?
— sim! A Clarisse cozinha muito bem. Esse temperinho me lembra a minha falecida esposa. Obrigado pelo convite — seu José responde contente
— que bom que o senhor gostou! Muito obrigada — diz Clarisse com um belo sorriso
— eu que agradeço o senhor por ter aceitado — respondo ao seu José
Quando todos nós terminamos de comer, a Clarisse se levanta :
— com licença, vou buscar a sobremesa.Quando terminamos a sobremesa também, a Clarisse, Seu José e Carlos, foram fazer suas tarefas. E eu, retornei ao meu quarto. Decido mudar as coisas de lugar, já não tinha outra coisa para fazer. Coloco uma playlist na caixa de som e começo a faxina.
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Curando as dores da minh'alma! Vol 1
Spiritual"Curando as dores da minh'alma volume 1" é o primeiro livro de uma pasta chamada CURA INTETIOR . Onde retrata sobre fatos e acontecimentos que todo mundo passa, momentos duvidosos, infelizes que nos desanimam e criam em nós uma ferida enorme e muit...